Grades e vigilantes estão entre alguns aparatos de segurança que se misturam a crucifixos e santos. Sábado último, uma quadrilha levou dinheiro de paróquia no Montese (AL).

Portões fechados, grades altas, câmeras observando seus passos, vigilantes de olho na movimentação. Essa poderia ser a descrição dos já comuns sistemas de segurança de prédios comerciais ou residenciais. Mas não. Os aparatos descritos fazem parte do cenário de muitas igrejas de Fortaleza. Os templos – especialmente os católicos – estão preparados para o pior que a violência traz. Aqueles que não estão contam apenas com a fé como proteção. No último sábado, ela não foi suficiente na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, no Montese, quando uma quadrilha roubou o dinheiro apurado durante as festividades para a santa.

Por causa dessa situação, a Arquidiocese de Fortaleza e a Regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já estudam a criação da Pastoral da Segurança. Seria “para guardar bem os fiéis diante do problema que se avoluma”, segundo padre Gilson Soares, assessor de comunicação da Regional. De acordo com ele, chegam a ocorrer quatro assaltos a cada semana nas igrejas cearenses. Não há levantamento oficial da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre isso. Para o padre, há uma quadrilha especializada nesse tipo de crime atuando no Estado.

Equipar as igrejas é uma das medidas apontadas como ideais, segundo padre Gilson e o vigário geral da Arquidiocese de Fortaleza, monsenhor João Jorge Corrêa. As paróquias que têm condições devem contratar vigilância eletrônica, indica o monsenhor. “Antigamente, as igrejas eram poupadas. Agora, são vítimas como outro lugar qualquer”.

[b]Protegidas[/b]

A placa bem na porta da igreja anuncia: aquele é um prédio protegido por vigilância eletrônica. Mais adiante, outro aviso: “sorria, você está sendo filmado”. As placas e os equipamentos estão na Igreja do Patrocínio, no Centro. Mesmo com os aparatos, o aposentado Francisco Aguiar de Albuquerque diz se sentir inseguro quando frequenta o templo para rezar. Só a presença policial, ele diz, ajudaria.

Na Igreja do Rosário, o clima de insegurança chega a afastar os fiéis. “Tem umas senhoras mais idosas que têm medo de vir”, comenta o artista plástico Canttídio Brasil, frequentador da igreja. Um agente pastoral do Rosário, que pediu para não ter o nome divulgado, afirma que o esquema prometido depois que a igreja fechou as portas por falta de segurança, em 2008, foi “fachada”. “Não vemos policiamento militar nem guarda municipal. Se vêm, tomam conta só da praça, não do patrimônio”, reclama. O horário de funcionamento diminuiu por causa da insegurança na região. Se, alguns anos atrás, o fechamento era às 18 horas, agora é às 17 horas – “porque depois disso fica sem segurança aqui”, pondera.

Para diminuir os riscos, assim que a igreja do Centro acumula algum dinheiro, tudo é levado para o banco. A medida é tomada em outras igrejas contatadas/visitadas pelo O POVO. “A gente não deixa ficar dinheiro em espécie na paróquia. Retira sempre”, cita a secretária paroquial da Igreja do Cristo Rei, Consuelda Andrade. Na última terça-feira, os paroquianos enviaram carta para a SSPDS pedindo mais policiamento na região.

Na Catedral Metropolitana, o segurança fica a maior parte do tempo guardando a secretaria paroquial. Nos momentos de missa, sobe para as portas para cuidar dos fiéis “por precaução”, diz a secretária Joce Freire. Na paróquia Nossa Senhora da Glória, na Cidade dos Funcionários, por causa do ocorrido na igreja do Montese, a administração decidiu que apenas um dos portões de acesso ao estacionamento será aberto durante o dia, controlado por um dos seguranças. Doze câmeras fazem a vigilância do templo – que já foi assaltado pelo menos três vezes.

[b]Fonte: O Povo[/b]

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