Em entrevista à Folha Universal, a ex-primeira dama Rosane Collor revelou detalhes de práticas de magia negra promovidas pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, com quem foi casada por 21 anos.

Segundo Rosane, ele recorria aos rituais sempre que alguém fazia algum mal contra ele, porque na visão de Collor tudo de ruim que mandassem para ele tinha que ser devolvido. Para isso, sacrificava animais como boi, galinha, entre outros.

Hoje, Rosane afirma que freqüenta a igreja evangélica com a mesma mãe-de-santo que trabalhava para Collor e ela nos tempos de Casa da Dinda, local onde eram feitos os rituais. “Reafirmo o que eu disse em entrevista à Revista Veja, de que o Fernando Collor recorria a rituais de magia negra para se manter no poder”, completa.

Leia abaixo a matéria completa da Folha Universal:

Não faltam exemplos, na literatura e no cotidiano, do fascínio que o poder exerce sobre as pessoas. Quando se trata de uma jovem de 24 anos, pode-se dizer que ele é praticamente inevitável. Rosane Collor não diz com todas as letras, mas deixa transparecer que isso aconteceu com ela. “Estive no topo, conheci reis, rainhas. Depois veio o impeachment, que foi uma verdadeira tragédia pra nós, e eu aprendi muito”, diz.

Por 21 anos Rosane foi a mulher de Fernando Collor, o primeiro presidente eleito democraticamente após quase três décadas de ditadura militar. E que ficou ainda mais famoso por deixar o poder pela porta dos fundos. Nos últimos quatro anos, ela perdeu a mãe e as filhas gêmeas e ficou sabendo de sua separação pela imprensa. “O sonho, em questão de segundos, acabou”, resume.

Numa quinta-feira, dia 31 de janeiro, véspera do feriado de Carnaval, Rosane concordou em dar uma entrevista para a Folha Universal. Pediu apenas para que a conversa fosse rápida: “Ainda vou pegar a estrada no fim da tarde. Não gosto de Carnaval”, justificou, contando que iria viajar para o interior de Alagoas para fugir da folia. O que veio a seguir, numa conversa que durou mais de uma hora, foi uma série de revelações bombásticas, em que foi bem além do que havia dito a uma revista semanal. Rosane detalhou como eram os rituais de magia negra promovidos na Casa da Dinda, em Brasília, residência oficial dos Collor, no período em que estiveram no centro do poder no País.

Enquanto esteve em Brasília, ela testemunhou alguns rituais com sacrifícios de bois e galinhas. O local, que ficou famoso pelos jardins de US$ 2,5 milhões (R$ 4,3 milhões), recebia uma mãe-de-santo, que comandava as cerimônias. “Não gostava de assistir. Teve uma única vez que vi e passei muito mal, fiquei enjoada”, conta. Segundo ela, o ex-presidente acreditava que os trabalhos poderiam “mandar o mal de volta” para quem desejasse algo ruim a ele. “Só que ele vai pagar depois, vai sofrer depois”, avisa.Como a história mostrou, a macumba não foi suficiente para manter Collor no cargo. Rosane temeu que ele, deprimido, tomando remédios para dormir, tentasse o suicídio. “Tínhamos armas dentro de casa e tirei tudo. Eu ficava muito assustada”, relembra. Sem relações íntimas com a família, Collor se apoiou em Rosane para se reerguer. Ela afirma que, apesar de sempre ter ouvido falar, nunca viu o ex-presidente usando cocaína, como se chegou a especular na época do impeachment. “Às vezes, eu achava ele muito agressivo. Aí eu perguntava se ele tinha usado algo, mas ele sempre negou”, diz Rosane. A ex-primeira-dama acredita que o comportamento era decorrente do álcool. “Ele trabalhava muito, então acabava bebendo pra relaxar, tomava uísque, vodca, mas você sabe como é. Um copo virava dois, três, quatro”.

Freqüentadora há quase três anos de uma igreja evangélica (ao lado da ex-mãe-de-santo), Rosane afirma ser uma pessoa feliz, e que há sete meses está namorando com seu advogado. Sua maior luta é pelo que considera ser de direito seu dentre a fortuna e os bens de Fernando Collor, que segundo ela, tem sido “muito ruim”. “Ele tem uns dez carros em São Paulo, outros tantos aqui. Tem Mercedes, BMW, Cherokee. E me deixou um carro velho que não anda. Meu pai teve que me dar um Fiesta, senão eu estaria a pé. Não acho justo não ter a minha parte”. Fernando Collor elegeu-se senador por Alagoas e vive com a arquiteta Caroline Medeiros, com quem tem duas filhas.

Para ela, um dos momentos mais difíceis foi a separação, ocorrida após a interrupção da gravidez de gêmeos e a morte da mãe. “Um ano depois que a minha mãe morreu, eu estava em depressão. Tinha passado a vida inteira cuidando da depressão dele (Fernando Collor) e quando eu vi nos jornais, ele estava com outra mulher. Depois, ele teve duas filhas, inclusive através de tratamento no mesmo médico em que havia me levado. Minha maior dor foi a morte da minha mãe, a segunda foi ver que toda aquela nossa vida tinha acabado”.
A Folha Universal tentou contato com o senador Collor. A assessoria de imprensa do ex-presidente disse, na segunda-feira, que ele estava em Maceió e não havia tempo hábil para localizá-lo.

Fonte: Folha Universal

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