Mais uma vez, o Ministério de Segurança Interna da Malásia usou o Ato de Gráficas e Publicações de 1984 para proibir livros religiosos. Os livros banidos criticam o islamismo e ajudam os cristãos a testemunharem aos muçulmanos.

Muitos livros são best-sellers internacionais e estão circulando há muitos anos, inclusive dentro da Malásia. O Ministério de Segurança Interna os proibiu, alegando que os livros eram prejudiciais à ordem pública. Mas, na realidade, as únicas pessoas capazes de serem provocadas por esses livros são os estudiosos islâmicos, que dependem dessa repressão, pois eles são ameaçados pelo debate público e pelo acesso a outras alternativas religiosas. O fato de o governo atender aos desejos deles, desta forma, é bastante preocupante.

No começo de abril de 2003 o Ministério Interno da Malásia proibiu 35 livros, considerados prejudiciais à paz pública. Doze desses eram livros cristãos, 11 dos quais estavam no idioma nacional, o bahasa malaio. O outro era uma tradução da Bíblia em iban, a língua do povo iban, do Estado de Sarawak. Depois de muita oração, manifestações de defesa e uma reunião entre líderes malaios e o primeiro ministro, a proibição da Bíblia em iban foi suspensa.

Então, em abril de 2005, o governo malaio proibiu outros 11 títulos relacionados a assuntos religiosos, alegando de novo que eles eram “prejudiciais à ordem pública”.

Entre os livros estavam: “As grandes religiões do mundo ” (publicado pela National Geographic e em circulação por mais de 30 anos); “A palavra do islamismo” (editado por John Alden Williams), “A história de Deus” e “Maomé: uma biografia do profeta” (ambos de Karen Armstrong), “A cruz e o crescente” (de Phil Parshall), e “Mulheres e o islamismo” (de Fátima Mernissi, uma feminista marroquina).

O partido Aliança Democrática da Malásia foi chamado para dar explicações. Ele disse: “Simplesmente afirmar que as publicações são prejudiciais à ordem pública, sem justificar como elas o são, é inaceitável. A decisão do Ministério, de banir esses livros é retrógrada e não se ajusta à aspiração do governo de criar uma sociedade baseada no conhecimento, em especial na atual era da informação tecnológica, na qual as pessoas têm liberdade de acessar as informações; não só aquelas que as autoridades do governo julgam apropriadas”.

No começo de junho de 2006, mais 18 livros de assuntos religiosos foram banidos sob as mesmas acusações anteriores. Segundo o Ato de Gráficas e Publicações, todas as formas de reprodução ou distribuição desses livros são proibidas. Seis dos títulos estão em malaio, o restante está em inglês.

No dia 4 de julho, a Aliança de Imprensa do Sudeste Asiático (SEAPA, sigla em inglês) relatou que o grupo de direitos humanos Irmãs do Islamismo protesta contra a decisão do Ministério: “Estamos preocupadas com o número cada vez maior de livros sobre o islamismo e sobre religião que são banidos”. Para o grupo, o espaço de diálogo está se estreitando e os leitores malaios estão sendo privados de idéias e debates apresentadas por estudiosos e escritores renomados.

Fonte: PortasAbertas

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