Três pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida hoje em um ataque contra a editora Zirve, que publica bíblias e outros livros de temática cristã na cidade de Malatya, no leste da Turquia, informou a rede de notícias “NTV”.

As vítimas, com as mãos e os pés atados, foram achadas degoladas no escritório da editora por volta das 13h30 (7h30 em Brasília), disse o governador de Malatya, Halil Ibrahim Dasöz.

Uma das três vítimas morreu no caminho para o hospital em conseqüência dos ferimentos.

Dois mortos são de nacionalidade turca, enquanto o terceiro “poderia ser alemão”, disse Dasöz, sem dar mais detalhes.

Uma quarta pessoa se encontra hospitalizada em estado muito grave, após saltar da janela do segundo andar, onde ficava a editora, para escapar de seus agressores, afirmou a agência de notícias “Anadolu”.

A Polícia espera que o ferido, identificado como Emre Günaydin, possa dar mais detalhes sobre o ataque.

A Polícia de Malatya realizou várias detenções no local do crime e, até agora, quatro pessoas foram postas sob custódia da Direção Geral de Segurança para serem interrogadas.

Segundo o correspondente da “NTV” na cidade, Ilhan Atilgan, a editorial tinha recebido ameaças no passado. Grupos ultranacionalistas tinham protestado anteriormente contra a Zirve, por fazer proselitismo vendendo bíblias.

A Zirve foi criada em 2001 por três missionários protestantes e se dedicava à publicação de livros de arte, ciência e religião de caráter cristão.

Cerca de 3.500 protestantes vivem na Turquia, sendo a maioria muçulmanos convertidos, o que é muito mal visto pela sociedade.

Manifestantes protestam contra possível islamização da Turquia

Centenas de milhares de pessoas se reuniram no último sábado em Ancara, vindas de toda a Turquia, atendendo a um apelo de uma ONG defensora do laicismo para denunciar as ambições presidenciais presumíveis do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, oriundo do movimento islamita.

Os manifestantes que levavam bandeiras turcas e cartazes com as fotos do fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk, se concentraram nas quatro principais artérias da capital, Ancara, ocupando vários quilômetros até a praça de Tandogan.

A partir daí, a multidão seguiu lentamente em direção ao Mausoléu de Atatürk, perto da praça, sob o olhar discreto de 10.000 policiais mobilizados em torno.

A polícia calculou a afluência de mais de 300.000 pessoas.

Os organizadores afirmaram que um milhão de cidadãos de todo o país se somaram à “marcha pela República”.

À entrada no Mausoléu de Atatürk, que foi o primeiro presidente da Turquia, de 1923 a 1938, a multidão aplaudiu longamente o revezamento da guarda de honra na frente do edifício.

“A nação está orgulhosa de vocês” – os participantes gritavam para os soldados.

Ao contrário do silêncio respeitoso habitual, os manifestantes gritavam slogans tais como “a Turquia é leiga e assim ficará!” E ainda: “um imã não pode tornar-se presidente”.

Participavam Deniz Baykal, líder do principal partido da oposição, o Partido republicano do povo (CHP, centro-esquerda), e Zeki Sezer, do Partido da esquerda democrática (DSP).

Erdogan, que não se pronunciou ainda sobre a eventual candidatura à eleição presidencial, em maio, vem causando polêmica.

A hipótese de sua candidatura provoca um verdadeiro protesto entre os defensores da laicidade turca.

O prazo final para apresentar candidaturas vai até a meia-noite do dia 25 de abril.

“Deus nos livre da sharia”, a lei islâmica, declarou à AFP a professora aposentada Mehlika Ereceklera, participante da manifestação.

Numerosos defensores da laicidade rejeitam a idéia de que Emine Erdogan, a mulher do primeiro-ministro que se apresenta sempre com o véu, possa tornar-se a primeira-dama do país.

Fonte: EFE e Porta Abertas

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