A grande dama do cinema francês, a atriz e diretora Jeanne Moreau, disse ontem que a Igreja Católica tem medo do cinema porque “atuar é criar vida”, algo que seria reservado ao divino.

“Com os anos, entendi a rejeição da Igreja Católica a ceder termos religiosos ao mundo do cinema, já que os atores têm pretensão de dar vida”, afirmou hoje Moreau em uma conversa com estudantes de cinema dentro da programação do Festival do Rio.

Moreau disse adorar o verbo “encarnar”, que para ela significa exatamente dar vida a um personagem fruto de uma história imaginária.

Em atividade aos 81 anos, a atriz lembrou que, em sua juventude, os diretores buscavam nela sua beleza, “não olhavam” para seu “interior”. Mas, com o passar dos anos, se tornou atriz e começou a tirar toda a riqueza do imaginário dos personagens e do universo de cada diretor.

Segundo ela, tanto no cinema, como na vida, é preciso usar “a intuição, o radar” que o artista tem para se adaptar às situações colocadas pelo interlocutor ou às exigências da personalidade diferente de cada diretor.

A musa da Nouvelle Vague disse que, para se adaptar a cada um dos papéis que protagonizou em mais de 60 anos de carreira, precisou de disposição, energia e muita curiosidade para aprender com as pessoas e seus encontros.

O Festival do Rio deste ano homenageia a carreira de Jeanne Moreau. Durante as duas semanas de evento, serão exibidos três filmes com a diva: “Le Temps qui Reste” (2005), de François Ozon; “Plus tard, tu comprendras” (2008), de Amos Gitai; e o documentário “Jeanne Moreau, Côté Cour, Côté Coeur” (2007), de Josée Dayan, Pierre-André Boutang e Annie Chevallay.

Fonte: Folha Online

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