Papa Francisco chega amanhã ao Brasil num momento em que o catolicismo luta para reagir ao declínio acentuado. Pesquisa também mostra que evangélicos são mais engajados e conservadores.

Quando o papa Francisco chegar amanhã ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, desembarcará em um país ainda majoritariamente católico –57% da população, segundo o Datafolha–, mas onde a presença do catolicismo diminuiu de forma acentuada com o avanço dos evangélicos nas últimas décadas. Francisco encontrará fiéis que pouco vão às missas, contribuem financeiramente com a igreja em proporção menor que os evangélicos e são bem mais tolerantes em relação a temas como o casamento gay e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, alvos da condenação do Vaticano. O papa chega ao país num momento histórico particular, marcado pela onda de protestos que começou a sacudir o país em junho e na semana passada voltou a assustar as autoridades envolvidas com a segurança do papa e os preparativos da Jornada. Os organizadores esperam receber mais de 5 milhões de fiéis do mundo inteiro. Se as expectativas dos líderes da Igreja Católica no país se confirmarem, a primeira viagem internacional de Francisco e os eventos da Jornada se transformarão em símbolos da nova direção que o papa quer imprimir à igreja para reagir à perda de fiéis.

Uma pesquisa do Datafolha realizada nos dias 6 e 7 de junho aponta que 57% dos brasileiros com mais de 16 anos se declaram católicos, patamar mais baixo da história do país. Em 2007, segundo o mesmo instituto, eram 64%, e em 1994, 75%. O levantamento foi publicado pelo jornal Folha de São Paulo neste domingo (21). Nesta segunda, o papa Francisco chega ao País para a Jornada Mundial da Juventude.

Os evangélicos pentecostais formam o segundo maior grupo religioso no País com 19%. Em seguida vêm os evangélicos não pentecostais, com 9%. São espíritas 3% dos entrevistados.

Os fiéis dos dois grupos evangélicos são mais engajados que os católicos. Entre os pentecostais, 63% diz que vai a cultos mais de uma vez por semana, 51% dos não pentecostais faz o mesmo, enquanto entre os católicos esse índice é de 17%. Vão à igreja uma vez por semana 28% dos católicos e 21% vão uma vez por mês.

Sobre contribuição financeira, responderam que fazem isso sempre 34% dos católicos, contra cerca de 50% dos evangélicos. Quase um terço dos católicos diz não dar dinheiro algum para a Igreja, contra pouco mais de 10% dos evangélicos.

[b]Costumes[/b]

Os católicos são mais liberais em matéria de costumes que os evangélicos. Por exemplo, são contra a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo 36% dos fiéis da Igreja Católica e 42% são contra a adoção de crianças por casais homossexuais (42%). Entre os evangélicos esses índices são de 65% e 70%.

Em relação ao aborto, os índices são mais parecidos. São contra lei que criminaliza o aborto 22% dos católicos, 16% dos pentecostais e 23% dos não pentecostais. Somente os espíritas são mais liberais nessa questão: 42% disseram ser contrários a criminalização da prática.

Os católicos, por sua vez, são pouco inclinados a seguir orientação política da igreja. Só 5% votaram em candidato recomendado pela instituição, enquanto 18% dos pentecostais fizeram isso e 14% dos não pentecostais.

A pesquisa entrevistou 3.758 pessoas em 180 municípios do país. A margem de erro dos resultados é de dois pontos percentuais.

[b]Fonte: Folha de São Paulo e Último segundo[/b]

Comentários