O Ministro da Justiça da Itália, Angelino Alfano, determinou a abertura de uma investigação sobre o procurador-adjunto de Milão, o juiz Pietro Forno, para esclarecer se ele difamou a Igreja Católica ao declarar que jamais recebeu uma denúncia da instituição sobre abusos sexuais cometidos por sacerdotes.

“As declarações do magistrado podem ser de caráter difamatório, porque ele acusou a hierarquia da Igreja Católica de acobertar sacerdotes responsáveis por graves incidentes de pedofilia”, diz um comunicado oficial emitido pelo gabinete de Alfano.

Conforme a avaliação do ministro, o juiz Pietro Forno violou o “dever de equilíbrio e discrição obrigatórios em casos delicados como os crimes de pedofilia”.

Forno, especializado em casos de abusos sexuais, declarou na quinta-feira que há muitos casos de padres investigados por abusos sexuais na Itália mas, em muitos anos de trabalho nesta área, nunca recebeu denúncias da Igreja.

“As autoridades eclesiásticas não são obrigadas a denunciar, mas há um dever moral. Eu nunca recebi uma denúncia sequer da parte da hierarquia católica, nem dos padres. Quem denuncia são as famílias das vítimas, após terem procurado as autoridades religiosas e estas não terem feito absolutamente nada”, disse ele em uma entrevista publicada na quinta-feira pelo jornal italiano Il Giornale, de propriedade da família do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi.

O magistrado comparou também os casos de abusos sexuais, cometidos por padres, com o incesto.

“O sacerdote tem um grande poder espiritual e moral, tanto que é chamado de padre (pai em italiano)”, afirmou o magistrado na entrevista.

Fonte: BBC Brasil

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