O Vaticano está realizando a segunda edição da Clericus Cup, um campeonato de futebol que reúne seminaristas, padres e estudantes de Teologia.

Desta vez, porém, a torcida que lota o campo está tendo de moderar na animação porque, depois de muita reclamação na primeira edição, os organizadores resolveram proibir o uso de tambores, apitos e até a música reggae que acompanhava os jogos.

“Agora os torcedores podem usar só as mãos e a própria voz”, disse à BBC Brasil Felice Alborghetti, um dos organizadores, acrescentando que é proibido xingar durante os jogos.

A competição, que conta com 16 times, foi criada no ano passado por iniciativa do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, o segundo na hierarquia da Santa Sé depois do papa Bento 16 e crítico de futebol.

Para os jogadores, entre eles 16 brasileiros, a competição é uma oportunidade para praticar o esporte assiduamente e com seriedade.

“Finalmente temos uma competição profissional, com uniforme e até entrevistas para a televisão”, disse à BBC Brasil o brasileiro Igor Nicolau Istschuk, de 26 anos.

Igor é padre e joga na posição de armador no time UCRO, que reúne essencialmente seminaristas croatas e ucranianos. Entusiasmado, ele acredita que o torneio é capaz de revelar novos talentos que um dia poderiam até jogar em times profissionais da Itália.

“Eu não descarto esta possibilidade, que não seria para muitos porque tem o limite da idade. Há poucos religiosos jogando com menos de 25 anos”, disse o brasileiro.

Regras

Os organizadores da Clericus Cup afirmam que a intenção da Igreja com o campeonato é incentivar a socialização entre os religiosos que fazem sua formação nos diversos colégios e universidades pontifícias romanas, além de sensibilizá-los para a importância educativa e pastoral do esporte.

Segundo as regras do campeonato, cada instituto religioso pode inscrever mais de um time para a competição e a participação é gratuita. Cada time tem no mínimo 16 jogadores e, no máximo, 24.

As regras se baseiam no regulamento da Federação Italiana de Futebol, com algumas diferenças: as partidas têm duração de apenas 60 minutos e para expulsar um jogador de campo o árbitro usa um cartão azul em vez do vermelho. A expulsão dura apenas cinco minutos.

Mas talvez a maior diferença agora seja o comportamento das torcidas.

O brasileiro Francisco André Balieiro da Costa, do time do Colegio Caprinica, disse esperar que os torcedores se manifestem com ânimo, apesar das restrições impostas neste ano.

“A torcida é bem animada e isso nos incentiva muito. Dá um certo clima, mas sempre com respeito” disse o estudante de Teologia.

“Acho dificil que os torcedores fiquem muito quietos, e espero mesmo que não fiquem.”

Os jogos acontecem aos sábados e domingos a cada 15 dias, no campo do Oratório São Pedro. O local, que tem vista para a Basília de São Pedro, fica no bairro residencial Aurelio, logo atrás dos muros que circundam a cidade do Vaticano.

A competição começou em outubro do ano passado. As quatro equipes que vencerem as próximas partidas vão para as quartas de final, que serão realizadas depois da Páscoa. A final acontece no dia 3 de maio.

Fonte: BBC Brasil

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