Belém encerrará o ano com o maior fluxo de turistas e peregrinos desde o início da Segunda Intifada, em 2000, apesar de a cidade estar isolada pelo muro de separação israelense, prevê o seu prefeito, Victor Batarseh.

A cidade da Cisjordânia onde Jesus nasceu, de acordo com a tradição cristã, recebeu 460 mil turistas nos primeiros 11 meses do ano, segundo Batarseh.

Em dezembro, Belém receberá de 170 a 180 mil pessoas a mais. A maioria do público é composta por peregrinos que viajam à Terra Santa no Natal, diz o prefeito.

A cidade é governada pelo Hamas. Mas o seu prefeito sempre é um cristão, segundo uma tradição criada por Yasser Arafat.

A previsão é de que o ano terminará com cerca de 600 mil visitantes, praticamente o dobro de 2005. No entanto, as estimativas não chegam nem à metade dos números registrados em 2000. Naquele ano, o então Papa João Paulo II visitou Belém meses antes da eclosão da Segunda Intifada, que prejudicou o turismo na região.

“Esperamos que o número de visitantes cresça ainda mais porque agora todo mundo sabe que Belém é segura”, diz o prefeito.

A Prefeitura já começou a decorar a cidade para o Natal. A verba para a decoração, de US$ 50 mil, foi dada pela Autoridade Nacional Palestina.

As principais ruas e a Basílica da Natividade serão iluminadas no sábado. Mas o principal e mais tradicional evento é a procissão do patriarca latino de Jerusalém, Michel Sabah, no dia 24 de dezembro.

Em seguida virá a Missa do Galo na Igreja de Santa Catarina, com a presença do presidente palestino, Mahmoud Abbas.

O prefeito quer que os turistas e peregrinos “fiquem nos hotéis, comam nos restaurantes e usem as instalações de Belém, de modo que o povo entre em contato com eles e se beneficie de sua presença”.

A maioria dos grupos de turistas fica hospedada em outras cidades e vai a Belém apenas para visitar os lugares santos e algumas lojas.

“Se não quiserem passar a noite, que pelo menos fiquem algumas horas pela cidade e entrem em contato com os aldeões”, acrescenta Batarseh, pedindo aos cristãos de todo o mundo que visitem o berço de Jesus “em solidariedade aos seus habitantes”.

Na verdade, a cidade precisa das visitas, pois está sendo castigada pela construção de um muro israelense de até oito metros de altura. Assim, fica separada de Jerusalém, que se localiza a apenas oito quilômetros de distância.

“Peregrinação, turismo, emprego e agricultura, todas as nossas fontes de renda foram afetadas pela barreira”, denuncia Batarseh. O muro cerca a cidade em três direções.

A obra “teve um terrível efeito sobre a economia, porque atingiu tanto o turismo e a peregrinação quanto os operários que antes iam a Jerusalém e dos quais agora apenas 10 a 15% têm permissão de Israel para entrar na cidade”, lamenta Batarseh.

Alunos e professores também foram prejudicados. Antes, eles chegavam a Jerusalém em apenas 15 minutos.

Quanto à agricultura, o prefeito de Belém se queixa de que “a maioria da terra cultivada foi confiscada para construir o muro e todas as oliveiras agora estão do outro lado”.

O muro, denuncia, causou impacto na “saúde física e mental” dos 200 mil habitantes de Belém.

“Eles se sentem como se estivessem vivendo numa grande prisão.

Também não podem receber atendimento médico especial, a não ser que tenham autorização de Israel. Se estiverem numa ambulância, têm que ser transferidos a uma outra israelense no posto de controle militar”, conta.

Fonte: Último Segundo

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