A polícia libertou um menino de oito anos, encontrado acorrentado na casa onde mora em Volta Redonda, Região Sul Fluminense, no final da noite de quinta-feira (19).

O pedreiro Antônio Gomes da Silva, de 34 anos, e sua mulher Maria das Graças Silva, de 41, receberam voz de prisão quando chegavam em casa, no bairro Siderlândia II, vindos de uma igreja evangélica. Eles tentaram justificar ao chefe do plantão do Conselho Tutelar, Antônio Souza, que o filho é “indisciplinado” e “não se comporta” na igreja.

Quando a polícia chegou ao local, o menor estava em pé, com os punhos acorrentados e o cadeado trancado na janela da sala. Foi o pai dele que entregou ao chefe da operação tenente Seixas, a chave do cadeado para libertar a criança.

Segundo a polícia, o casal tentou convencer o conselheiro de que esta foi a primeira vez que eles acorrentavam a criança. No entanto, os vizinhos afirmam que a prática é comum na casa. Segundo eles, o casal também já acorrentou em casa o filho mais novo, que tem 4 anos.

A libertação do menor foi feita por agentes do serviço reservado (P-2) e policiais militares do 28º BPM (Volta Redonda), em apoio ao Conselho Tutelar.

Outro filho do casal, que estava na igreja com os pais quando foram presos, foi levado para a 93ª DP (Volta Redonda). Eles podem ser condenados a seis anos de cadeia, além de perder a guarda dos filhos.

As crianças foram encaminhadas à Fundação Beatriz Gama, onde vão aguardar a decisão do Juizado a Infância e da Adolescência, que deve definir quem ficará com a guarda delas durante o processo na justiça.

Cárcere privado e tortura

“Trata-se de um crime hediondo. Eles (os pais) podem entrar em cárcere privado e tortura. Eles vão entrar num punhado de artigos. No mínimo, a pena para os dois será de seis anos de prisão. O garoto encontrado amarrado vai ser levado agora ao IML. Dependendo de marcas no corpo, a situação vai se agravar ainda mais para o casal”, disse o conselheiro Antônio Souza.

Apesar de afirmarem que estavam arrependidos, os pais não choraram e só se abalaram quando foram informados que estavam presos e que estão sujeitos a perder a guarda das crianças.

“Pra mim, foi um ato de castigo. Ele foge de casa. Quase apanhei de um vizinho por causa das artes dele. Ele perturba todo mundo. Pensei que seria uma coisa boa para ele. A gente ama nossos filhos e fizemos isso com eles com medo de alguém fazer mal para eles”, disse o pedreiro.

O casal foi encaminhado à Polinter na sexta-feira (20).

Fonte: G1

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