Encarregada de assuntos ligados à organização norte-americana exige sua interdição na Alemanha. Sem ser abalada por protestos ou debates, a Cientologia persegue seu alvo em Bruxelas: o reconhecimento como religião.

Para Ursula Caberta, a questão é unívoca: “A Cientologia é uma perigosa organização extremista, que declarou a guerra à Europa”. A encarregada da cidade de Hamburgo para assuntos ligados à Cientologia acompanha o movimento desde 1992.

Nesta terça-feira (07/08), ela apresentou seu Schwarzbuch Scientology (Livro negro da Cientologia) e, juntamente com o secretário do Interior de Hamburgo, Udo Nagel, pleiteou a interdição da organização.

Medalha de guerra para Cruise

Representantes dos social-democratas (SPD) e democratas cristãos (CDU), partidos que formam a atual coalizão de governo, se pronunciaram imediatamente contra uma medida tão sumária. “Não há chances realistas” ou “as provas não bastam”, alegou Berlim.

Segundo o deputado verde Volker Beck, só haveria perspectivas de proibição se fosse provado que o movimento – fundado na década de 1950 pelo autor norte-americano de ficção científica L. Ron Hubbard – também persegue seus fins anticonstitucionais através de meios “militantes ou agressivos”.

Porém Caberta não tem qualquer dúvida quanto a isto e cita como exemplo os postulados marciais dos cientologistas: “A Alemanha, a França e a Bélgica são consideradas nações repressivas, a serem conquistadas”. A especialista lembra que o astro hollywoodiano Tom Cruise recebeu “uma medalha de coragem da Cientologia, as quais normalmente só são concedidas por atividades guerreiras”.

Ameaça à saúde

“A Cientologia é perigosa, pois os métodos vendidos sob esta marca registrada ameaçam a saúde dos ‘clientes'”, afirma Ingo Heinemann, porta-voz da associação federal para aconselhamento sobre seitas AGPF.

Segundo ele, as conseqüências seriam a dependência psíquica e a destruição das ligações pessoais e familiares. Os não-cientologistas estariam privados de direitos humanos. Permanece controvertido se tais argumentos bastam para uma proibição.

No momento, o Departamento alemão de Defesa da Constituição observa a seita em cinco dos 16 estados federados alemães. Na França, há mais de um ano corre processo pela proibição da Cientologia.

Locação privilegiada em Bruxelas

Sem ser abalada por estas e outras manifestações de resistência, a organização continua seu trabalho missionário na Europa, adverte Caberta. Desde 2003, a Cientologia mantém em Bruxelas seu escritório em excelente locação, entre a Comissão Européia e o Parlamento Europeu.

De lá, ela se dedica à sua meta principal: o reconhecimento abrangente como religião. “Em 2006, os ativistas juraram, durante um evento fechado, se empenhar por um clima midiático positivo na Europa, em prol desta meta”, revela a especialista em Cientologia.

Na Alemanha, a estratégia parece haver falhado, a julgar tanto pelas recentes reivindicações de interdição como pelo novo debate sobre os métodos da seita.

Fonte: DW World

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