Crucifixo sobre sangue (Foto: Reprodução/Flickr)
Crucifixo sobre sangue (Foto: Reprodução/Flickr)

Em entrevista exclusiva ao site da Revista Comunhão, correspondente internacional no Oriente Médio narra o drama de cristãos que vivem em países muçulmanos.

Cristãos monitorados por câmeras dentro da igreja, Bíblias escondidas, cultos secretos. A vida de quem ama a Jesus em países muçulmanos, onde prevalece a religião Islâmica, ser cristão é mais do que uma prova de amor e fé a Cristo: é um desafio de vida ou morte. Para falar sobre esse drama, Comunhão entrevistou com exclusividade a libanesa Leyla Samar, correspondente internacional da Portas Abertas, organização cristã que há mais de 60 anos ajuda cristãos perseguidos em países onde não há liberdade religiosa.

Ela veio da Síria e chegou ao Brasil na sexta-feira (20), onde ficará até o dia 05 de novembro dando palestras em várias igrejas no país, relatando o que tem vivido na pele. A correspondente mora há quase 20 anos em regiões de conflitos religiosos, sociais e étnicos, e atua no Departamento de Comunicação no Oriente Médio e Norte da África.

“Se descobertos, eles (os cristãos) perdem empregos, são expulsos de casa, da comunidade, mulheres convertidas do islamismo para o cristianismo são expulsas, ficam vulneráveis a tudo e podem até perder a guarda dos filhos”, relata a Samar.

Leyla é a responsável em desenvolver e implementar estratégias de comunicação em áreas de forte influência muçulmana. Ela foi preletora em um painel de discussão da Organização das Nações Unidas (ONU) em Singapura, em 2015, e na Bond Conference, o maior evento sobre desenvolvimento internacional da Europa, em 2018. A entrevista está imperdível, confira:

Comunhão: De que forma o Islã tenta impor a sua doutrina?
Leyla Samar: Dos 50 países da Lista Mundial da Perseguição em que os cristãos são perseguidos, 30 países têm como fonte de perseguição a Opressão Islâmica. Isso pode ser feito gradualmente por um processo de islamização sistemática (aumentando a pressão) ou repentinamente pelo uso da força militante (violência) ou por ambos. Muitos lugares (cidades e até países inteiros) são governados pela Sharia, conjunto de leis que tem como base as regras do islamismo.

E como vivem os cristãos nessas áreas?
Quando falamos de países absolutamente islâmicos e que é proibido ter cristãos, falar de Cristo ou até mesmo se declarar cristão, como os Emirados Árabes, Turquia, Irã entre outros, é proibido. Nesses países os cristãos são secretos, se reúnem secretamente, mantém as bíblias escondidas e não se declaram a ninguém como cristãos. Muitas vezes, nem à própria família. Se descobertos, eles perdem empregos, são expulsos de casa, da comunidade, mulheres convertidas do islamismo para o cristianismo são expulsas, ficam vulneráveis a tudo e podem até perder a guarda dos filhos.

A situação é pior em locais de conflitos?
Quando falamos em área de conflitos, temos vários contextos. Por exemplo, na Nigéria ou Quênia – que têm conflitos internos entre rebeldes e forças do governo – o cristão fica no fogo cruzado, sendo perseguido por grupos paramilitares ou radicais islâmicos e sem o auxílio do governo. O mesmo acontece em países como Iraque e Síria, em que os cristãos se encontram entre duas forças opostas e ainda têm que enfrentar o Estado Islâmico que quer estabelecer um califado nesses países.

Algo parecido ao que acontece na Palestina?
O mais recente desses conflitos, entre Israel x Palestina, mais uma vez coloca o cristão, que já era perseguido pelas duas religiões predominantes (islamismo e judaísmo), em estado de vulnerabilidade. Nesses casos, os cristãos não recebem proteção de nenhuma das partes em conflito e, muitas vezes, têm casas, regiões, hospitais, comércios, escolas e igrejas bombardeadas, como aconteceu recentemente na região Israel x Gaza, com uma igreja e uma escola cristã bombardeadas.

Poderia destacar as principais dificuldades dos cristãos nesses lugares?
São muitas: apoio logístico, quando têm que sair do local, apoio para ficar quando não querem ou não podem sair, apoio psicológico, socioeconômico e físico. Apoio espiritual. E as dificuldades já explanadas na questão anterior. Por exemplo, o Irã é um dos países com o maior número de cristãos presos, junto com Paquistão e Coreia do Norte. Nesses países é proibido fazer evangelismo e o fato de citar o nome de Jesus ou fazer apologia religiosa (cristã) é considerado crime contra a segurança nacional ou traição ao país. Aos cristãos é renegado o direito de defesa e a Portas Abertas atua junto com esses cristãos com apoio jurídico.

Há algum país islâmico em que o cristão não é perseguido?
Nesses países em que a fonte de perseguição é a opressão islâmica e as leis do país corroboram para a perseguição, todo cristão é perseguido. Existem países, por exemplo, fora dessa região ou dessa fonte de perseguição que nem todo o cristão é perseguido. Se formos falar sobre a América Latina, por exemplo, a Colômbia é um país considerado religiosamente livre, existem todas as denominações religiosas no país e as leis federais e a constituição garantem a livre expressão religiosa. Mas se formos para o interior do país, onde as guerrilhas, o tráfico de drogas e as milícias imperam, o cristão é fortemente perseguido, podendo ser expulso de sua comunidade, ter os filhos aliciados ou sequestrados por gangues e guerrilhas e pode até ser morto.

