Segundo depoimentos, igreja teria enviado R$ 5 milhões por mês para os EUA entre 1995 e 2001. Universal nega as acusações; advogado de um dos doleiros que prestaram depoimento afirma que clientes fizeram acordo de delação premiada.

Doleiros ouvidos anteontem pelo Ministério Público de São Paulo confirmaram que a agência de câmbio Diskline, do Rio, hoje desativada, realizou remessas de dinheiro clandestinas para contas bancárias nos Estados Unidos supostamente relacionadas à Igreja Universal do Reino de Deus. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, uma das sócias da empresa informou ter realizado, em média, remessas de R$ 5 milhões por mês, entre 1995 e 2001.

Em 25 de outubro passado, a Folha de São Paulo revelou que o Ministério Público havia tido acesso a documentos apreendidos na Diskline que demonstravam a remessa de, pelo menos, R$ 18 milhões para contas ligadas à Iurd nos EUA. A reportagem informou que os doleiros responsáveis pela Diskline na época das operações eram Cristiana Marini e Marcelo Birmarcker – ambos foram ouvidos anteontem pelos promotores.

Procurado, o advogado da Iurd, Antonio Pitombo, estava em reunião. Em ocasiões anteriores, negou as acusações.

O Ministério Público informou que o promotor Saad Mazloum, responsável pela investigação, não daria à imprensa informações sobre o assunto.

Relatórios que indicam as remessas para a Universal foram elaborados pela Assessoria de Análise e Pesquisa da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, tendo por base achados da Polícia Federal e da CPI do Banestado. Os dados foram levados pelos promotores ao conhecimento do governo dos EUA, em dezembro, por um acordo de cooperação internacional. A Promotoria de Nova York já ouviu os dois doleiros e também investiga o caso.

Segundo os registros da Diskline, as remessas ocorreram pelo sistema de dólar-cabo, rede clandestina que opera à margem do Banco Central. O doleiro recebe os recursos no Brasil e ordena uma transferência entre duas contas localizadas fora do Brasil.

Ontem, o advogado de Birmarcker, Carlos Kenigsberg, informou à Folha que seu cliente e Cristiana fizeram na Justiça Federal acordo de cooperação judicial, mais conhecido como delação premiada, pela qual os réus podem obter benefícios judiciais, como redução da pena, desde que forneçam elementos concretos que permitam elucidar os crimes investigados.

Fonte: Folha de São Paulo

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