Papa Francisco
Papa Francisco

A Igreja Católica se prepara para dar um passo sem precedentes e reconhecer oficialmente a existência de filhos de padres e freiras, questão vista como tabu dentro da instituição.

A Conferência dos Bispos da França anunciou neste sábado 18 que conversará com pessoas que nasceram de relações proibidas pela Santa Sé.

Segundo o jornal Le Monde, três franceses – membros da associação “Filhos do Silêncio” – da qual fazem parte cerca de 50 filhas e filhos de padres – já foram recebidos em fevereiro, pela primeira vez, na sede da Conferência dos Bispos da França, em Paris.

No encontro, até então confidencial, o secretário-geral da instituição, Olivier Ribadeau-Dumas, ouviu o testemunho desses filhos de religiosos católicos.

Na reunião classificada como “cordial e construtiva”, Ribadeau-Dumas afirma ter escutado “o sofrimento” de pessoas vistas como o fruto do pecado, rejeitadas e criadas em segredo. A situação perdurou durante séculos dentro da Igreja Católica, onde o celibato é a regra para todos religiosos e religiosas.

De acordo com o secretário-geral da Conferência dos Bispos da França, os três membros da “Filhos do Silêncio” se reunirão em junho com bispos franceses.

Entrevistada pelo jornal Le Monde, Anne-Marie Jarzac, presidente da associação, diz ter esperado muito tempo pelo encontro. Filha de um padre com uma freira, a francesa de 67 anos afirmou que “pela primeira vez, a Igreja nos abre suas portas”. “Não há mais negação, mas escuta e reconhecimento do que vivemos”, afirmou.

Em janeiro deste ano, o Papa Francisco afirmou que o celibato “não pode ser opcional” dentro da Igreja. No entanto, o sumo pontífice declarou que a questão pode ser revisada em “lugares muito remotos”, mencionando as ilhas do Pacífico ou a Amazônia, quando “existir uma necessidade pastoral”.

“É algo em discussão entre teólogos, não será uma decisão minha”, disse, sem entrar em detalhes. O tema será debatido no próximo concílio, em outubro. O evento será dedicado à Amazônia, onde há poucos padres.

Em março de 2017, o papa Francisco já havia dito que “estava pensando” sobre a ordenação de homens mais velhos e casados, que já desenvolvem atividades dentro da Igreja. Entretanto, a opção foi excluída para jovens e todas as mulheres.

Fonte: Carta Capital

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