Um missionário sofre algum tipo específico de perseguição?
Em países em que há perseguição e o cristão tem de viver de forma secreta, muitos não ousam falar de Jesus e a presença de um evangelista ou líder religioso é importante para a propagação do Evangelho. Mas, no geral, cada cristão perseguido é um evangelista e fala do amor de Deus a quem está por perto. A diferença se dá na cultura local e no quão próximo é o perseguidor (muitas vezes pais, irmãos, esposos e esposas não podem sequer saber da conversão de um cristão e isso o impossibilita de falar de Jesus para a própria família).

Como você vê o futuro das missões nesses locais?
O crescimento do cristianismo nesses locais se dá de forma orgânica. É natural em um local em que há um cristão ou um grupo de cristãos, o Evangelho ser propagado. A Portas Abertas investe nesse tipo de missão. Esse cristão local deve ser cuidado, apoiado, consolado e discipulado, treinado, para que vire um líder cristão e que propague a crença dele para outros. Por isso, também fortalecemos o cristão local para que ele fique no país (o quanto for seguro para ele). Por exemplo, trabalhamos com os deslocados internos (que saem de sua região para outra no mesmo país), pois entendemos que enquanto ele está no país dele, o cristianismo não vai desaparecer ali.

Acredita que a tecnologia, como a Inteligência Artificial, pode ajudar nesse processo de evangelização?
Como trabalhamos com a perseguição a cristãos, não sei te falar sobre a questão de evangelização por meios tecnológicos. Mas posso afirmar que a perseguição tecnológica tem crescido a cada dia, como na China e no Vietnã, em que os cristãos são monitorados por câmera até mesmo dentro de igrejas autorizadas pelos governos (que autorizam apenas a frequência de cristãos estrangeiros a essas igrejas). O reconhecimento facial e as câmeras espalhadas por todo o país, com a pretensão de segurança, na verdade monitora atividades cristãs clandestinas, entregas de bíblias e material cristão, reuniões e pequenos grupos, células e igrejas domésticas, entre outros.

Correspondente Leyla Samar no Brasil – 20/10 a 05/11 de 2023:

SÃO PAULO – 20 a 24 de outubro

22/10 – Domingo às 10h30
Igreja Batista Central de Santo André
Av. Industrial, 2234 – Campestre
Santo André/SP

22/10 – Domingo às 17h
Bola de Neve – São Vicente
Av. Embaixador Pedro de Toledo, 686 – Centro
São Vicente SP

23/10 – Segunda às 20h
Assembleia de Deus
Rua Nolasco da Cunha, 151, Jardim Manaca
São Paulo/SP

24/10 – Terça-feira às 19h45
Igreja Evangélica Comunhão e Adoração Plena
Rua Clementina, 511, Vila Virginia
Itaquaquecetuba/SP

RIO DE JANEIRO – 26 de outubro a 01 de novembro

27/10 – Sexta-feira às 20h
Igreja Batista Atitude Barra da Tijuca
Rua Silvio da Rocha Pollis, 751 – Barra da Tijuca
Rio de Janeiro/RJ

29/10 – Domingo às 10h
Igreja Batista do Meier
R. Hermengarda, 31 – Méier
Rio de Janeiro/RJ

29/10 – Domingo às 18h
Igreja Missionária Evangélica Maranata Caxias
R. Humberto de Campos, 107 – Vila Meriti
Duque de Caxias/RJ

30/10 – Segunda-feira às 20h
Primeira Igreja Batista em Cerâmica
Rua Dona Cesária, 119 – Cerâmica
Nova Iguaçú/RJ

31/10 – Terça-feira às 19h
Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Itaoca
Avenida Itaoca 1701 – Bonsucesso
Rio de Janeiro/RJ

01/11 – Quarta-feira às 19h30
Primeira Igreja Batista de Campo Grande
R. Ferreira Borges, 54 – Campo Grande
Rio de Janeiro/RJ

BELO HORIZONTE – 02 a 05 de novembro

02/11 – Quinta-feira às 20h
Igreja Batista do Barro Preto
Av. Augusto de Lima, 1962 – Barro Preto
Belo Horizonte/MG

03/11 – Sexta-feira às 20h
Igreja Batista Central do Barreiro
Rua Barão de Coromandel, 671 – Barreiro
Belo Horizonte/MG

04/11 – Sábado às 18h30
Igreja Batista da Lagoinha (Rede de Adolescentes)
Rua Itapetinga, 87 – São Cristóvão
Belo Horizonte/MG

05/11 – Domingo às 9h
Oitava Igreja Presbiteriana
Rua Nestor Soares de Melo, 15 – Palmares
Belo Horizonte/ MG

05/11 – Domingo às 18h
Igreja Batista Central de Venda Nova
Rua Farmacêutico Raul Machado, 239 – Candelária
Belo Horizonte/MG

Para mais informações, clique aqui.

Fonte: Comunhão

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