Até pouco tempo atrás, Matthew Figured, professor de catequese na Igreja Católica Romana do Santo Rosário, não conseguia decidir qual dos candidatos à presidência receberia seu voto.

Ele viu católicos progressivos trabalharem junto com os democratas nos últimos quatro anos para mostrar aos fiéis o apoio do partido às doutrinas da igreja em questões como a guerra no Iraque, imigração, saúde e diminuição do índice de abortos. Mas o bispo de sua paróquia gerou dúvidas ao proibir que o senador Joseph R. Biden Jr., de Delaware, indicado democrata à vice-presidência, recebesse a comunhão na região por causa de seu apoio ao aborto.

Por fim, bispos de todo o país criticaram Nancy Pelosi, da Califórnia, outra proeminente católica democrata, por contradizer publicamente os ensinamentos da igreja em relação ao aborto, chegando a pedir que seus párocos não votem em políticos que verbalizam tais opiniões.

Agora Figured diz que pensa em votar no candidato republicano, o senador John McCain, do Arizona. “As pessoas deveriam esclarecer suas crenças religiosas antes de tomar decisões políticas”, disse Figured, 22, a caminho da missa no domingo.

Uma batalha interna da igreja católica sobre como os fiéis devem pensar a respeito do aborto voltou à cena num momento em que os partidos políticos se preparam para pleitear os votos de católicos praticantes em cidades disputadas como Scranton. A batalha ideológica tomou conta dos jornais diocesanos e homilias semanais, enquanto as campanhas disputam ligações e encontros com bispos influentes.

Os católicos progressivos reclamam que ao mencionar a história da oposição do aborto na igreja (Biden falou sobre São Thomas Aquinas, Pelosi debateu Santo Agostinho) os representantes democratas geraram um debate distrativo sobre a hierarquia da igreja.

“Falar sobre Agostinho e Aquino não ajuda”, disse Chris Korzen, diretor executivo da União Católica, um grupo progressivo que veicula comerciais de televisão que enfatizam os ensinamentos de justiça social da igreja. “Seria melhor que eles se concentrassem nas políticas que irão implementar como líderes para divulgar os ensinamentos religiosos que dizem acreditar”.

Os católicos conservadores, por sua vez, até pouco tempo se preocupavam com o ressurgimento de forças progressivas na igreja americana. Agora estão tranquilos. “Os democratas abandonaram o pouco progresso que haviam feito dentro da igreja”, afirmou Deal Hudson, conservador católico que trabalhou na campanha do presidente Bush e agora faz parte da equipe de McCain.

Antes um bloco eleitoral democrata, os católicos agora representam um voto incerto e decisivo nas eleições presidenciais. Os católicos representam um quarto do eleitorado nacional e cerca de um terço de Estados disputados como Michigan, Missouri, Ohio e Pensilvânia.

“Quem conquistar os votos dos católicos irá conquistar nosso Estado e, geralmente, todo o país”, disse G. Terry Madonna, cientista político da Faculdade Franklin & Marshall em Lancaster.

Fonte: Último Segundo

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