Projeto de artistas australianos se inspira em imagens de satélite no estilo do Google Earth. Obras foram reveladas este mês em feira de artes em Miami.

Depois de ajudar a visualizar o telhado da sua casa, os recantos mais remotos do planeta Terra e até a superfície da Lua, a mesma tecnologia de imagens de satélite empregada no software Google Earth inspirou um grupo de artistas australianos a “brincar” de Deus. Em “God’s eye view”, que significa ao pé da letra “ponto de vista de Deus”, eles imaginam como seriam alguns dos episódios mais conhecidos – e antigos – da humanidade observados de um ângulo, digamos, privilegiado.

Idealizado pelo coletivo Glue Society e criado usando fotografias de satélite modificadas por computador, o projeto foi exibido este mês na Miami Art Fair, um dos eventos mais importantes de arte contemporânea no mundo. Entre as “cenas” observadas pelos olhos “daquele que tudo vê” estão quatro cenas bíblicas: a crucificação de Cristo (“Cross”), a separação do Mar Vermelho por Moisés (“Moses”), a arca de Noé (“Ark”) e o Paraíso de Adão e Eva (“Eden”).

Os trabalhos foram comissionados pelo galerista Eric Romano, da Pulse Art de Nova York. Ele se interessou pelo coletivo baseado em Sidney e fundado por Jonathan Kneebone e Gary Freedman, no ano passado, após ver uma obra batizada de “Hot with a chance of late storm” (‘Quente com chance de tempestade mais tarde’). A escultura, montada em uma praia australiana, representava um carrinho de sorvetes derretendo na areia, numa referência sarcástica e bem-humorada aos efeitos nocivos do aquecimento global.

Com “God’s eye view”, eles dizem que pretendem “desorientar o público” e fazê-lo questionar as imagens supostamente verdadeiras – como é o caso das fotos de satélite. “Sentimos que a tecnologia, hoje, permite que eventos que podem ou não ter acontecido sejam visualizados e pareçam dramaticamente reais”, afirmou James Dive em um comunicado do grupo. “Ao longo dos séculos, pintores trouxeram à luz cenas da Bíblia – mas acreditamos que esta é a primeira vez que fotografia de satélite é usada para fazê-lo. Ela é tão confiável como método de representação que achamos interessante bagunçar essa confiança.”

Ainda segundo ele, o coletivo pretende usar a mesma tecnologia para criar outros trabalhos representando acontecimentos mitológicos e grandes eventos históricos.

Fonte: G1

Comentários