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Entre 83 países, Brasil é o terceiro com maior número de mortes violentas

A violência continua sendo o maior fator de risco para os jovens brasileiros. De cada 100 mil jovens, 49,6 são assassinados a cada ano. Outros 22 morrem por acidentes de trânsito.

A violência leva Estados como o do Rio, com renda alta e boa escolaridade, a se tornar um dos piores lugares do País para um jovem viver.

Entre 83 países que apresentam dados comparáveis, o Brasil só perde em violência para Colômbia e Venezuela. Mesmo assim, o número de assassinatos no País vem caindo. Chegaram a ser 55 por 100 mil em 2003.

Essa queda, no entanto, está sendo compensada para o lado ruim pelo crescimento nos acidentes de trânsito. “Há dez anos, logo depois do lançamento do Código Brasileiro de Trânsito, houve queda, mas voltou a subir”, explicou o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz. “Tivemos pela primeira vez queda na violência por anos consecutivos, mas estamos perdendo esses avanços pelas mortes em acidentes.”

De acordo com Waiselfisz, a morte violenta é uma característica específica da juventude, especialmente no Brasil. Entre os jovens, 72% morrem por causas externas e apenas 27% pelas chamadas causas naturais (doenças). Na população em geral, as mortes violentas são menos de 10%.

As mortes por doenças se concentram nas regiões mais pobres. Acre, Pará e Piauí têm os piores índices nesse quesito. Dados do Ministério da Saúde usados pelo Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) mostram que 92% das doenças que matam os jovens são evitáveis por prevenção.

Fonte: Estadão

Analfabetismo recua 42,8%, mas educação piora

É na educação que o Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) traz algumas das melhores notícias para o Brasil. Entre 2003 e 2007, o analfabetismo de jovens entre 15 e 24 anos caiu de 4,2% para 2,4% e chega a menos de 1% em dez Estados brasileiros.

Também diminuiu o porcentual de jovens matriculados no ensino fundamental, de 17,7% para 12,5%, e aumentou o porcentual daqueles que estão no ensino médio e superior, onde os jovens deveriam estar estudando normalmente.

Mas é também a educação que traz um dos piores dados do IDJ. Se melhorou na quantidade, o Brasil está cada vez pior na qualidade do ensino.

Uma análise dos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) da 8ª série do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, feita pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, mostra uma queda tão grande no conteúdo que os estudantes aprendem em sala de aula que equivale a uma perda total de nada menos que três anos de escola no período entre 1995 e 2005.

“É como se um aluno estivesse estudando cinco anos em vez dos oito do ensino fundamental”, compara Waiselfisz.

E isso com base no que os alunos sabiam em 1995, que já era pouco.

Disparidade regional

Os índices educacionais também traduzem com facilidade a distância entre os Estados mais pobres e aqueles mais ricos. Entre 2003 e 2006, todos os Estados tiveram queda. Mas o Norte e o Nordeste ainda concentram dois terços dos analfabetos juvenis do País.

Se os três Estados da Região Sul, São Paulo e outras seis unidades da Federação alcançam no máximo 1% de analfabetos, em Alagoas são 8,2%, no Piauí, 7% e no Maranhão, 6,6%.

“A taxa de analfabetismo caiu, mas ainda são 800 mil jovens que vivem praticamente na pré-história da humanidade”, lamentou Waiselfisz.

Ritmo maior

O IDJ mostra, ainda, que cresceu o número de jovens na escola. São, hoje, 46,9%. Mas só 33% deles estão no ensino médio ou superior, onde deveriam estar.

“Nós aplaudimos a meta do governo de, em 15 anos, alcançar a nota que a média dos Países europeus obtém hoje. Mas onde eles estarão então? Vamos ter que fazer outro PAC daqui a 15 anos? Nosso ritmo tem que ser muito maior que o deles ou vamos sempre ficar no fundo do vagão do desenvolvimento”, afirmou o pesquisador.

