Esta semana tem sido interessante. De súbito um monte de coisas que sempre falei, passaram a gerar muitas angustias e discussões em alguns círculos.
Na realidade, isso não aconteceu em razão das pregações no Caminho da Graça, mas das entrevistas que dei na internet, onde tenho falado bastante acerca de uma Revolução que precisa acontecer entre aqueles que crêem de fato no Evangelho.
Numa das entrevistas que dei na semana que passou, eu disse que os “Evangélicos” estão começando a experimentar o seu próprio bolo fecal como refluxo.
Quanta falação gerou essa frase!
Estranho: é isso que digo há anos, desde de antes de haver Congressos da Vinde. No entanto, agora, soa chocante e escandaloso.
Minha questão é: Por quê?
Ora, antes, os milhões que me ouviam em todas as formas de mídia, sempre me ouviam pregar a Palavra a todos, e, também, profetizar ao ente que se auto-intitulava “igreja”, na expectativa de que ele (o ente) se convertesse ao Evangelho, ao invés de apenas carregar o apelido de “Evangélico”—algo que supostamente tem relação direta e essencial com aquilo que é a qualidade do Evangelho.
Mas eles me viam como “representante deles”; sim, deles que não eram como os outros; que eram éticos; que amavam a justiça social; que buscavam um país melhor; que eram honestos; que não ensinavam ‘barganhas com Deus’; e, por essa razão, quando eu descia a ripa nos “evangélicos”, os que se sentiam representados por mim, se orgulhavam; e pensavam: “Graças a Deus ali está um de nós, e que nos honra dizendo a coisa certa”. Eu era um deles… e era diferente…; e até os que eram como aquilo que eu denunciava, gostavam de se abrigar à sombra da imagem que sobre mim repousava publicamente, a fim de viverem com mais “dignidade e respeito” públicos; posto que eu sei que durante anos o povo evangélico gostava de que minha cara lhes fornecesse uma face.
Mas aprouve a Deus que de um modo soberano e “catastrófico”, eu fosse “expulso” do meio “evangélico”.
Ora, na realidade, eu passara a minha vida inteira apenas me dizendo evangélico em razão de definições de natureza filológica e semântica, mas não porque eu tivesse qualquer que fosse a identificação com o fenômeno histórico-cultural-político-moral chamado “igreja evangélica”; ou melhor: com aquilo no que ele se tornara.
Era justamente por essa razão que eu dizia o que ninguém dizia, e o fazia na face de todos; apenas dentro da “igreja” enquanto a “igreja” era ainda somente um fenômeno “de dentro”; mas quando a “igreja” se tornou pública, política, presente na grande mídia, escandalosa, perversa, e arrogante aos extremos; então eu passei a enfrentar isso de frente, tanto “dentro” quanto também “fora” do ambiente “eclesiástico”. E a maioria esmagadora delirava! “Lá está o profeta!” “Ele fala por mim”. “Concordo com tudo o que ele diz”.
Era assim que as coisas eram, isso por anos e anos. Só gente com amnésia não se recorda disso.
No entanto, quis Deus, embora que por estranhos caminhos, que minha alma fosse libertada do jugo daquela escravidão; e isto pela via de minha própria relativização aos sentidos dos evangélicos.
Ora, quando fui “relativizado historicamente”, os evangélicos, especialmente os líderes—os mesmos que diziam que eu lhes dava face—, decidiram que meu pecado não tinha perdão. Assim, pela Graça de Deus, fiquei livre daquela prisão justamente pelo ódio e a amargura adoecida de muitos deles, posto que ao não me perdoarem, sem saber mais facilmente me deixaram livre do jogo e do jugo que aquele caminho evangélico impunha sobre minha alma, visto que eu tinha que matar “um leão por dia” pra poder tolerar o que eu via o tempo todo—e creio que não houve ninguém na igreja evangélica que tenha visto, ouvido, e sabido mais do que eu no curso de três décadas.
Assim, a Graça de Deus me libertou daquele carma; e, assim, me vi livre e solto; sendo apenas eu mesmo; posto que por mais livre que eu pensasse ser antes, vim a descobrir que eu era muito mais escravo daquele espírito e potestade religiosa do que eu mesmo sabia ou admitia. Devo confessar também que depois do Dilúvio que me acometeu, tive que conhecer a Graça de Deus para mim mesmo, em mim mesmo, por mim mesmo, e pra meu próprio beneficio, muito mais do que em qualquer outro tempo de minha existência. Ou seja: o que chamavam de “queda”, para mim era justamente o oposto: experiência da Graça numa dimensão na qual a prisão religiosa jamais me permitiria.
Daí, quando anunciaram a “A Volta de Caio Fábio” eu haver me insurgido tanto. Eu não estava voltando. Apenas estava prosseguindo. E esse prosseguimento nada tinha a ver com a minha história passada com os evangélicos, mas apenas tinha a ver com meu chamado conforme o Evangelho, não havendo qualquer que fosse o vinculo existencial com aquilo que antes me fizera viver em prol dos “Evangélicos” às vezes até mais do que em favor do Evangelho, posto que foi muito o tempo despendido com muita bobagem dos “evangélicos”.
