DEUS QUIS O VERDE 🌳 O HOMEM A ESCURIDÃO 🌒 O desafio atual de construir uma bioteologia

Meio ambiente e sustentabilidade
Meio ambiente e sustentabilidade

“… a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”.

S. Paulo aos Romanos 8.21-22

Dias difíceis, estamos vendo o Brasil ser arrasado em sua imagem devido a tragédia das queimadas criminosas e pelo desmatamento ilegal em nossa Amazônia Verde, onde chegou ao absurdo de que a água da chuva na região metropolitana da cidade de São Paulo ficou escura e com odor de fuligem por conta das queimadas a milhares de quilômetros de distância da Região Norte do país. 

Como se não bastasse o ocorrido, agora uma segunda tragédia ambiental em proporções avassaladoras em nossa Amazônia Azul na costa do Nordeste em sua fauna e flora litorânea a qual foi afetada pelo maior desastre de derramamento de petróleo em alto mar que já atingiu o Brasil.

Como pode tragédias como estas não afetar a vida das pessoas, dos brasileiros como um todo? Concluímos que não existe lado de fora quando de trata de meio ambiente. Todos estamos dentro do mesmo planeta, logo não existe o “lado de fora”.

O governo federal acordou muito tarde para perceber que cuidar do meio ambiente não é política de comunista ou de ambientalistas fanáticos(as). Comida não nasce em asfalto. Um smartphone é importante mas não é essencial para a vida. Água e alimento, sim, estes são essenciais para a manutenção da vida que Deus nos oferece nesta existência.

Qual o nosso papel como cristãos na preservação do meio ambiente?

Como professor de teologia sistemática eu não posso me esquivar de alertar a todos para o todo do sistema teológico bíblico que trata do interesse de Deus pela biodiversidade. Lecionando principalmente a cadeira de cosmologia bíblica abordo sobre a criação de Deus e toda a nossa responsabilidade como cristãos em prol do meio ambiente.

Infelizmente as vezes nos deparamos com alguns cristãos que não dão a mínima para o meio ambiente e que não adotam nenhuma medida de preservação ambiental. Até compreendo que nós cristãos somos um Corpo, onde cada um é diferente e tem suas vocações e particularidades, e todos nos complementamos (pelo menos em tese). Mas o grave problema de alguns é: não apoio, não gosto do tema, e ainda por cima critico e não apoio quem gosta.

A grande dificuldade do cristianismo mundial e muito mais acentuado no cristianismo brasileiro é a praga do neognosticismo influenciando ainda hoje o nosso modus operandi (jeito de agir) dos cristãos, somado ao neoplatonismo, uma corrente filosófica usada como uma ferramenta indevida para tentar explicar o que nós cremos como cristãos. 

O neoplatonismo em sua versão pós moderna através do neognosticismo em uma fusão diabólica faz de forma velada uma verdadeira confusão no cristianismo evangélico brasileiro onde sutilmente retira o verdadeiro sentido de alguns princípios básicos da fé cristã.

Confundem o mundo ao qual Deus criou (bom), com o mundo ao qual nós criamos (mau).

Dizendo em outras palavras: Esse mundo aqui não presta, e o que presta é apenas o além, o Paraíso de Deus.

Na Bíblia toda criação é vista como bênção e não como maldição. O livro da Gênesis (Gn) fala que Deus criou tudo, achou bom e abençoou, isto mesmo: Deus abençoou também os animais (Gn 1.22).

De acordo com Gênesis somos apenas gestores, usufrutuários da Criação. A liderança passada por Deus aos seres humanos é para que sejamos o espelho de Deus, bons representantes com boas atitudes para com este planeta.

Administrar segundo o padrão de Deus não é humilhar ou destruir a criação.

Certa vez ouvi de um grande amigo cristão em sua prédica o seguinte desprezo pela criação: “… – estão dizendo salve as baleias, salvar as baleias que nada! Salvar para que?”.

Esse desprezo de uma parcela dos cristãos pela Criação, repito mais uma vez, é um desvio neognóstico somado ao neoplatonismo impregnado no cristianismo protestante brasileiro onde é priorizado o “mundo espiritual” desprovido dos efeitos da ressurreição de Cristo. O “mundo espiritual” é um mundo de espíritos, o qual não cabe a criação de Deus, e onde o corpo (físico) é desprovido de valorização.

Interpretam de maneira equivocada palavras encontradas no Novo Testamento escritas em grego koinê (língua original na qual foi escrita o NT). Confundem o significado de: a) corpo (soma) com b) carne (sarx). O primeiro (o corpo) criado e abençoado por Deus, o segundo (a carne, no caso o desejo da carne, desejo pelo erro) criado por nós humanos (descontrole e imaturidade emocional).

