Silvio Santos declarou guerra ao império televisivo da Igreja Universal. Em reunião com o “board” do SBT, o apresentador e empresário disse estar disposto a gastar “o que for necessário e possível” para tirar profissionais da concorrente Record.

Além de contratar numa só tacada Roberto Justus e Eliana, e de já ter assediado formalmente Celso Freitas e Ana Hickmann, o dono do SBT liberou seus emissários para fazer propostas também ao pessoal da área técnica, de dramaturgia e da produção de jornalismo. Especialistas em fotografia, cenografia e figurino também serão alvo de assédio.

Segundo a coluna “Ooops!” apurou, por causa dessa guerra “privada” o SBT deve gastar até R$ 30 milhões por ano, a mais, somente em folha de pagamento (ou seja, sem contar outros montantes por rescisão de contratos vigentes). Só a contratação de Justus e Eliana custará à emissora quase R$ 20 milhões nos próximos 12 meses.

A ofensiva do SBT ocorreu depois da proposta milionária feita pela Record a Gugu Liberato (R$ 3 milhões mês, oito anos de contrato).

Uma guerra caríssima

O fato é que a “guerra” pode sair cara para todos os lados. O final de semana foi incendiário no SBT. Ao saberem das novas contratações, a peso de ouro, artistas que tiveram seus salários reduzidos na última contratação ficaram revoltados.

Hebe e Ratinho, por exemplo, aceitaram reduzir seus salários enormemente, sob a alegação do “patrão” de que a crise mundial havia exterminado a “era dos salários milionários”, e que todos deveriam colaborar.

Mesmo a contragosto, ambos aceitaram as condições. Agora, ficaram sabendo que a mão do empresário é muito mais aberta para as “novas” estrelas, em detrimento dos veteranos. O clima está pesadíssimo nos corredores.

Também há quem, no Grupo Silvio Santos, que considere a investida desnecessária e perigosa para a saúde financeira da holding. Para efeito de comparação, o grupo fez no último dia 8 de junho o maior investimento do ano, ao comprar a empresa de pagamentos on-line Braspag por R$ 25 milhões.

O clima também está pesado na Record, pega totalmente de calças curtas –especialmente na contratação de Justus. Em conversas reservadas, diretores da emissora só chamam o apresentador de “judas”.

História da “guerra”

Durou quase dez anos o armistício entre Silvio Santos e o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal. A paz foi acordada no final dos anos 90, quando o SBT tirou Ratinho da Record. À época, o bispo ficou revoltado, porque o assédio do SBT ocorreu durante a vigência do contrato de Ratinho na Record. Macedo ameaçou retaliar o SBT e avançar sobre o casting concorrente.

Só que uma atitude inusitada de Silvio Santos acabou selando um armistício. Silvio foi procurar Macedo pessoalmente, durante um culto na então sede da Universal, no centro de São Paulo. Passou mais de uma hora cercado por fiéis da igreja em completa comoção –ninguém acreditava no que estava vendo–, enquanto ouvia o sermão do bispo.

Ao final do culto. Silvio e Macedo acertaram a forma de pagamento da multa do SBT à Record (cerca de R$ 15 milhões em valores atuais) e, desde então, mantinham um simbólico acordo de jamais assediarem aos profissionais alheios durante a vigência de seus contratos.

A Record teria rompido a trégua ao assediar Gugu Liberato meses antes do fim de seu contrato com o SBT.

Hoje a diferença de ibope entre Record e SBT é pequena. A Record é vice-líder no Painel Nacional de Televisão, mas a diferença ora cai, ora cresce. Em todo caso, sempre de forma residual. De certa forma essa situação beneficiava até aqui ao SBT, pois o custo da grade de programação da emissora, cheia de seriados e velharias como Chaves, era muito menor do que o da Record e sua programação clonada da Globo.

Fonte: UOL

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