Rumo à Copa América, a seleção brasileira de Moncho Monsalve promove um vestibular para 16 jogadores, em busca dos que terão a chance de entrar na equipe principal. Um dos dois únicos que joga e estuda em universidade americana, Jonathan Tavernari certamente é o único mórmon, crença de poucos adeptos no Brasil, e segue sua fé tão a sério que mantém a virgindade até o casamento.

Nestas férias do basquete universitário norte-americano, em que atua na BYU (Brigham Young University) de Utah, Tavernari é um dos jogadores que briga por uma das vagas no “vestibular” de Moncho Monsalve. Além das principais estrelas do país, que foram dispensadas desta primeira fase de treinos, três ou quatro jogadores de uma espécie de time B do Brasil devem ser incluídos para a disputa da Copa América, a partir do fim de agosto.

Mas, além do talento dentro de quadra, algo que define Tavernari é sua relogiosidade. Ao lado de sua mãe, técnica de basquete, o hoje ala de 1,96 m de altura mudou-se para os EUA aos 16 anos e, lá, conheceu a religião mórmon e resolveu converter-se, deixando o catolicismo. Há seis anos nos EUA, ele concilia estudos, primeiro na high school (o ensino médio brasileiro), agora na universidade, com os treinos de basquete.

Se no Brasil fazer as duas coisas era um fator de complicação, a nova vida de Tavernari permitiu que ele se dedicasse ainda com mais intensidade ao esporte. Com a experiência de jogar nas seleções brasileiras de base, partiu para Las Vegas, ficando com uma família adotiva. Na hora de entrar na universidade, optou pela BYU, a mesma que revelou Baby Araújo.

A escolha pela faculdade teve a ver justamente com a religiosidade, já que a BYU é uma universidade ligada aos mórmons. “Uma das maiores razões da minha opção foi essa. Eu me batizei mórmon quando cheguei nos Estados Unidos. É a igreja correta, a que funciona para mim”, explica Tavernari, de 22 anos, que cursa Gerenciamento e Negócios.

Considerada uma religião cristã resta, a comunidade mórmon tem suas regras e Jonathan procura respeitá-las. Inclusive quando o assunto é sexo apenas depois do casamento. “A igreja me mantém focado, eu não saio à noite e prefiro me guardar quanto ao sexo. Acho uma intimidade muito grande e que deve ser reservada para um relacionamento muito forte, que vem com o casamento”, diz o jogador, que está com matrimônio marcado para o mês de setembro.

Apesar das crenças, Jonathan Tavernari vai na contra-mão de outros entusiastas religiosos, como os jogadores da seleção brasileira de futebol, que rezaram em campo após o título da Copa das Confederações e exibiram camisetas com os dizeres “Eu pertenço a Jesus”. “Acho que não tem muito a ver uma coisa com a outra. Tenho muita fé, mas isso é uma coisa pessoal”.

Quanto ao esporte, o ala-armador quase se aventurou como goleiro de futebol. A experiência durou um jogo. “Eu fui para o gol e nosso time tomou de 8. Foi meu início e meu fim como jogador de futebol”, brinca. Assim, restou ao garoto fazer a vontade da mãe, Thelma, técnica de basquete no Pinheiros. Desde os cinco anos ele recebe os ensinamentos dela e os leva para a quadra, até hoje. “Eu era um filhinho de mamãe, mas hoje sei encarar os desafios que a vida me traz”, completa.

Objetivos

Com 22 anos, Jonathan Tavernari já olha com atenção para o seu futuro nas quadras, certo de que suas escolhas podem definir o restante da carreira. Assim, este ano chegou a se listar para o draft, mas após conversas com sua família, seu time e até com o técnico Moncho Monsalve, resolveu permanecer mais um ano como universitário, para acabar seu curso.

Mas 2010 pode ser seu ano. “Ano que vem devo tentar de novo. Com isso, posso acabar jogando na NBA ou na Europa”, analisa o brasileiro. Antes disso, sua maior preocupação é ter um bom desempenho nos Jogos da Lusofonia e, com isso, se garantir no time principal da seleção brasileira, dentro do elenco que vai à Copa América.

Fonte: UOL

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