Alagoas é o Estado líder da exclusão, com 46% dos jovens com o curso incompleto ou analfabetos; São Paulo tem menor taxa. Para educadores, faltam políticas públicas eficientes que alfabetizem os alunos de verdade e atuem na formação de professores.

Um em cada cinco jovens entre 18 e 29 anos e que vivem na zona urbana abandonou a escola antes de completar o ensino fundamental, segundo trabalho feito pela Secretaria Geral da Presidência da República com base na Pnad 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.

Segundo o documento, dos 34 milhões dos chamados jovens urbanos do país, 7,4 milhões tiveram de um a sete anos de estudo -período insuficiente para concluir o ensino fundamental. Entre os jovens “excluídos”, há ainda um montante de 813,2 mil analfabetos.

No topo dessa lista de exclusão urbana, que leva em conta tanto os que não completaram o ensino fundamental como os analfabetos, estão cinco Estados do Nordeste.

O líder da exclusão é Alagoas, com 46% dos jovens em uma dessas duas situações. Lá, de 432,2 mil jovens, 28,6 mil são analfabetos e 171,6 mil não tiveram sete anos de estudo.

Já na outra ponta do ranking, com o menor índice, está São Paulo (15%). No Estado, entre os 8,3 milhões de jovens, há 99,3 mil analfabetos e 1,1 milhão sem o ensino fundamental (veja quadro nesta página).

“Somos um país de história recente de letramento. Mas é claro que, nesses últimos 200 anos, não houve políticas públicas eficientes”, afirma a professora Stella Bortoni, da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília).

No país, a região Nordeste é a que possui o maior índice de jovens urbanos “excluídos”, 35%. Na seqüência, vêm Norte (31%), Centro-Oeste (25%), Sul (19%) e Sudeste (18%).

“Há 20 anos, quando muitos desses jovens estavam em idade escolar, o sistema de ensino apresentava uma cobertura menor e uma exclusão maior. Havia mais crianças e adolescentes fora da escola, menos vagas e a rede era menos vascularizada”, declara o professor Fernando Tavares Jr., da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

“Por outro lado [há 20 anos], a reprovação e a evasão eram bem maiores. Os dois fatores conjugados produziram uma exclusão educacional maior nessa geração”, completa.

Um quadro geral sobre a péssima situação da educação nacional pôde ser visto em dezembro, com os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Entre 57 nações avaliadas, os alunos brasileiros obtiveram a 53ª posição em matemática, a 52ª em ciências e a 48ª em leitura.

“Há uma rejeição brutal à escola normal. O modelo de escola regular no Brasil está sendo repensado, o que tem sido uma preocupação do Ministério da Educação. Um dos problemas da escola regular no Brasil é excluir essa parcela de crianças e de jovens”, afirma Beto Cury, secretário nacional da Juventude, braço da Secretaria Geral da Presidência.

“Hoje pelo menos temos consciência do tamanho do problema. É preciso uma mobilização da sociedade e uma escola atraente e que alfabetize de verdade, além de uma mobilização na formação de professores. Que ele [professor] seja um agente letrador, para efetivamente letrar os seus alunos”, diz a professora Stella Bortoni.

Fonte: Folha de São Paulo

Comentários