Pastor Silas Malafaia
Pastor Silas Malafaia

Ricardo Galhardo
O Estado de S.Paulo

Em entrevista para o jornal Estado de S. Paulo, o Estadão, o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVC), defende o presidente Jair Bolsonaro, diz ser contra o isolamento total e afirma que governadores vão pagar conta por crise causada por medidas restritivas.

Segundo Malafaia, o debate sobre a contenção da doença está contaminado pela disputa presidencial de 2022, para qual Bolsonaro já antevê entre seus adversários ao menos dois governadores, João Doria, de São Paulo, e Wilson Witzel, do Rio.

Em entrevista ao Estado, Malafaia disse que os templos de sua Igreja ficarão abertos apenas para o atendimento individual de fiéis. Os cultos continuarão suspensos seguindo orientação do Ministério da Saúde de evitar aglomerações. 

“A minha Igreja está aberta. Não está tendo culto, mas está de portas abertas para dar atendimento às pessoas. Estamos diante de uma escolha de Sofia. O que mata mais? Coronavírus ou caos social? Acho para mim que em um país onde o povo não tem reserva de dinheiro, onde 80% da população ganha até quatro salários mínimos e tem 12 milhões desempregados, se demorar um pouco esse negócio não vai ficar bom. Tem que proteger qualquer pessoa que tenha deficiência orgânica e idosos. Fica em casa.”

Apoiador de primeira hora de Bolsonaro, ele criticou a forma como o presidente tem apresentado suas ideias, mas elogiou o decreto que inclui as Igrejas entre atividades essenciais.

“Para ser honesto eu não acho que as falas do presidente sejam sempre corretas. Digo as falas, não as posições. Acho até que a fala dele deve ser muito melhorada. Ele tem que se manifestar de maneira mais incisiva mostrando as posições do governo para proteger idosos, doentes, etc. Não acho que uma fala pejorativa ajuda. Agora, acho que ele está certo. A imprensa está mostrando que o Bolsonaro é um inconsequente e os normais são os governadores, mas não mostra a hipocrisia destes caras. Mandar fechar loja e shopping é mole. Quer dizer que tem que proteger a classe média e o pobre é que se lixe? Nem Doria nem Witzel aguentam uma pressãozinha que vier da sociedade.”

“O decreto do presidente não está mandando abrir Igreja. Ele reconhece a atividade religiosa como essencial. Simples assim. A religião, em um país onde 98% das pessoas são religiosas, é terapêutica. Para você ter uma ideia, a Igreja em que sou pastor ampliou o atendimento de 9h a 21h. Você não tem ideia da quantidade de gente que chega apavorada, com medo, angustiada, pensando em suicídio porque o dinheiro vai acabar daqui três dias e não tem dinheiro para comprar comida.”

Questionado sobre as acusações de defender a abertura das Igrejas para não perder o dízimo dos fiéis, Malafaia disse:

“A pessoa quando é inescrupulosa ela reflete no outro aquilo que ela é. A minha Igreja tem um dos sistemas mais modernos de ofertas on-line e dízimo. Se o povo não tem recurso e não ganha o dinheiro do salário ele também não pode dar nada. Só pode dar se receber.”

Fonte: Estadão

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