Como prometera na campanha eleitoral, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu luz verde, na segunda-feira, às pesquisas com células tronco embrionárias, subvencionadas com dinheiro público.

Em cerimônia que teve lugar na Casa Branca, Obama disse que seu governo apóia cientistas que realizam esses experimentos e sublinhou que a ciência não é incompatível com valores morais.
O ator Michael J. Fox, que padece de Parkinson há anos, é da mesma opinião, Em entrevista à rede ABC disse sentir-se satisfeito que Obama faça distinção entre “a política e a ciência”.

Sem surpresas, o Vaticano condenou duramente a decisão do presidente estadunidense, que seria fruto de “interesses econômicos”.

“A decisão é de uma gravidade enorme e é motivada só por utilização política e por interesses econômicos. Esperávamos outra coisa de parte da Casa Branca”, declarou dom Elio Sgreccia, presidente emérito da Pontifícia Academia para a Vida, ao diário La Stampa .

A Igreja Católica opõe-se por razões éticas ao uso de células tronco embrionárias, obtidas de embriões eliminados, mas não às células mãe adultas, que se obtêm da placenta ou do cordão umbilical.

Dignitas Personae , documento sobre bioética da Congregação para a Doutrina da Fé, de dezembro passado, reiterou que para a Igreja Católica é inaceitável qualquer manipulação do embrião humano, o qual, afirma, “tem desde o princípio a dignidade própria da pessoa.

O presidente do Comitê para Atividades Pró Vida da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, cardeal Justin Rigali, criticou, em comunicado, a decisão do presidente Obama. O cardeal, arcebispo da Filadélfia, afirmou que esta disposição “supõe uma triste vitória da política sobre a ciência e sobre a ética”.

A Dra. Ana María Parini, que integra o Fórum de Bioética e Saúde da Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (Aciera), alertou para “o delicado e perigoso que resulta o limite ético de experimentar com células mães a suposta melhoria ou cura de certas doenças. Desta à clonagem é um passo. O limite é muito delgado. A postura cristã evangélica é clara em sua negativa diante de tais pretensões relacionadas sempre direta ou indiretamente ao aborto”.

Em declarações no programa Pontualmente, conduzido pelo jornalista Alberto Avila, Parini destacou que toda atividade que se desenvolvida com células mães infringe leis argentinas e tratados internacionais assinados por dezenas de países, que proíbem práticas nesse sentido.

É conhecida na América Latina a lamentável prática de utilizar os ventres de mulheres para fecundar um embrião e fazê-las abortar aos 14 dias para empregar essas células mães, as que se obtêm da destruição do embrião, com diferentes fins, sejam terapêuticos ou experimentais, explicou.

Mas a comunidade científica argentina celebrou. “É uma decisão muito acertada, porque permite que numerosos grupos possam empenhar-se na investigação para a melhora da saúde”, afirmou o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva, Lino Barañao.

O diretor do Registo Nacional de Doadores de Células Mãe do Incucai, Víctor Hugo Morales, disse que “essas investigações permitirão constituir, a partir da célula mãe embrionária, diferentes tecidos que poderiam ser utilizados para substituir órgãos danificados”.

Claudio Chillik, presidente da Câmara de Bancos de Células Mãe, disse que as células mãe são a grande esperança da medicina do século XXI. “E nos albores de uma revolução que permitirá melhorar a saúde de milhares de pessoas cujas doenças até agora não tinham cura.

Fonte: ALC

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