O papa Bento XVI assina e envia ainda hoje a carta prometida aos fiéis católicos da Irlanda em resposta aos casos de pedofilia cometidos por padres do país, mas o texto será publicado apenas neste sábado.

Embora o conteúdo da carta ainda seja desconhecido, o pontífice deu pistas na quarta-feira passada sobre o objetivo principal do que escreveu.

Na carta, o papa pretende expressar “claramente” as iniciativas adotadas para responder aos numerosos casos de pedofilia citados nos relatórios Ryan e Murphy, divulgados no ano passado.

Os documentos trazem à tona casos de abusos sexuais e torturas físicas e psicológicas contra crianças em instituições estatais regidas por religiosos e na arquidiocese de Dublin durante os últimos 70 anos.

Bento XVI aproveitou a última quarta-feira, dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda, para anunciar em uma audiência pública na Praça de São Pedro que concluiria hoje o texto com as medidas para estes casos, que podem levar a Igreja irlandesa a pagar indenizações milionárias – segundo fontes locais, a quantia pode chegar 200 milhões de euros.

O jornal “La Repubblica”, de Roma, informa hoje sobre dois novos casos de pedofilia na Igreja Católica na Alemanha e Suíça e diz que o clima na Santa Sé nesta sexta-feira é de “muita expectativa” em relação à carta do papa aos irlandeses.

Citando fontes vaticanas, o jornal fala de “perdão, arrependimento e renovação”, mas também de “indicações práticas” como os eixos principais da carta.

Após convocar os bispos da Irlanda para conversar sobre o assunto por três vezes desde junho de 2009, o Vaticano espera agora resolver os casos de pedofilia de padres irlandeses para fazer frente aos novos escândalos da Igreja Católica na Europa.

Há uma semana, o jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” divulgou um novo escândalo, desta vez relacionado a Bento XVI.

Segundo a publicação, na década de 80, quando o papa ainda era arcebispo de Munique e Freising, ele autorizou que um sacerdote com antecedentes de pedofilia e que tinha sido expulso por esse motivo do bispado da cidade alemã de Essen exercesse o trabalho pastoral em Munique.

O Vaticano respondeu que o pontífice era alheio ao caso. Seu porta-voz, Federico Lombardi, denunciou uma tentativa “fracassada” de envolver o papa nos casos de pedofilia registrados na Igreja Católica da Alemanha.

Além disso, a questão levou o promotor de Justiça da Congregação para a Doutrina da Fé, Charles Scicluna, a conceder uma entrevista ao jornal dos bispos italianos, “Avvenire”, publicada no sábado passado e na qual apontava números sobre os casos de pedofilia.

“Nos últimos nove anos (2001-2010), analisamos acusações relativas a cerca de três mil casos de sacerdotes diocesanos e religiosos sobre delitos cometidos nos últimos 50 anos”, explicou Scicluna, segundo o qual apenas 20% desses casos resultaram em processos penais ou administrativos.

Hoje, o “La Repubblica” fala de dois novos casos de suposta pedofilia. O primeiro envolve um monge da abadia beneditina de Königsmünter, em Meschede (Alemanha), que teria abusado de 19 menores de idade.

O outro recai sobre o padre Gregor Müller, da diocese suíça de Coira, que admitiu ter abusado pelo menos dez crianças em colégios religiosos alemães e austríacos.

Agora, a Santa Sé acompanha as suspeitas de pedofilia que se estendem para o norte da Itália e a Espanha, depois dos casos já ocorridos nos Estados Unidos, Austrália, Holanda e Alemanha.

Fonte: G1

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