Uma viagem do papa Bento 16 à China é “impensável” no momento devido à ausência de liberdade religiosa naquele país, disse uma importante fonte do Vaticano na quarta-feira.

O papa considera a melhora das relações com a China como uma das grandes metas de seu pontificado, e no ano passado um dirigente da Igreja chinesa (controlada pelo regime comunista) disse torcer para que a visita ocorra.

Mas a fonte do Vaticano, falando sob anonimato a jornalistas, disse que a viagem é impossível num ambiente de divisão entre os católicos da China, que são de 8 a 12 milhões e se dividem entre os fiéis da Igreja estatal e os membros da ala “clandestina”, leal ao Vaticano.

“Se não chegarmos a ter um nível decente de liberdade religiosa, o que o papa vai fazer em Pequim? Encontrar o presidente do país? E então só ver a comunidade oficial (pró-regime)?”

“Então, hoje, uma viagem à China é impensável, mesmo que seja o desejo do papa Bento 16. Mas hoje não há condições para que isso aconteça.”

O funcionário destacou, porém, que há melhora nas comunicações, e que a diplomacia exige tempo.

As relações entre a Santa Sé e a China tiveram maus momentos nos últimos anos. O Vaticano criticou Pequim por nomear bispos sem aprovação do papa. Em maio de 2006, Bento 16 acusou a China de “graves violações da liberdade religiosa”.

Em junho de 2007, porém, o papa divulgou uma carta pregando a reconciliação entre os católicos da China.

Semanas depois, Liu Bainian, vice-presidente da Associação Patriótica Católica Chinesa, que costuma falar em nome da Igreja pró-regime, deu entrevista a um jornal italiano no qual dizia que a carta do papa foi “um grande passo à frente”, e que torcia “com todas as forças” para que um dia Bento 16 celebrasse uma missa na China.

As relações melhorariam ainda mais em setembro, quando o Vaticano aprovou a nomeação do bispo de Pequim, que havia sido indicado pelo governo.

Fonte: Reuters

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