A Universidade de Évora fechou uma parceria com o Kuwait e decidiu criar o Instituto de Estudos Islâmicos e de Cultura Árabe, que leva o nome do primeiro emir kuwaitiano, sheikh Jaber al-Ahmad al-Jaber al-Sabah, visando futuros projetos de cooperação

A criação deste instituto serviu de motivo para a visita à Universidade de Évora realizada nesta terça-feira pela sheikha Fareeha al-Ahmad al-Jaber al-Sabah, irmã do atual emir do Kuwait, Sabah al-Ahmad al-Sabah.

Fareeha al-Ahmad al-Jaber al-Sabah é filha do primeiro emir do Kuwait, que dirigiu o emirado entre 1977 e 2006, quando morreu. Em homenagem ao dirigente, a Universidade de Évora pretende dar o nome de Jaber al-Ahmad al-Jaber al-Sabah ao futuro instituto.

“A ele se ficou a dever a criação de um país moderno e fortemente urbanizado, onde as mulheres adquiriram o direito de voto”, destacou o reitor da Universidade de Évora, Jorge Araújo, explicando que o responsável também protagonizou “o diálogo entre os mundos islâmico e cristão”.

Embora fazendo referência às lutas no passado entre muçulmanos e cristãos “nestas terras”, o reitor afirmou que desses confrontos surgiu um “povo novo”, em que o componente árabe “ainda hoje está presente”.

Novo instituto

Jorge Araújo explicou que a criação de pontes culturais entre os povos, especificamente entre os mundos de tradição cultural cristã e de tradição cultural islâmica, tem sido uma preocupação constante da universidade portuguesa, que completa 450 anos de fundação.

É precisamente neste objetivo da academia que se insere a criação do Instituto de Estudos Islâmicos e de Cultura Árabe, defendeu o reitor.

Fareeha al-Ahmad al-Jaber al-Sabah afirmou que o projeto “confirma” que a Universidade de Évora “ultrapassou todas as fronteiras geográficas, encurtando distâncias e tempo, para levar o patrimônio da humanidade a tudo o que contribuiu para o progresso e prosperidade”.

“Estou convencida de que [o instituto] será um novo farol no mundo, portador de uma visão científica baseada em novos conceitos de conhecimento, fatos históricos, passado e futuro brilhante”, disse.

Na cerimônia, o reitor expressou o desejo de, “em um futuro breve”, conceder o título de doutor honoris causa à irmã do emir do Kuwait, em reconhecimento ao trabalho que desenvolve em defesa “dos direitos da mulher, na proteção das crianças e no diálogo civilizacional”.

Meta

Em entrevista à Agência Lusa, Fernando Branco Correia, professor do departamento de História da Universidade de Évora responsável por dinamizar a criação do instituto, explicou que esta estrutura poderá desempenhar vários papéis.

“Os objetivos ainda terão que ser definidos pela Universidade de Évora e pelo governo do Kuwait, mas será um centro voltado não só para o estudo do passado, mas também para o presente e até para a preparação de um futuro harmonioso e equilibrado”, disse, destacando que a aposta é “evitar o tal choque de civilizações de que tanto se fala no mundo”.

O conhecimento da língua e da cultura árabe e a promoção de parcerias nas áreas econômica, através de “oportunidades de negócio, nomeadamente na vertente agrícola” e ambiental, por exemplo, para “problemas comuns como a desertificação e alterações climáticas” são outros dos setores que podem ter espaço no futuro instituto.

Fonte: UOL

Comentários