E vemos esse desprezo em situações sutis, como por exemplo: em um funeral de cristãos, o celebrante fala de tudo (de Céu, presença de Deus, Paraíso, etc), menos da Ressurreição. Quer dizer, uma vida após a morte onde é desprezada um dos pilares inegociáveis da doutrina cristã: a Ressurreição de Jesus Cristo.

É enfatizado no meio evangélico o “mundo espiritual” habitado por seres celestiais e espíritos humanos (almas) desprovidos de realidade material/física, no caso seres desprovidos de corpo. No máximo é tratado no período da Páscoa, apenas como fato celebrado porque aconteceu na vida do Salvador Jesus Cristo, mas que não é enfatizado como algo estendido a todos os cristãos.

Uma situação ocorrida na década de 1990 retrata de maneira emblemática como somos vistos e percebidos: certo grupo político ganhou as eleições em uma cidade da região metropolitana do Recife, e logo foram fatiados os cargos comissionados de segundo e terceiro escalão, e os evangélicos que faziam parte de um subgrupo do partido foram esquecidos e escanteados, e quando lembraram destes, o prefeito eleito disse: “- os evangélicos ficam com a administração do cemitério já que eles entendem de almas”. Parece piada, mas aconteceu.

A Bíblia mostra que nós somos uma unidade psicossomática, isto é, somos a soma do: corpo + alma + espírito, e que o próprio Jesus Cristo assegurou esta realidade quando afirmou a ressurreição do corpo através de seu bendito ressurgimento.

Como acadêmico de Medicina Veterinária e Teólogo, venho trazer um exemplo de como os escritores neotestamentários pegaram palavras com conceitos naturais e ambientais do dia-a-dia e ressignificaram as mesmas para podermos compreender melhor uma realidade sobrenatural, como por exemplo a palavra: adoração, a qual é a tradução de proskuneo, ou literalmente prostrar-se e prestar reverência, ou melhor, o ato de um cachorro que reconhecendo o seu tutor à distância corre para lhe lamber a mão. Isto mesmo, é usado uma comparação, uma analogia para que uma palavra possa ser melhor compreendida sobre o que significa a adoração (a lealdade e fidelidade) devidamente oferecida somente a Deus.

O Apóstolo Paulo afirma em sua Carta aos Romanos capítulo 8, versos 21 ao 22 que: “… a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”. Isto é, nós estamos fazendo este mundo criado por Deus adoecer. Através do nosso estado emocional deformado, temos afetado toda a Criação, a qual aguarda por um milagre promovido por Jesus Cristo.

E o Apóstolo Paulo também afirma na sua Carta aos Colossenses, capítulo 1, verso 20: “e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”. Onde é afirmado que os efeitos da redenção promovido por Jesus Cristo, se estendem para toda a Criação. A reconciliação de Deus é para com toda a Criação, e não apenas para os seres humanos.

Temos em toda a Bíblia um Deus que zela e que ama não apenas a humanidade, mas que zela por toda sua obra, por todo os seus feitos, por toda sua criação, logo chegamos a conclusão de que não gostar, não cuidar, não preservar, menosprezar a Criação, é o mesmo que menosprezar o próprio Criador, o próprio Deus.

Somos cristãos integrais, que amamos o Evangelho todo, para todo ser humano em sua totalidade!

Deixo aqui o meu apreço a todas ONGs ambientalistas, em especial para A ROCHA, uma ONG cristã conservacionista com uma bela história iniciada em Portugal, mas cujo alcance atualmente se faz presente em mais de 19 países, (www.arocha.org e www.arocha.org.br) a qual está fazendo a diferença e mostrando que uma das provas de amor pelo Criador é amar a sua Criação. Não adianta exaltar o artista, e desprezar sua obra de arte!

Nosso respeito pela memória do Chico Mendes, à vida de Marina Silva, de Greta Thunberg e tantos outros(as) que muitas vezes no anonimato tem feito toda a diferença.

Nosso respeito aos nordestinos guerreiros (com todo respeito a todas as nossas maravilhosas regiões, mas o Brasil nasceu no Nordeste) que têm lutado limpado e retirado a escuridão do petróleo em nossas praias.

Que surjam mais cristãos engajados na preservação do Verde e do Azul de Deus!

Agradeço a Deus por ser casado com uma cristã, psicóloga e ambientalista reconhecida e homenageada pelo Partido Verde (não somos filiados a qualquer partido).

Atualmente minha maior preocupação não é o Brasil sofrer alguma retaliação internacional, mas o meu maior temor é a retaliação da Deus através de Sua Justiça contra aqueles que insistem em destruir a Sua obra!

Deus tenha misericórdia do Brasil, de toda as esferas de poder desta República, de todos nós, e principalmente dos mais vulneráveis (humanos, incluindo fauna e flora).

Sejamos a voz daqueles que não tem voz!

O Verdejante Azul me faz Ver Deus!

Incrivelmente verde no Reino de cabeça para baixo!

Estêvão Chiappetta <><

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