O ministro da Saúde, José Gomes Temporão (foto), disse neste domingo que a Igreja Católica está mais uma vez equivocada em relação às ações do governo federal sobre métodos anticonceptivos. Arcebispo de Olinda e Recife deve se pronunciar hoje.

Ao participar no Rio do lançamento da campanha de prevenção à Aids no Carnaval, Temporão criticou a decisão da Arquidiocese de Olinda (PE) de entrar na Justiça para impedir a distribuição no Carnaval da pílula do dia seguinte.

“A prefeitura está correta e a Igreja está equivocada, mais uma vez. A prefeitura está fazendo uma coisa que está dentro do protocolo do Ministério da Saúde. A pílula do dia seguinte é usada apenas sob prescrição médica, por orientação médica. Aí é uma questão de saúde pública e não religiosa”, disse Temporão.

Para o ministro, essa atitude da Igreja Católica é “lamentável”, pois cada vez mais afasta os jovens das paróquias. De acordo com a prefeitura de Olinda, a pílula do dia seguinte ficará disponível em dois postos de saúde da cidade, mas só será prescrita pelos médicos de plantão em casos de estupro.

Por meio da assessoria de imprensa, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) informou que a entidade não vai se manifestar. A entidade também informou que, apesar de acompanhar o andamento do processo de autoria da Arquidiocese de Olinda, essa posição não será seguida nacionalmente. Ou seja, caso a arquidiocese perca na Justiça, não caberá à CNBB recorrer da decisão.

Dom José Cardoso deve se pronunciar sobre entrevista do ministro da Saúde

O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, deve se pronunciar, nesta segunda-feira (28), sobre a entrevista do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao programa Fantástico. Na conversa, o ministro criticou a decisão da Igreja de entrar na Justiça contra a Prefeitura do Recife, para tentar impedir a distribuição da pílula do dia seguinte durante o Carnaval pernambucano.

“A Prefeitura está correta e a Igreja está equivocada, mais uma vez. A Prefeitura está dentro do protocolo do Ministério da Saúde. A pílula é usada apenas por prescrição médica e essa é uma questão de saúde pública, não religiosa”, disse Temporão.

A polêmica começou na semana passada, quando dom José reprovou a decisão da Prefeitura do Recife de distribuir a pílula do dia seguinte durante os festejos de Momo. De acordo com ele, a pílula estimula a prática do sexo e até mesmo do aborto.

“É um pecado grave. Quem pratica o aborto está matando, destruindo a vida de pessoas inocentes. A Igreja Católica pune essa prática com a excomunhão”, explicou o líder na igreja no estado.

A secretária de Saúde do Recife, Tereza Campos, disse que o programa de distribuição da pílula do dia seguinte já está implantado em todos os postos de saúde da cidade desde 2001. Segundo a secretária, a pílula do dia seguinte não é abortiva.

Além do Recife, as prefeituras de Olinda e Paulista também confirmaram que vão fazer a distribuição da pílula do dia seguinte. Em Paulista, receberão o medicamento as mulheres vítimas de abuso sexual ou que provarem ter havido falha em outro método contraceptivo.Em Olinda, apenas as vítimas de abuso sexual receberão a pílula.

Mas não foi só a Prefeitura do Recife que recebeu apoio: a Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistema de Saúde (Aduseps) anunciou que entrará com uma ação civil pública contra a distribuição da pílula do dia seguinte.

A alegação da Aduseps se fundamentará na legislação vigente e no caráter cientificamente comprovado, segundo a entidade, de que a pílula age de forma a provocar abortos.

CNBB não tem posição oficial sobre Arquidiocese de Olinda contra pílula do dia seguinte

O assessor de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Geraldo Martins Dias, afirmou nesta segunda-feira que a entidade ainda não tem uma posição oficial sobre a atitude da Arquidiocese de Olinda, em Pernambuco, de recorrer à Justiça contra a decisão da prefeitura da cidade de distribuir, durante o Carnaval, o anticoncepcional de emergência, conhecido como pílula do dia seguinte.

Sobre as declarações do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que criticou a atitude da Arquidiocese de Olinda, de entrar na Justiça contra a distribuição do anticoncepcional, por ver nisso uma questão de saúde pública e não religiosa, padre Geraldo Martins Dias disse que não poderia se pronunciar, por não ter a função de porta-voz da CNBB.

Ele disse que para dar qualquer informação sobre o assunto, em nome da entidade, dependeria de consultar vários setores da CNBB, como seu presidente, dom Geraldo Lírio, arcebispo de Mariana e Primaz de Minas Gerais, bem como do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, dom Orlando Banis, que trata “dessas questões”.

Sobre a ação do arcebispo de Olinda, dom José Cardoso Sobrinho, de entrar na Justiça, para impedir a distribuição dos anticoncepcionais, padre Dias afirmou que é uma ação acompanhada pela CNBB, não havendo, até o momento, “nenhuma posição oficial da entidade”.

Se a Arquidiocese de Olinda ganhar a ação na Justiça, disse o assessor, a posição não será seguida, em nível nacional pela CNBB, porque “a CNBB não vai recorrer à Justiça”.

Fonte: Folha Online, pe360graus e Globo Online

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