Elas disseram que sofreram algum tipo de abuso sexual por parte de Reginaldo Sena dos Santos, o “Ungido”, de 58 anos.
Em Volta Redonda, policiais da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) registraram ontem (6) o depoimento do outras cinco meninas – duas irmãs de 7 e 13 anos, outras duas de 14 e uma de 12. Elas disseram que sofreram algum tipo de abuso sexual por parte de Reginaldo Sena dos Santos, o “Ungido”, de 58 anos. Ele foi [img align=left width=300]http://diariodovale.uol.com.br/conteudo/imagens/internas/dsc05406_1_2.jpg[/img]preso sábado, na sua casa, no bairro Retiro, onde foram encontradas duas meninas de 8 e 10 anos, que disseram que tiveram relações sexuais com o suspeito.
O conselheiro tutelar Antônio Souza Luiz afirmou que Reginaldo Sena era conhecido apenas como “Ungido” pelos moradores do Açude I, bairro de classe média baixa. Segundo Antônio Souza, só hoje a polícia descobriu que o suspeito não está inscrito em nenhuma instituição religiosa. Ainda de acordo com Antônio Souza, foram encontradas carteiras falsificadas e um dos documentos tinha a foto de Ungido, como se ele estivesse inscrito na Igreja Pentecostal Missionária, do Açude.
– Durante 15 anos, ele conseguiu enganar a comunidade do Açude, dizendo que era pastor. Ungido realizava os cultos evangélicos nas casas de pessoas humildes que confiavam plenamente nele. Acreditavam tanto, a ponto de deixar suas filhas sozinhas na casa dele no bairro Retiro, pensando que elas iriam aprender músicas religiosas – contou o conselheiro tutelar.
Ele informou que vai investigar se algum parente das meninas era conivente com os atos praticados por Ungido. Antônio Souza afirmou que só levará as vítimas para abrigos municipais, se for provado que houve negligência por parte dos pais ou responsáveis.
Ungido foi preso no fim da tarde de sábado, após agentes do Serviço de Inteligência (P-2) do 28º Batalhão da PM receberem uma denúncia anônima. No imóvel dele, os policiais encontraram duas meninas de 8 anos, que foram submetidas a exames no IML (Instituto Médico Legal), de Volta Redonda.
Na Deam, elas disseram que mantinham relações sexuais com Ungido. O exame feito no IML confirmou que uma delas não é mais virgem.
O delegado Michel Floroschk, que no fim de semana comandava os flagrantes em Volta Redonda e em Barra Mansa, disse que a criança que ainda é virgem praticava sexo interfemoral (sem penetração) com Ungido.
– Fato que não deixa de ser considerado estupro – explicou Floroschk, que indiciou Ungido por estupro de vulnerável.
As duas meninas disseram, em depoimento, que foram levadas pelos pais delas, por volta das 9h de sexta-feira, para a casa de Ungido, para que tivessem aulas de violão e canto.
Elas contaram que ficaram sozinhas com Ungido, mas que no sábado os policiais as levaram para a delegacia. Segundo o delegado, Ungido mandou que as duas meninas tirassem as roupas e ele ficou de cuecas. Ainda de acordo com o policial, o suspeito beijou as garotas na boca e na manhã de sábado ele deitou sobre uma delas e manteve relações sexuais.
– As menores disseram que o suspeito passava pomadinhas nelas antes de ter relações sexuais – falou o delegado.
Já as outras meninas que compareceram hoje à Deam também disseram que foram beijadas na boca por Ungido, além de sofreram outros tipos de abusos. Elas serão submetidas a exame no IML.
[b]Suspeita de pedofilia
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Na casa do suspeito de pedofilia, a polícia apreendeu cinco calcinhas infantis, três tubos de pomada vaginal com aplicador, lubrificantes íntimos e duas seringas de nove milímetros. Ainda foram encontrados dois preservativos contendo esperma, nove pen drives, três HDs, sacos de biscoito, material escolar e refrigerantes.
Os agentes da P-2 flagraram o pastor com as duas meninas de 8 anos quando elas estavam na casa dele, na Rua Ceará, onde as crianças disseram também para os PMs que mantinham relações sexuais com Ungido. Elas contaram ainda que ele aplicava injeções nelas todas as vezes que praticava o ato.
– As meninas não souberam explicar por que Ungido aplicava injeção nelas. Em troca de relações sexuais ou carícias, ele dava presentes, biscoitos, material escolar e refrigerantes – falou o delegado.
Segundo o policial, Ungido fazia de tudo para atrair as meninas para a casa dele. A delegada titular da Deam, Giselle do Espírito Santo, vai prosseguir com as investigações.
A policial vai mandar periciar o material apreendido, como os pen drives e os HDs. A intenção é encontrar outras provas que possam incriminar ainda mais o suspeito.
O pai de uma das meninas de 8 anos, um aposentado de 44, disse que está decepcionado com Ungido e clamou por justiça. Já a avó das duas irmãs de 7 e 13 anos afirmou que Ungido dizia que era pastor.
– Confiava muito nele, estou decepcionada. Crio essas meninas desde pequenas. O pai, que mora em Inhaúma, no Rio, as abandonou. Já a minha filha tem problemas mentais. Só quando elas souberam que Ungido tinha sido preso foi que resolveram contar que há cerca de dois anos também foram abusadas por ele – contou a idosa de 66 anos.