Fonte: Estadão

Governo decide subir classificação de “Duas Caras” para 14 anos

Cenas consideradas de apelo sexual motivaram decisão de ministério; autor fala indiretamente em “censura”. Nova faixa etária determina exibição somente a partir das 21h; Globo, que havia estipulado 12 anos para a novela, deverá recorrer.

O Ministério da Justiça decidiu ontem elevar a classificação da novela “Duas Caras”, da TV Globo, de 12 para 14 anos. A reclassificação se deu em razão de cenas consideradas de apelo sexual, como as que a atriz Flávia Alessandra, com pouca roupa, faz a “pole dancing” -dança de strippers em um poste.

Com a decisão, a novela só poderá entrar no ar a partir das 21h, o que já ocorre em Estados que adotam o horário de Brasília, mas não naqueles que têm de uma a três horas a menos de diferença -toda a região Nordeste ao longo do horário de verão e parte da Norte e Centro-Oeste durante o ano todo. A obrigatoriedade de cumprir o horário entra em vigor no dia 9.

Romeu Tuma Jr., secretário nacional de Justiça, a quem a classificação da TV é subordinada, afirmou ontem que a decisão “foi técnica, baseada na avaliação dos classificadores”.

“Não posso dar a minha opinião porque, se a Globo recorrer, a nova decisão poderá caber a mim”, disse Tuma Jr., que tem uma filha de 13 anos que assiste à novela.

A Globo deve entrar com recurso, e o ministério tem 30 dias para uma nova sentença.

“Duas Caras” é a primeira novela a ser reclassificada pela nova portaria de classificação indicativa, assinada em julho.

Ela estipula que a própria emissora classifique seus programas -foi, portanto, a Globo que decidiu que “Duas Caras” poderia ser exibida a partir das 20h (imprópria para menores de 12 anos). Determina também que o Ministério da Justiça faça a reclassificação se considerar que há inadequação do conteúdo à faixa etária.

A portaria também obriga as emissoras a respeitarem os diferentes fusos do país, para que uma novela classificada para as 21h, por exemplo, não vá ao ar às 18h no Acre. Para isso, as TVs de outros Estados terão de gravar a programação e exibir com atraso. As faixas se dividem em livre, imprópria para menores de 12 anos (20h), 14 (21h), 16 (22h) e 18 (23h).

Outro lado

A Central Globo de Comunicação afirmou que só irá se pronunciar no momento em que for oficialmente notificada ou quando a decisão for publicada no “Diário Oficial da União”, o que deve ocorrer entre hoje e amanhã. No recurso ao Ministério da Justiça, a emissora deverá alegar que a novela sofreu mudanças para se adequar à faixa dos 12 anos.

Hoje vai ao ar o capítulo em que a danceteria onde Flávia Alessandra faz a “pole dancing” é destruída por uma explosão. Sua personagem passará a dar aula da “dança do poste” em academias comportadas.

Em seu blog, Aguinaldo Silva, autor de “Duas Caras”, relaciona indiretamente esse episódio à censura. Escreve que, em 1985, não precisou explodir a boate Sexus, da novela “Roque Santeiro”, apesar de haver censura “oficial” à época.

E ironiza: “Hoje todos nós criadores devemos dar graças aos céus, pois vivemos num governo democrático, cujos líderes lutaram bravamente contra as arbitrariedades de então e, por isso, jamais admitiriam o retorno desse estado de coisas”.

Fonte: Folha de São Paulo

Demolição de capela em SP gera confusão entre padre e moradores

A demolição de uma capela no Jardim Modelo, na Zona Norte de São Paulo, tem causado desentendimento entre os moradores do bairro e o padre responsável pela paróquia matriz da região. A construção está em um terreno irregular a poucos metros da Rodovia Fernão Dias.

Segundo a Secretaria de Habitação, o terreno pertence à Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). Funcionários da Igreja retiraram os objetos da capela na terça-feira (18) e na quarta (19), sob protesto de alguns fiéis.

