Um conflito que já está nos tribunais parece ter estourado na hierarquia da Igreja Católica venezuelana, aparentemente pelo controle da Universidade Católica Santa Rosa, que, mesmo sendo uma instituição privada, volta-se a estudantes provenientes de setores populares.

O reitor, Dr. Martín Zapata, sacerdote em suspensão, entende que foi destituído ilegalmente, como declarou. Ele acabou sendo substituído por dois professores da Universidade Católica Andrés Bello, regida pelo padre Ugalde, conhecido por sua participação política contra o governo do presidente Hugo Chávez.

O caso transcendeu à opinião pública quando, no programa de opinião “Dando e Dando”, da emissora estatal VTV, canal 8, o reitor suspendo – mas em exercício até que um tribunal decida a legalidade da sua destituição – formulou gravíssimas denúncias sobre atos de corrupção por parte de alguns dos mais altos prelados da Conferência Episcopal Venezuelana.

Alguns dos delitos enumerados por Zapata têm a ver com a falsificação de atas, outorga de títulos fraudulentos numa ou mais carreiras a sacerdotes com poucos meses de assistência, cheques milionárias depositados em contas pessoais de prelados, adulteração de documentos, pressões contra empregados para que fiquem calados a respeito dos delitos, e chantagem contra o reitor com ofertas pecuniárias e de privilégios eclesiásticos para que renuncie.

Segundo o Reitor, esses fatos que não foram divulgados pela imprensa teriam duas razões de fundo: a econômica, pois se buscaria a posse por parte da Conferência Episcopal de valiosas propriedades da Universidade Santa Rosa, localizada numa paróquia de Caracas, e a política, pois se pretenderia colocá-la sob o controle dos setores mais conservadores da Universidade Católica Andrés Bello, com o conseqüente deslocamento de sacerdotes e professores identificados com as lutas sociais sob a orientação da Teologia da Libertação.

O reitor assinalou também que a Universidade está localizada fisicamente num espaço estratégico, muito próximo ao Palácio Miraflores, o que representaria, segundo ele, um perigo de estalido social, pois a maioria dos seus dois mil estudantes provém dos setores pobres da paróquia de Petare, onde o movimento de apoio ao presidente Chávez é muito forte.

Zapata conta com evidências documentais de suas denúncias, que chegam num momento em que se verifica um novo confronto entre a hierarquia católica e o presidente Chávez.

Fonte: ALC

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