Seus apoiadores dizem que a religião Pentecostal de Neymar pode ajudá-lo a enfrentar o fardo de liderar sua equipe à vitória.

O pastor Newton Lobato Filho fazia seu sermão de domingo em uma noite úmida de São Vicente, em São Paulo, quando de repente parou e pediu que um garoto franzino de 14 anos ficasse de pé.

Diante de 600 fiéis, ele disse ao garoto que Deus havia falado com ele e revelado que o adolescente se tornaria um dos melhores jogadores de futebol do mundo. É assim que o filho do pastor, Newton Lobato Netto, relembra aquele momento ocorrido oito anos atrás, em uma cidade que fica a uma hora de estrada de São Paulo.

O garoto, que àquela altura treinava havia três anos no mesmo clube que revelou Pelé, agora carrega as esperanças do Brasil de vencer a Copa do Mundo. Neymar da Silva Santos Júnior, conhecido como Neymar, é o jogador de 22 anos de idade que vai liderar o ataque do Brasil quando o evento esportivo mais assistido do mundo começar, em São Paulo, no dia 12 de junho.

Cada movimento de Neymar é discutido pela mídia brasileira e seu rosto enfeita outdoors pelo Brasil. Seus apoiadores dizem que sua religião Pentecostal pode ajudá-lo a enfrentar o fardo de liderar sua equipe à vitória depois que seu país investiu US$ 11 bilhões para realizar o torneio. Os céticos dizem que panelinhas religiosas criaram divisões em equipes anteriores.

“Eu espero que o Neymar faça um monte de gols”, disse Lobato Netto, um pregador de 27 anos de idade que também é pastor na Igreja Peniel, de seu pai. “A gente viu um cara que vinha à igreja 10 anos atrás, ele era realmente um menino, alguém a quem essa igreja ajudou. Ver esse cara ir lá para ser o maior do mundo significa muito para todos. Nós rezamos por ele”.

[b]Barcelona[/b]

Neymar trocou o Brasil por Barcelona no ano passado em uma transferência disputada que terminou com sua família embolsando 40 milhões de euros (US$ 52 milhões na época).

Neymar, que como muitos jogadores de futebol do Brasil sempre fala de Deus nas entrevistas, ostentou uma faixa com os dizeres “100% Jesus” e correu ao redor do campo depois que o Santos, seu ex-time, conquistou o Campeonato Paulista de 2012.

O Brasil tem tido, tradicionalmente, um núcleo de jogadores evangélicos, sendo que o ex-melhor do mundo Kaká é o exemplo recente mais famoso. Após marcar gols, o meio-campista do AC Milan às vezes mostra uma camiseta com a mensagem “I belong to Jesus” (“Eu pertenço a Jesus”).

Muitos pertencem a um grupo chamado Atletas de Cristo, organizado para ajudar os atletas a lidarem com as tentações mundanas que vêm juntamente com a riqueza, a fama e a juventude no Brasil. Seu presidente, o ex-jogador profissional de handebol Marcus Grava, recitou uma lista de ex-jogadores que são membros do movimento religioso, incluindo seis integrantes da seleção da Copa do Mundo de 1994, que acabou com a espera de 24 anos do Brasil por um título mundial. O lateral Jorginho e o meia Paulo Sérgio, dois ex-presidentes do Atletas de Cristo, estão entre eles.

[b]Plantel do Brasil
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No plantel de 23 homens do Brasil para o evento deste ano estão os membros do Atletas de Cristo Hernanes e o goleiro reserva Jefferson. A eles se somam o zagueiro David Luiz e o atacante Fred, um convertido recente com fama de desfrutar da vida noturna. Sua conversão deixou atordoado Renato Gaúcho, seu técnico no Fluminense, ele próprio um devoto das baladas do Rio.

Grupos cristãos dentro da equipe nem sempre tiveram um efeito positivo, disse Juca Kfouri, jornalista que segue a seleção nacional há décadas. Kfouri disse que algumas seleções foram dividas por facções religiosas, incluindo a de 2010, que foi eliminada nas quartas de finais da Copa. O time era acompanhado por um pastor, disse ele.

[b]Religião discreta
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“Campo de futebol não é igreja”, disse Kfouri. “Os indivíduos precisam exercer sua fé discretamente e não forçar isso nos outros. Na Seleção Brasileira, isso levou a grupos fechados e a discriminação contra aqueles que não compartilham das mesmas convicções”.

Neymar costumava ir à sua igreja em São Vicente antes de partidas-chave quando jogava no Santos, disse Lobato Netto. Durante a Copa do Mundo, ele carregará os sonhos de 200 milhões de brasileiros.
“O país todo está colocando pressão no garoto”, disse Lobato Netto. “Se o Brasil vencer, ele será o herói do país, mas se perder, eu acho que ele será o inimigo do país”.

[b]Fonte: InfoMoney[/b]

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