Cerca de 30 evangélicos ocupam área do Cemitério de Maruí, onde adeptos de Umbanda e Candomblé participavam de culto
Cerca de 30 evangélicos ocupam área do Cemitério de Maruí, onde adeptos de Umbanda e Candomblé participavam de culto

O babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, deu entrada com uma representação criminal junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pedindo a instauração de ação penal para apurar responsabilidades criminal de integrantes da Igreja Ministério Redenção, no bairro do Barreto, em Niterói. O grupo é acusado pelos umbandistas de formação de quadrilha, perturbação de culto e intolerância religiosa.

No dia 2 de novembro, integrantes da Tenda de Umbanda Ogum Megê faziam um culto religioso no Cemitério de Maruí Grande, no bairro de Barreto, em Niterói, quando foram abordados por 30 evangélicos.

O grupo que estava uniformizado interrompeu o culto aos gritos de “macumbeiros, capeta, macumbeiros têm que morrer”; tá amarrado em nome de Jesus”; “tem que expulsar porque é demónio; e “Queima eles Satanás”. Um deles desferiu um tapa na cabeça do dirigente umbandista Allan Hansen Rosa de Souza.

Segundo a denúncia feita ao MPRJ, durante encontro na última quarta-feira com o procurador-geral de Justiça interino, Ricardo Ribeiro Martins, a ação teria durado cerca de 30 minutos e foi assistida por 20 pessoas, além as vítimas. A sessão de humilhações e constrangimentos só foi interrompida após os umbandistas terem acionados guardas municipais.

—Não podemos permitir que nossa crenças ultrapassem o direito religioso do outro. A fé, o modo de culto, ou de expressar a religiosidade. A intolerância, a falta de alteridade e humanidade com outro, que crê e é diferente, são os grandes entraves para a construção de uma sociedade plural onde o respeito e a tolerância possam prevalecer — afirmou Ivanir dos Santos.

Segundo o babalaô, o procurador-geral de Justiça, Ricardo Ribeiro Martins, se comprometeu em agilizar e dar atenção para a investigação, e informou que iria encaminhar o caso para 6ª Procuradoria de Investigação Penal de Niterói da 2ª Central de Inquéritos.

Na denúncia, os umbandistas argumentam que a lei orgânica do município de Niterói prevê que nos cemitérios públicos da cidade são permitidas todas as confissões religiosas, bem como as práticas dos seus ritos. Além disso, a Lei 3.089 de 26 de junho de 2014 declara a umbanda como patrimônio imaterial daquele município.

Na página da igreja no Facebook há várias mensagens de repúdio contra a ação dos evengélicos. “Intolerância é o que vocês pregam, não tem um pingo de amor ao próximo, e respeito com as demais religiões”, postou uma internauta. “Péssimo! Intolerância religiosa é CRIME, espero que saibam disso! Difundem o verdadeiro significado do evangélico e afastam pessoas da sua própria religião por serem ignorantes”, escreveu outra.

Os responsáveis pela Igreja Ministério Redenção não foram localizados pelo jornal EXTRA.

Fonte: EXTRA

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