Nem as igrejas e nem os pastores estão preparados para diagnosticar a depressão, declarou o pastor Jorge A. León, ao questionar artigo publicado no domingo, no diário La Nación.

O artigo sustenta que capacitar religiosos, que muitas vezes são os primeiros a serem procurados por pessoas deprimidas, seria uma forma eficaz de combatê-la.

Autor de “Psicologia Pastoral para todos os cristãos” e outros 15 livros sobre o tema, León afirmou que a depressão não é um estado espiritual, mas uma doença causada por diversos fatores e que se apresenta de diferentes maneiras. Muitas vezes nem os médicos animam-se a diagnosticá-la, preferindo apoiar-se num trabalho em equipe, afirmou.

“A onipotência de alguns religiosos, ao diagnosticar, como se fossem médicos, põe em evidência sua impotência de serem capazes de interpretar as Sagradas Escrituras corretamente, ter um adequado nível de saúde mental e uma adequada formação teológica”, disse León.

Na opinião do pastor cubano, mas que reside há décadas na Argentina, o aumento de casos de depressão no mundo deve-se à situação de tensão que a humanidade vive atualmente. Ele alertou, contudo, que os fatores que contribuem para o aumento da depressão variam de um país para outro.

O especialista admitiu que a fé “pode ajudar a diminuir o nível de depressão em muitos casos”, mas a fé não é uma panacéia, assegurou. “Toda tentativa de substituir a ciência pela religião é uma tola pretensão de trasladar a história para a etapa medieval”, argumentou.

A publicação de La Nación assinala que pastores e religiosos estariam em condições de diagnosticar a depressão de seus fiéis, caso fossem previamente treinados através de programa de extensão comunitária que lhes permitissem identificá-los.

O projeto desenvolvido por equipe de psiquiatras do Centro de Educação Médica e Pesquisas Clínicas (CEMIC) busca oferecer ferramentas aos religiosos que trabalham em comunidades para que identifiquem as pessoas que possam estar deprimidas e as encaminhem para instituições adequadas de tratamento, disse ao jornal o chefe de Psiquiatria do Centro, doutor Pablo Rozic.

Rozic informou que, em meados de setembro, cerca de 40 religiosos católicos, judeus, muçulmanos e evangélicos participarão do primeiro desses programas de educação desenvolvidos pela Organização Panamericana da Saúde (OPS).

“As pessoas consultam, muitas vezes, antes o religioso do que o médico. Uma característica peculiar é que essa aproximação não é estigmatizada, diferentemente do que significa para muitas pessoas ir ao psiquiatra; ao contrário, ela tem um alto valor social”, explicou Rozic.

Fonte: ALC

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