A delegada Giselle solicitou que outras vítimas de Ungido compareçam à Deam para fazer o reconhecimento do suspeito. A polícia informou ainda que qualquer denúncia contra ele pode ser feita, mesmo que anonimamente.
Ungido deverá ser transferido para a Casa de Custódia de Volta Redonda. Ele negou que tenha abusado de alguma criança.
[b]Entenda o caso
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Agentes do Serviço de Inteligência (P-2) do 28º Batalhão da PM (Volta Redonda), na tarde de sábado, foram apurar uma denúncia anônima. Eles foram até uma casa na Rua Ceará, no bairro Retiro, onde prenderam Reginaldo Sena dos Santos, o “Ungido”, de 58 anos.
Segundo policiais, ele se passava por pastor e usava documentos falsos. No imóvel, foram encontradas duas meninas de 8 e 10 anos. Elas e Ungido foram levados para a Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) – elas disseram que mantinham relações sexuais com o suspeito.
Em seguida, foram examinadas no IML (Instituto Médico Legal) de Volta Redonda, onde o legista constatou que o hímen de uma delas está rompido. Constatou-se que a outra criança é virgem.
Por isso, o delegado Michel Floroschk, que no fim de semana comandava os flagrantes em Volta Redonda e Barra Mansa, indiciou Ungido por estupro de vulnerável.
Além do crime, ele terá mais um agravante em sua pena, caso seja condenado, pelo fato de ter praticado delito contra criança até 14 anos.
– Uma das crianças disse que teve relações sexuais anteriormente com o pastor. Seu hímen está rompido, mas a região vaginal não apresenta lesões recentes. Com a outra criança, embora virgem, Ungido mantinha relação sexual interfemoral (sem pentração) e praticava outros atos libidinosos, fato que também é caracterizado como estupro – explicou o delegado.
Elas contaram que Ungido aplicava injeções nelas todas as vezes que praticava o ato.
– Acredito que a substância deveria ser para que elas não sentissem dor na hora do ato sexual ou um tipo de anticoncepcional – falou um dos agentes, acrescentando que na casa de Ungido foram encontrados filmes infantis.
Segundo o delegado, Ungido fazia de tudo para atrair as meninas à casa dele. Floroschk vai mandar periciar o material apreendido.
As duas crianças contaram aos agentes que estavam nuas, mas que Ungido as mandou vestir as roupas depressa, quando bateram na porta. Um dos agentes disse que o suspeito demorou cerca de dez minutos para atendê-los.
– Nesse intervalo, olhei pela fresta da porta da sala. Ele andava para lá e para cá, muito assustado. Também vi Ungido entrando correndo no banheiro e dando descarga com insistência. Parecia que estava querendo se livrar de alguma coisa – completou o policial.
Ele também disse ter visto quando o pastor mandou as duas meninas, que são amiguinhas, sentarem em frente a um teclado. O agente disse que também ouviu quando as crianças começaram a cantar músicas evangélicas.
Ainda de acordo com a versão da polícia, Ungido abriu a porta, mas antes perguntou se era algum vizinho que estava chamando.
– Respondi que era. Em seguida, após ele abrir a porta, revelei que era policial. Assim que encontramos o material que o incriminava dei voz de prisão e o levamos para a Deam de Volta Redonda, junto com as duas meninas. Elas me pediram se poderiam antes retornar à casa de Ungido, porque as roupas que estavam vestindo não eram as mesmas de quando chegaram à casa do suspeito – disse o policial.
Segundo os agentes, na Deam, as duas crianças confirmaram a mesma história que já tinham contado para os policiais militares quando foram encontradas na casa de Ungido.
[b]Negou a acusação
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Ungido disse que as meninas iam para sua casa para estudar música. Ele apresentou uma carteira com sua foto da Igreja Pentecostal Missionária, mas os policiais descobriram que é falsa.
Os pais das crianças chegaram em seguida à delegacia. A mãe de uma das meninas, que é missionária evangélica, ficou em estado de choque quando soube do motivo pelo qual sua filha estava numa delegacia.
As duas crianças, sem noção da gravidade da situação, brincavam de correr entre as mesas dos policiais plantonistas da Deam. A avó de uma outra menina, uma idosa de aproximadamente 70 anos, chegou a dizer que não acreditava que Ungido abusava sexualmente da neta dela.
Os cultos eram realizados na casa da idosa, no bairro Açude I, porque Ungido não tinha igreja para pregar o evangelho. O pai de uma das crianças, um aposentado de 44 anos, disse que nunca imaginaria que Ungido cometesse um crime contra sua filha.
Ele confirmou que a menina frequentava a casa de Ungido há anos, mas que nunca desconfiou de nada, nem a criança também jamais insinuou algo a respeito.
– Não acredito que ele (Ungido) abusava assim da minha filha. Confiava plenamente nele, inclusive minha outra filha de 15 anos também chegou a frequentar a casa dele – contou o aposentado.
O conselheiro tutelar Antônio de Souza Luiz entregou uma das meninas a uma tia dela, porque a avó, que alegou não acreditar na acusação contra Ungido, poderia pressionar a neta. Segundo Antônio Souza, a intenção foi evitar que a criança passasse por esse constrangimento por parte da avó.
[b]Fonte: Diário do Vale[/b]