CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE PARA A RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM

Criança na escola com livro na cabeça
Criança na escola com livro na cabeça

No seu prefácio à Aichhorn, Freud (1937) constata que “nenhuma das aplicações da psicanálise excitou tanto interesse e tantas esperanças, e nenhuma, por conseguinte,atraiu tantos colaboradores capazes quanto seu emprego na teoria e na prática da educação” (p. 282).

Por vezes, Freud [1932] (1996) referiu-se à educação com críticas, por ser a produtora das neuroses. No texto sobre os Três Ensaios sobre a teoria da Sexualidade [1901/1905] (1996), Freud apresenta as bases de temáticas importantes para a articulação entre psicanálise e educação: a sublimação, o desejo de saber e a sexualidade infantil. O que o autor apresenta neste clássico é a relação entre as pesquisas infantis à curiosidade sexual, o desejo de saber interligado com a sexualidade.
“Os diferentes trajetos por onde passa a libido relacionam-se mutuamente, desde o início, como vasos comunicantes” (p. 143).

Educar é transferir um legado de pai para filho. Partindo da suposição de que a relação pedagógica está implícita na relação humana, a educação se desenvolve muito mais pelo laço que se estabelece do que pelo conhecimento adquirido que expressamos ao outro. (MARIOTTO, 2017, p. 03).

Descartar as experiências do aluno é, talvez, descartar a possibilidade de compreender as dificuldades e inibições no processo de ensino-aprendizagem, pois muitas vezes, o aluno refugia no não-saber aquilo que inconscientemente ele não quer saber. Nezan (2006) menciona isto quando fala que o sujeito inibido é aquele que faz um não-saber sobre o não saber. O caso Tobias, citado por Nezan (2006) retrata histórias de milhões de Tobias encontrados em várias escolas do País, que sofrem de uma inibição intelectual que dá vasão ao insucesso escolar. Freud afirma claramente que a inibição é “expressão de uma restrição de uma função do eu” (1926, p. 109), ou seja, uma verdadeira renúncia à função. Ocorre que nem sempre o professor tem habilidade para manejar os recalques de um aluno que se constitui em um ambiente antagônico ao seu desenvolvimento saudável. Cabe destacar que nem mesmo àqueles a quem é conferido a função parental têm o conhecimento dos prejuízos que uma relação fragilizada implica na constituição subjetiva da criança.

Cordiè (1996) menciona a diferença entre ato e ação inferindo que a ação é da ordem da vontade, enquanto o ato é da ordem do inconsciente. Os pais podem saber como agir, porém, não tem consciência como vão atuar. Quando os pais, diante do filho, perdem o posto de suposto saber, a criança pode transferir ao professor esta função.

Santos (2004, p. 03) assinala:

O aluno tem no professor aquele que tudo sabe sobre seu desejo, o Sujeito Suposto Saber. A transferência tem o Sujeito Suposto Saber como princípio constitutivo, pois, em simetria tem-se um sujeito que demanda de amor e de reconhecimento.

Diante do que foi encontrado na literatura, o professor não está no lugar do pai e da mãe, nem tampouco, no lugar do psicanalista, entretanto, ao ocupar o lugar transferencial, onde a criança confia a ele o posto do Ser que sabe, cabe a este compreender a singularidade de cada um, e despertar no aluno o desejo de saber, numa relação de afeto, confiança e aprendizagem. Freud afirma claramente que a inibição é “expressão de uma restrição de uma função do eu” (1926, p. 109), ou seja, uma verdadeira renúncia à função.

Helena Chiappetta
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Atendimento Psicológico Clínico
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