O Vaticano condenou na quarta-feira o filme “A Bússola de Ouro”, tachado por alguns de anticristão, dizendo que ele promove a idéia de um mundo frio, sem Deus e caracterizado pela desesperança.

Num editorial longo, o jornal do Vaticano l’Osservatore Romano também fez duras críticas a Philip Pullman, autor do best-seller sobre o qual é baseado o filme de fantasia voltado ao público familiar.

Foi a crítica mais dura feita pelo Vaticano a um autor e um filme desde a condenação que fez de “O Código Da Vinci”, em 2005 e 2006.

“No mundo de Pullman a esperança simplesmente não existe, porque não existe salvação senão na capacidade pessoal e individualista de controlar a situação e dominar os acontecimentos”, disse o editorial.

O filme, que fez sua estréia neste mês e é estrelado por Nicole Kidman e Daniel Craig, é uma adaptação do livro aclamado “A Bússola Dourada”, de Philip Pullman. O longa estréia no Brasil na terça-feira de Natal.

O jornal do Vaticano disse que os espectadores honestos vão constatar que o filme é “destituído de qualquer emoção em especial, além de uma grande frieza”.

No mundo de fantasia criado pela trilogia “Fronteiras do Universo”, de Pullman, a Igreja e a instância que a rege, conhecida como Magisterium, estão ligadas a experimentos cruéis com crianças, visando descobrir a natureza do pecado, além de tentativas de acobertar fatos que prejudicariam a legitimidade e o poder da Igreja.

Na versão feita para o cinema, todas as referências à Igreja foram eliminadas. O diretor Chris Weitz não quis correr o risco de ofender o público religioso.

Mesmo assim, alguns grupos católicos nos EUA pediram um boicote do filme, temendo que mesmo uma versão suavizada do livro possa atrair as pessoas para a leitura da trilogia.

O jornal do Vaticano disse que o filme e os escritos de Pullman mostram que “quando o homem procura eliminar Deus de seu horizonte, tudo é reduzido e feito triste, frio e desumano”.

A Liga Católica dos EUA exortou os cristãos a não assistirem ao filme, dizendo que seu objetivo é “prejudicar o cristianismo e promover o ateísmo” entre as crianças.

O jornal do Vaticano disse que “A Bússola de Ouro” é o filme “mais antinatalino possível” e considerou “um consolo” o fato de a bilheteria de seu primeiro fim de semana em cartaz ter sido decepcionante: 26 milhões de dólares.

A New Line Cinema, uma unidade da Time Warner Inc., esperava que o filme arrecadasse entre 30 e 40 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana. “A Bússola de Ouro” está tendo resultados melhores fora da América do Norte.

Fonte: Reuters

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