Desse modo, as mesmas declarações de antes, agora, geram pânico e medo. E a razão é simples: não sou mais cooptável pelos evangélicos, nem por ninguém. E os líderes sabem disso. Não! Não foi a minha separação, nem o meu divorcio, nem meu relacionamento extra-conjugal, nem o Dossiê Cayman, nem meu novo casamento a razão do escândalo.
De lá pra cá centenas de pastores, bispos, apóstolos, e serafins evangélicos também viveram coisas semelhantes, mas nada foi dito ou falado. Sim, nada virou escândalo.
Ora, foi como foi apenas porque foi comigo.
Além disso, foi tão chocante porque muitos trabalharam para fazer ficar chocante e irrecuperável. Muitos do que também comiam do meu prato contra mim levantaram o calcanhar.
Na realidade o que provocou tudo isso foi o fato de eu não ter jogado a toalha para os “evangélicos”, e de não ter jamais aceito que minha vida lhes fosse entregue como a cabeça de João Batista na bandeja de Salomé. O fato de eu ter lidado com tudo sozinho e com Deus, sem a mediação de homem algum ou de instituição alguma, foi o que provocou o escândalo.
E isto apenas porque se dizia: “Nem agora ele se submete a nós!”
Sim, foi o fato de eu ter decido tratar a questão apenas onde ela era própria—entre eu, Deus, a mãe dos meus filhos, meus filhos, pais, parentes, e amigos chegados—, aquilo que fez com que a subversão crescesse…; posto que se viu que eu não estava negociando minha liberdade de consciência em Cristo com nada que se chamasse “igreja”, visto que desde o início eu vi que eles apenas queriam brincar com Sansão cego, nas moendas de Gaza.
Então, fiquei livre; porém, me tornei para eles insuportavelmente perigoso. Por isso, me declararam morto, acabado, coisa do passado, uma página a ser virada, uma era que chegara ao fim, um paradigma que já não servia, uma referencia falida, um ser sob censura…
Ora, em meio a tudo isto há também alguns benefícios, pois, um dos privilégios que tem um homem morto é que ele fica livre de todas as suas dívidas na mesma hora. Todavia, meu desvinculamento existencial em relação ao “fenômeno evangélico” em nada afetou a realidade de que a maioria dos meus amigos são membros de igrejas evangélicas.
Além disso, também sei que são os evangélicos aqueles que ainda mais me ouvem, lêem, procuram e escutam outra vez, em numero cada vez mais crescente; embora muitos desses ainda nem saibam que já não são “evangélicos”. Digo isto porque alguém muito amado e preocupado comigo, me perguntou hoje o seguinte: Por que você diz as coisas que diz? E por que as diz como diz? Não seria melhor só falar dos pastores para os pastores? Dos líderes para os líderes? Não seria bom levar em conta os de boa fé que são evangélicos? Não seria de bom alvitre fazer sempre alusões ao fato de que há exceções?
Ora, eu passei a vida toda fazendo exatamente isso—falando com os próprios, e ninguém jamais dirá que não ouviu.
Sim, historicamente essa obrigação já não pesa sobre mim no que tange a ter pudores em relação aos fatos como eles são em relação aos “evangélicos e seus líderes”. Eles ouviram durante 30 anos! Eu pregava duas ou três vezes por dia. Viajava centenas de vezes por ano. Ia a todas as bibocas se agenda permitisse. Abria e fechava tudo o que era importante. E fiz isso por décadas!
A questão, no entanto, é que as coisas apenas pioraram; e os crentes sofrem, apanham, são explorados, são adoecidos, punidos, controlados, espoliados, enganados, usados, manipulados—e isso não pára nunca! Então, quando falo o que falo, quando desnudo os “Evangélicos”, quando enfrento movimentos, quando afirmo a heresia que muitas doutrinas evangélicas significam, quando digo que a “igreja” não conhece a Graça e vive sob a Lei—não o digo por prazer, nem por amargura, nem apenas para provocar. Deus o sabe!
De fato, o digo apenas porque não tenho o poder de não dizer, pois, trata-se de algo que se eu não disser, isto mesmo me mataria como amargor de alma, além de que destruiria os muitos que ainda podem ser salvos da tirania, e experimentar a Graça libertadora do Evangelho.
Portanto, digo tudo o que digo por amor ao Evangelho e àqueles que amam a Jesus, mas que vivem ainda sob as tiranias malignas dos pastores do medo e dos níqueis.
Também digo o que digo em razão de que as lideranças em geral preferem manter o povo sob o medo, do que dá liberdade ao pé que caminha; posto que gente livre e ensinada na Palavra não é mais vaca de presépio e nem boi de piranha.
