Um dia após o padre José Afonso Dé, de 74 anos, ser indiciado por abusos sexuais contra jovens entre 13 e 16 anos, o bispo de Franca, no interior de São Paulo, Pedro Luiz Stringhini, comunicou formalmente o caso à Nunciatura Apostólica, que funciona como uma embaixada do Vaticano no País, com sede em Brasília.

“Nesse momento, o caso está com a Justiça e temos que esperar o desfecho”, disse o bispo, que não quis comentar sobre possível abertura de processo canônico contra Dé.

Hoje, Dé afirmou aos jornalistas, em entrevista coletiva, que é inocente e aguarda posições da Justiça e da Igreja. “Meu futuro está nas mãos de Deus; eu amo a minha igreja, eu amo o meu sacerdócio e, em razão disso, eu vou até onde der.” Ele elogiou a atitude de Stringhini no caso e espera a definição de seu futuro.

Ele disse que ficou perplexo com as acusações, e que os beijos citados pelos garotos não foram lascivos e que sempre foi afetivo, desde pequeno, mas que seu ato pode ter sido interpretado de maneira errada. Sobre tocar os genitais dos meninos, ele garantiu que tais fatos não ocorreram.

“Nunca me aproximei deles com desejos sexuais, mas com carinho e atenção”, disse, reconhecendo, entretanto, que teve atrito com dois garotos após um sermão, com ofensas desferidas de ambos os lados. “Meu pecado foi entrar na deles.” O pároco, que abraçaria e perdoaria seus acusadores, citou que fez brincadeiras com os meninos, após missas em tardes de quintas-feiras, em sua casa, em janeiro e fevereiro, mas sem qualquer conotação sexual.

Os advogados do sacerdote alegam que depoimentos são contraditórios e que pessoas que teriam presenciado algumas situações e que poderiam atestar a inocência de Dé não foram ouvidas pela polícia. Também entendem que a capitulação de estupro não se aplica ao caso. A delegada do caso deverá fechar o inquérito policial amanhã. Se o caso seguir adiante, as tais testemunhas serão arroladas pela defesa do padre.

Dé afirmou também que não pensa em renunciar à sua carreira de padre. Caso seja punido pela Igreja, e proibido de continuar exercendo as atribuições religiosas, o que já está ocorrendo, ele frisou: “Se, por acaso, isso acontecer, vou evangelizar onde eu estiver.”

Ele acrescentou que não tem mais desejo sexual, como é natural do homem, pois há mais de seis anos fez cirurgia da próstata e depois outras três operações, que o impedem de ter ereção – nenhum menino citou qualquer tipo de relação sexual com o sacerdote. “Fisicamente estou impedido disso”.

Fonte: Agência Estado

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