Legenda da foto de Pio XII (foto), que governava a Igreja Católica Romana na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em museu de Israel, diz que o papa reconhecia o nazismo e nada fez para condenar o anti-semitismo e o extermínio de judeus

O embaixador do Vaticano em Israel, o monsenhor Antonio Franco, disse nesta quinta-feira, 12, que boicotará na próxima semana um serviço religioso que ocorrerá em memória aos judeus mortos na 2ª Guerra Mundial, no Museu do Holocausto em Israel.

Segundo ele, o museu retrata de maneira negativa a conduta do Papa Pio XII, que governava a Igreja Católica Romana na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O monsenhor disse que se recusa a participar do serviço anual em memória das vítimas do Holocausto em Yad Vashem, enquanto o museu continuar a exibir uma fotografia de Pio XII, abaixo da qual uma legenda afirma que ele reconhecia a existência do regime nazista e nada fez para condenar o racismo, o anti-semitismo e o extermínio dos judeus.

“Eu não quero ir a Yad Vashem, se as coisas continuarem como estão”, disse. Pio XII, que foi pontífice durante a guerra, foi criticado durante décadas por não fazer o suficiente para salvar os judeus durante o Holocausto.

Seis milhões de judeus foram mortos pelos nazistas, em uma tentativa de exterminar os judeus europeus. O Vaticano tem tentado defender o papa do tempo da guerra, ao insistir que Pio XII desenvolveu uma discreta diplomacia que na realidade salvou milhares de judeus do genocídio.

O serviço em memória ao Dia do Holocausto é assistido por todos os embaixadores estrangeiros em Israel ou por seus representantes. Yad Vashem informou que esta será a primeira vez que um embaixador estrangeiro não participará, deliberadamente, da cerimônia.

“Nós estamos chocados e desapontados que o embaixador do Vaticano a Israel tenha escolhido não respeitar a memória do Holocausto e não participar na cerimônia oficial, na qual o Estado de Israel e o povo Judeu se juntam em memória às vítimas”, disse a porta-voz do museu Yad Vashem, Iris Rosenberg.

Legenda controversa

A polêmica legenda apareceu pela primeira vez em 2005, quando Yad Vashem abriu seu primeiro museu. Logo depois, o embaixador anterior do Vaticano pediu que a legenda fosse modificada.

Yad Vashem respondeu que estava pronto a reexaminar a conduta de Pio XII durante o Holocausto, se o Vaticano abrisse seus arquivos da época da Segunda Guerra Mundial para pesquisas do quadro de funcionários do museu e novo material sobre o período fosse analisado.

De qualquer maneira, o museu insistiu que sua pesquisa era precisa e Rosenberg afirmou que o museu “continuará a mostrar a verdade histórica sobre Pio XII, como ela é ensinada nas escolas atualmente”.

Franco disse em sua carta a Yad Vashem que ele considera a legenda ofensiva aos católicos romanos. “Eu respeito a memória dos mártires do Holocausto mas também respeito a memória do Papa”, ele disse. “O direito de um não infringe o direito do outro”.

Fonte: Estadão

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