Ativistas queriam prender o papa Bento 16 por crimes contra a humanidade, mas desistiram por causa da sua imunidade de chefe de Estado do Vaticano

Os ativistas que pretendiam “prender” o papa Bento 16 quando ele desembarcasse no Reino Unido –onde estará entre os dias 16 e 19 deste mês– voltaram atrás em sua intenção depois de conversar com o arcebispo de Southwark, Peter Smith.

Aconselhados por seus advogados, os manifestantes admitiram que não farão nenhuma tentativa de deter o pontífice por crimes contra a humanidade, como havia sido anunciado nas últimas semanas — já que ele possui a imunidade de chefe de Estado do Vaticano.

“O papa é imune na jurisdição da magistratura britânica. Não funcionaria”, explicou Peter Tatchell, defensor dos direitos humanos que no passado procurou fazer iniciativas análogas contra o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, e o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger. “Não é por falta de boa vontade”, completou Tatchell.

As pessoas contrárias à visita de Bento 16 acusam-no de ter responsabilidade sobre o encobrimento dos casos de pedofilia envolvendo o clero católico, cujas denúncias foram intensificadas a partir do ano passado. Entre os países onde houve episódios registrados está o Reino Unido.

Também geram protestos de parte da população britânica as posturas do pontífice contra leis que dão igualdade de direitos aos homossexuais e o fato de que parte dos custos da estadia do líder máximo da Igreja serão bancados com dinheiro público.

O encontro entre os ativistas e o arcebispo Peter Smith, requisitado pelo religioso, durou uma hora e, de acordo com ambas as partes, foi calmo e amigável.

O presidente da National Secular Society (NSS – Sociedade Secular Nacional, em tradução livre), Terry Sanderson, entregou ao prelado uma cópia de um novo livro do jurista Geoffrey Robertson, uma análise legal sobre os motivos pelos quais Bento 16 deveria ser processado por não ter punido adequadamente os padres pedófilos.

Segundo confirmação do “The Wall Street Journal”, o papa encontrará durante a visita da próxima semana uma dezena de vítimas de abusos sexuais — o evento foi relatado à publicação por um grupo católico que contribuiu com a organização da reunião.

O colóquio será estritamente privado, afirmou Bill Kilgallon, presidente da National Catholic Safeguarding Commission (Comissão Nacional Católica de Salvaguarda, em tradução livre) — entidade que estabelece os padrões de prevenção de abusos na Igreja Católica britânica.

Conforme notícias divulgadas anteriormente pela mídia local, o encontro entre o pontífice e as vítimas de pedofilia poderia ocorrer no dia 18, quando há um intervalo considerável na agenda entre a missa que será celebrada às 10h locais (6h no horário de Brasília) na catedral de Westminster e a visita à casa de repouso St. Peter’s Residence, às 17h locais (13h em Brasília).

[b]Fonte: Folha Online
[/b]

Comentários