Assim, se há evangélicos ofendidos com o que hoje digo—embora seja o que sempre disse—, que fiquem sabendo que apenas o faço porque sobre mim pesa esta obrigação do amor e da verdade. Não o digo por qualquer outra razão que não seja movida por um espírito de pastor e de homem que conhece o Evangelho para si mesmo, como paz e bem, e que não suporta ver os ‘pequeninos de Jesus’ sendo transformados em mercadoria, nem angustiados pelas culpas fabricadas pelos tarados da religião.
É obvio que na maioria das vezes as denuncias acabam por recair sobre os fabricantes de ídolos evangélicos, e sobre os exploradores da fé; ou seja: os chamados neo-pentecostais. No entanto, também levanto a voz desde sempre contra os processos de institucionalização da igreja, do ministério e do significado das coisas. Assim, os chamados ‘Históricos’ sempre ouviram de mim o que eu pensava acerca da incapacidade deles de se deixarem levar pelo vento do Espírito, conforme apenas o Evangelho, do mesmo que os Pentecostais históricos sempre me ouviram dizer que eles estavam crucificando a Jesus outra vez quando se entregavam à Lei.
Assim, quando digo que os “Evangélicos” já estão comendo do refluxo do bolo fecal deles próprios, estou apenas dizendo que a coisa toda se tornou tão adoecida quanto comer o próprio excremento.
Ora, é redundante explicar desse modo, mas já vi que sem redundância nada é compreendido. Sim, qualquer tentativa de preservar as coisas conforme elas estão é propor dieta de bolo fecal. Não adianta negar. Cheira mal e dá ânsia de vomito. Mas é verdade! Sei que não ando só nesta percepção.
Aliás, os pastores que me escrevem e me encontram, só o que fazem é se queixar, mas quando a queixa vira declaração pública, então, o pudor da hipocrisia faz a verdade se tornar insuportável até para quem me diz que concorda comigo. E são muitos os pastores de todos os grupos e níveis de cultura os que me dizem isso, mas que na hora do vamos ver, fazem o que sempre fizeram: ficam calados, vendo no que vai dar…
Não adianta irmãos! O machado está posto na raiz de cada árvore. Não adianta dizer “somos evangélicos”, pois, Deus pode suscitar “evangélicos” dentro de cada casa de batuque e de macumba do Brasil.
Ora, se de pedras Ele pode suscitar filhos a Abraão, então, até de piolhos ele pode criar evangélicos.
Fazer um evangélico é a coisa mais fácil do mundo. Salvá-lo disso é que é mais difícil do que a conversão do jovem rico. Mas os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.
Nesta hora, que é grave, o que interessa é apenas “produzir fruto digno de arrependimento”, ao invés de ficarmos dizendo: “Calvino é nosso pai.” “Armínio é nosso profeta”. “Wesley é nosso apóstolo.” “Finney é nosso herói.” “Sou filho da Renovação”. “Conheço ainda muitos evangélicos que são sérios com Deus”.
Chega de conversa fiada!
E mais: ninguém que seja de boa fé se escandaliza com a verdade!
Somente quando uma pessoa é mais “evangélica” do que discípula de Jesus é que a Palavra da Verdade do Evangelho escandaliza.
Pessoalmente eu não acredito que qualquer coisa nova e livre vá chegar a possuir a alma evangélica como um todo no Brasil.
Pode acontecer a alguns, como sempre aconteceu. Mas jamais será uma mudança que faça os “evangélicos” se tornarem de fato Evangélicos; ou seja: gente que busca a qualidade existencial do Evangelho como sandália da Vida.
Acredito que esses dias são vitais. Na realidade, creio que muitos hão de crer no Evangelho da Graça de Deus dentro das igrejas evangélicas; assim como também espero que esse vento do amor de Deus sopre sobre todos, e não apenas sobre os evangélicos, mas sobre católicos, mulçumanos, hindus, budistas, espíritas, esotéricos, e qualquer ser humano na Terra.
No entanto, pela presunção de ser “o mais próprio e qualificado representante de Deus na terra”, o evangélico típico acaba por se tornar “judeu”, no sentido negativo da palavra, e apenas conforme o espírito persecutório que acometia aos religiosos judeus contra a liberdade proposta pelo Evangelho.
Para não fazer menção a Jesus, apenas direi: Paulo que o diga! Ora, eu sei que muitos têm sido libertos do pânico e do medo criado pelo espírito apavorado que é estimulado dentro das “igrejas evangélicas”.
É por amor aos irmãos que vivem oprimidos que digo o que digo; e só pararei de dizer se tudo mudar, ou, se eu morrer. Todavia, como sei que o que digo é conforme o Evangelho, também sei que nem a morte poderá calar essa voz e essa palavra, posto que essa mensagem não é minha; e nela muitos já crêem, e ninguém os calará jamais.
Quem não me entende hoje, logo me entenderá. Quem entende, mas tenta dizer que não entende, logo saberá. E quem não entende porque entende demais, e sabe que isso acabaria com todo negocio fundado na má fé, esse também logo verá que o que digo é verdade em Cristo.
Esta é minha tranqüilidade! Esta é minha paz!
Nele o nosso trabalho não é vão!
Caio