O governo angolano está preocupado com o número crescente de seitas e igrejas não reconhecidas no país, disse à Agência Lusa a diretora do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), Fátima Viegas.

Em Angola existem 902 igrejas à espera de reconhecimento jurídico e 83 com estatuto legal.

Um número significativo destas organizações que buscam legalização junto às autoridades locais são consideradas sem condições para que sejam reconhecidas.

Viegas disse que o governo de Angola considera um processo “extremamente preocupante”, a proliferação de instituições religiosas, muitas delas longe de preencherem os requisitos mínimos para serem reconhecidas.

A diretora do INAR afirmou que até 2007 estavam aguardando pelo reconhecimento legal 729 confissões religiosas, e em 2008 este número subiu para 902.

Para a legalização de igrejas a lei angolana exige, entre outros requisitos, que estas tenham um mínimo de 100 mil fieis, todos cidadãos nacionais devidamente identificados.

Um outro quesito tem a ver com representação da confissão religiosa em dois terços do país, ou em 12 das 18 províncias, além de um conjunto de princípios doutrinários de acordo com a doutrina que ela professa.

Viegas também considerou esta realidade “extremamente preocupante” devido “à qualidade” das instituições que se apresentam como religiosas.

Católicos

Também a Igreja Católica de Angola demonstra apreensão pela dimensão do fenômeno no país.

D. Damião Franklim, arcebispo de Luanda e presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), admitiu um “acelerado avanço” de várias seitas religiosas.

A resposta da Igreja Católica, que agrega cerca de 60% dos cristão angolanos, tem sido no sentido, acrescentou Franklim, de procurar transmitir aos fiéis e aos de outras igrejas cristãs “bons exemplos” na procura de influenciar que sejam “igrejas vivas”.

“Penso que esse (a influência) é uma grande contribuição para que, efetivamente, (se transmita) a essas igrejas que estão nascendo ou outras seitas qual é o seu fundamento”, afirmou o arcebispo de Luanda.

Ele também se diz convencido de que “a partir do momento em que se vive os compromissos”, se consegue encontrar o melhor modo de combatê-las.

O surgimento de centenas de igrejas, na esmagadora maioria evangélicas, são parte da realidade religiosa que o Papa Bento 16 vai encontrar em Angola em sua visita, a primeira do seu pontificado ao continente africano, programada de 20 a 23 de março.

Fonte: Angola Press

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