Em depoimento à polícia, menor de 15 anos, contou que conheceu o acusado no grupo jovem de uma igreja evangélica.
Acusado de aliciar sexualmente menores, com a promessa de que os tornaria membros de um ‘grupo ninja’, Daniel Pinheiro da Cruz, 30 anos, foi preso na noite de sexta-feira, em sua casa, na Taquara, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro. Ele foi autuado por estupro de vulnerável e ameaça.
Em depoimento à polícia, X., 15 anos, contou que conheceu Daniel no grupo jovem de uma igreja evangélica – onde o acusado era regente do coral. Por ele, foi convidado a fazer parte de um ‘clã ninja’, o NinjaJet. Mas, para ingressar, o jovem teria que se submeter a uma espécie de treinamento. O adolescente, então, teria começado a ser molestado. De acordo com a vítima, para transformá-lo em um verdadeiro ninja, X. teria que passar pelos seguintes testes: receber pingos de cera quente pelo corpo nu, assistir a filmes pornográficos sem roupa e ser acariciado por Daniel.
Ainda segundo o relato do menor, quem passasse dessa ‘fase’, seria obrigado a manter relações sexuais – chamadas de ‘kaboom’ – para atingir o status de ‘ninja’. Caso a vítima se negasse, seria punida com a expulsão do ‘clã’.
O delegado Leandro Aquino, titular da 32ª DP (Taquara) e responsável pela investigação, afirmou que Daniel parecia acreditar na história que contava. “Ele frequentava a igreja para se aproximar dos adolescentes. Assim, os observava e procurava o menino mais vulnerável ou que tivesse passando por um momento difícil na vida. Oferecia amizade e um ‘treinamento’, que evoluía para o abuso sexual”, explicou.
Outro adolescente ouvido pela polícia, Y., 17 anos, contou ter sido envolvido pelo acusado em um momento de depressão pela morte da avó. Ele relatou que Daniel o orientava a desrespeitar os pais e a mentir para as pessoas. O jovem afirmou que, no dia em que teria que manter relações sexuais com o acusado, se recusou e teria passado a receber ameaças de morte caso deixasse o ‘clã’.
[b]Polícia quer analisar computador
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O delegado Leandro Aquino solicitou à Justiça a quebra do sigilo digital de Daniel e a apreensão do computador e do pen-drive dele. Há suspeita do envolvimento de outras pessoas nos abusos, já que os adolescentes afirmaram que o acusado trocava e-mails com seus ‘superiores no clã’.
A prisão de Daniel foi decretada no fim da tarde de sexta a pedido da promotora Christiane Monnerat, da 19ª Promotoria de Investigação Penal. Se condenado, ele pode pegar até dez anos e seis meses de prisão. Mas a pena pode ser aumentada, se novas vítimas prestarem depoimento.
Depois de denúncia dos pais de um dos adolescentes, Daniel acabou expulso da igreja.
[b]Fonte: Terra[/b]