Vários supostos insurgentes muçulmanos recentemente detidos na tensa zona sul da Tailândia eram estudantes universitários que foram torturados pelos militares para forçá-los a confessar, denunciaram suas famílias.

Oito alunos de duas universidades da província de Yala foram detidos na semana passada em sua residência e as forças de segurança apreenderam seus computadores, uma motocicleta e sete celulares, informa hoje a imprensa local.

Posteriormente, eles foram levados à base militar de Ingkayuthboriharn, na mesma província, e ali foram espancados e torturados para que confessassem seus crimes, como puderam comprovar os parentes que os visitaram, segundo o vice-secretário-geral da Federação de Estudantes de Yala, Hareedi Pohsu.

No entanto, o coronel Acra Thiproj, um porta-voz do Exército, disse não ter conhecimento destes maus-tratos e ressaltou que os soldados encontraram entre seus pertences instruções para a fabricação de bombas.

Ele afirmou ainda que pelo menos quatro deles militavam em grupos extremistas desde 2003.

A Anistia Internacional denunciou em diversas ocasiões a tortura e detenções arbitrárias praticadas pelos militares em suas operações para conter os ataques dos separatistas em Yala, Pattani e Narathiwat.

Nestas três províncias de maioria muçulmana, os ataques com armas leves, assassinatos e atentados a bomba continuam ocorrendo todos os dias, apesar do desdobramento de 31 mil agentes e da declaração do estado de emergência.

Mais de 2.700 pessoas morreram nesta região por causa da violência desde que o movimento separatista islâmico retomou a luta armada em janeiro de 2004, após uma década de pouca atividade guerrilheira.

O Governo tailandês admitiu há pouco tempo, pela primeira vez, a existência de ligações entre a Al Qaeda e os rebeldes, e reconheceu que a situação piorou desde que estes receberam armas e dinheiro, procedente do tráfico de drogas, da organização terrorista.

Fonte: EFE

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