A ministra da Educação de Israel, Yuli Tamir, aprovou a utilização nas escolas árabes do país de um livro que descreve a fundação do Estado de Israel como uma “catástrofe”. A decisão provocou polêmica.

“O livro ‘Vivendo Juntos’ foi avaliado por um grupo de profissionais e oferece aos estudantes árabes uma imagem equilibrada da situação”, argumentou a ministra, ao divulgar a decisão. O sistema educacional israelense conta com escolas para crianças judias e árabes com cidadania israelense, e em ambas os conteúdos e os livros são variados.

O texto sobre a “nakba”, nome com o qual os palestinos designam a “catástrofe” que representou para eles a criação do Estado de Israel, será estudado por alunos de oito e nove anos. Nele se explica que “alguns residentes árabes foram tirados de seus lares e se transformaram em refugiados quando Israel confiscou muitas de suas terras”, segundo informa o jornal israelense “Yedioth Ahronoth”.

Os autores do livro também mencionam que os “árabes rejeitaram o pedido das Nações Unidas de dividir a terra entre palestinos e judeus (de acordo com a resolução 181), enquanto os judeus a aceitaram”.

O líder do Partido Nacional Religioso, Zevulun Orlev, pediu hoje a demissão da ministra ao primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e a criticou por “apagar a história judaica e outorgar legitimidade aos árabes que rejeitam o reconhecimento de Israel como um Estado judeu”.

A ex-ministra da Educação Limor Livnat advertiu que, com a inclusão da versão árabe dos fatos, os estudantes podem ser motivados a se “voltar contra Israel”.

O deputado Yisrael Hasson, do partido Yisrael Beiteinu, afirmou, apesar da linha ultranacionalista de seu partido, que os alunos árabes sabem o que é a “nakba” e que “tentar ocultá-la é tapar o sol com a peneira”. No entanto, afirmou que decisões como a da ministra prejudicam a “credibilidade do sistema”.

O chefe do partido, Avigdor Liberman, qualificou a decisão de Tamir como “masoquista”. O deputado da Lista Árabe Unida Ahmed Tibi elogiou a decisão e sugeriu que os livros também deveriam ser usados nas escolas judaicas.

Yuli Tamir também causou controvérsia em dezembro de 2006, quando pediu que os mapas de Israel estudados nas escolas mostrassem as fronteiras prévias à Guerra dos Seis Dias, de 1967.

Fonte: Folha Online

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