O partido governista Justiça e Desenvolvimento (AKP) venceu as eleições para o Parlamento turco realizadas neste domingo. Com todos os votos apurados, a sigla teve cerca de 50% do total. Após vitória, premiê turco promete respeitar secularismo.

A vitória nestas eleições – que haviam sido antecipadas para contornar uma crise política – reforça o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que após a vitória afirmou que continuará suas reformas no campo institucional e econômico.

Antes mesmo da confirmação oficial do resultado, militantes do AKP saíram às ruas em comemoração.

O resultado a favor do partido islâmico pode colocar em xeque a força do secularismo abraçado pelas elites turcas.

As eleições foram antecipadas para tentar resolver um impasse envolvendo as tendências islâmica e secular, após seguidas tentativas – fracassadas – do Parlamento de eleger um novo presidente.

Os partidos laicos e as poderosas Forças Armadas conseguiram impedir a eleição de um muçulmano praticante, o ministro das Relações Exteriores, Abdullah Gul, que contava com o apoio do governo.

A oposição dizia que a indicação de Gul representaria uma ameaça para o secularismo. As Forças Armadas indicaram que poderiam intervir na política do país.

Um dos que sustentavam esta posição era o chefe das Forças Armadas, general Yasar Buyukanit, que foi aplaudido quando apareceu para votar.

Mas a correspondente da BBC em Ancara Sarah Rainsford disse que, uma vez abertas as urnas, elas mostraram que muitos turcos não enxergam o AKP como uma ameaça.

“Nossa democracia vai emergir desta eleição fortalecida”, afirmou, no momento do seu voto, o primeiro-ministro Erdogan, que sai triunfante da disputa.

Comparecimento

Cerca de 42 milhões de pessoas estavam aptas a votar neste domingo, com 14 partidos lutando pelos 550 assentos no Parlamento.

A correspondente da BBC em Ancara acrescentou que eleitores anteciparam sua volta das férias nas praias para exercer seu direito.

Autoridades eleitorais disseram que o comparecimento às urnas foi muito alto.

Alguns desses eleitores dizem ter feito um esforço especial para retornar e votar desta vez, por acreditar que o sistema secular do país precisa ser protegido.

Uma das questões em jogo nestas eleições é a proposta de reforma constitucional proposta pelo governo do premiê Erdogan.

As reformas incluiriam a eleição direta para a Presidência, proposta após o Parlamento ter recusado repetidamente a eleição de Gul, seu candidato.

Secularismo

O secularismo é considerado fundamental para a identidade turca como nação. O país foi fundado em 1923 como um Estado laico pelo general Mustafa Kemal Ataturk, no que havia sido o Império Otomano.

A intenção de Ataturk era que essa nação de maioria muçulmana fosse um país moderno e secular, introduzindo reformas amplas que incluíam a emancipação das mulheres, a introdução de vestimentas ocidentais, do alfabeto latino e de um código legal baseado nos ocidentais, além da abolição das instituições islâmicas.

O partido islâmico Justiça e Desenvolvimento, no poder desde 2002, afirma respeitar os princípios do secularismo previstos pela Constituição, mas os opositores acusam a agremiação de ter um suposto projeto islâmico.

O atual governo promoveu uma série de reformas democráticas durante seus cinco anos no poder, mas a oposição cita as tentativas de criminalizar o adultério e de indicar um presidente do Banco Central muçulmano como sinais do suposto projeto islâmico do partido.

Após vitória, premiê turco promete respeitar secularismo

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo partido, Justiça e Desenvolvimento (AK), venceu as eleições antecipadas realizadas no domingo, prometeu, em discurso após a confirmação da vitória, respeitar a Constituição secular do país.

Os resultados preliminares indicaram que o partido venceu as eleições com 47% dos votos.

A questão do secularismo era uma das principais razões da crise política que haviam levado à convocação das eleições antecipadas.

O pleito foi convocado para tentar resolver um impasse envolvendo as tendências islâmica e secular, após seguidas tentativas – fracassadas – do Parlamento de eleger um novo presidente.

Os partidos laicos e as poderosas Forças Armadas conseguiram impedir a eleição de um muçulmano praticante, o ministro das Relações Exteriores, Abdullah Gul, que contava com o apoio do governo.

O AK, partido moderado de tendência islâmica no poder desde 2002, afirma respeitar os princípios do secularismo previstos pela Constituição, mas os opositores acusam a agremiação de ter um suposto projeto islâmico.

Cerca de 42 milhões de pessoas estiveram aptas a votar neste domingo. Autoridades eleitorais disseram que o comparecimento às urnas foi muito alto.

Em seu discurso, o primeiro-ministro disse que continuaria perseguindo o objetivo de trabalhar para que a Turquia possa no futuro fazer parte da União Européia (UE).

Erdogan disse também que continuaria a promover “reformas democráticas e econômicas”.

Uma das propostas é a reforma constitucional que incluiria a eleição direta para a Presidência – um mecanismo que provavelmente teria permitido que o indicado do primeiro-ministro se tornasse presidente, a avaliar pelos números deste domingo.

Uma das primeiras tarefas do novo Parlamento será justamente decidir como será escolhido o novo presidente. A oposição rejeita a proposta de eleições diretas para o cargo.

Apesar da vitória por ampla margem, o AK não conseguirá os dois terços dos votos necessários para aprovar seu candidato presidencial sem depender da oposição.

Dirigindo-se a uma multidão que levava bandeiras turcas e cartazes de apoio ao premiê, Erdogan disse que fará um governo de união nacional e que trabalhará para todo o povo turco.

“A votação mostrou o nível de maturidade que nossa democracia alcançou”, ele disse a uma multidão que o escutava. “Nossa democracia passou por um teste muito importante.”

“Não importa para quem você votou. Respeitaremos suas escolhas. Para nós, as diferenças são parte da democracia pluralista. É nossa responsabilidade proteger esta riqueza”, afirmou o primeiro-ministro.

Fonte: BBC Brasil

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