Os moradores acusam o padre de não negociar com as autoridades pela manutenção da capela e reclamam da falta de comunicação entre o religioso e a comunidade. “Eu não entendo como vão derrubar a nossa capela e todo o resto vai continuar de pé, inclusive a igreja evangélica que fica do lado”, reclama a moradora Valdeci da Silva Faria.

O padre, que não quis se identificar, disse ao G1 que recebeu uma ordem de despejo e de demolição da capela em 12 de janeiro e que está apenas cumprindo a lei. De acordo com o religioso, a construção foi erguida em terreno irregular por um descuido do antigo pároco que comprou um terreno menor que a área construída. “Se tivesse algo errado ou alguma injustiça eu seria o primeiro a reclamar”, afirma.

O único imóvel da região com demolição prevista é a capela. Segundo a Subprefeitura do Jaçanã, o motivo da ação precoce foi o pedido da própria Igreja para apressar a derrubada. O padre confirmou a informação da subprefeitura e disse que tomou a decisão para resolver logo a questão com as autoridades. Ele disse que já tinha alertado aos freqüentadores das missas sobre a demolição e não entende o porquê da reclamação dos outros moradores.

Um lugar para rezar

Com a iminente derrubada do imóvel, os moradores reivindicam um lugar para rezar. “Sem a nossa capela a gente tem que atravessar a rodovia para ver a missa na igreja matriz”, desabafa Valdeci. Eles querem que a Igreja reconstrua a capela na comunidade.

O padre disse que está buscando alternativas para solucionar o problema. Mas, segundo ele, enquanto a Secretaria de Habitação não fizer as remoções e elaborar um plano de zoneamento, a Igreja não tem como comprar um terreno para a construção da capela.

Como alternativa temporária, o pároco afirma que tem negociado com a subprefeitura a utilização de uma sala de uma creche municipal que será inaugurada no bairro. Segundo ele, as missas ocorreriam uma vez por mês no local. A assessoria de imprensa da Subprefeitura do Jaçanã afirmou que não tem conhecimento de nenhuma negociação com a Igreja.

Fonte: G1

Espanha aprova lei para controlar comércio de armas

O senado espanhol aprovou nesta quarta-feira de forma definitiva a lei de comércio de armas, que obrigará o governo a controlar melhor suas vendas e informar com detalhe o parlamento.

A aprovação é uma resposta aos dez anos de campanha feita por várias ONGs no país.

“Este é um avanço importante para acabar com o enorme custo humano das exportações irresponsáveis de armas, que causam no mundo uma morte a cada minuto”, comemoraram Anistia Internacional (AI), Greenpeace e Oxfam, em um comunicado.

Com esta lei, a Espanha cumprirá a resolução da ONU. “A norma determina a ampliação dos controles do governo a todo tipo de armas de fogo, inclusive as de caça e tiro esportivo, seus acessórios e munições”, explicou o ministério espanhol do Comércio.

Além disso, o governo deverá apresentar ao Parlamento uma informação completa e detalhada sobre as exportações de armas, apresentar estatísticas semestrais e garantir o comparecimento anual do Secretário de Estado de Turismo e Comércio.

A lei obriga também o país a fornecer informações sobre o uso final do produto exportador e a natureza do usuário final.

Segundo dados oficiais divulgados pelas ONGs, a Espanha vendeu ano passado material de defesa no valor de mais de 845 milhões de euros, o que a coloca em oitavo lugar entre os exportadores de armas.

A Espanha vendeu 441.000 euros em material de defesa a Israel, um milhão de euros ao Paquistão, mais de 16 milhões de euros para o Marrocos e mais de três milhões de euros à Venezuela.

Fonte: AFP

Seita ortodoxa considera Putin a ‘reencarnação de São Paulo’

Uma seita ortodoxa de uma aldeia do Volga considera o presidente russo, Vladimir Putin, a reencarnação de São Paulo e o venera como tal.

A seita “Rússia em ressurreição” nasceu há cinco anos em Bolchaya Elnia, um povoado de 600 habitantes próximo a Nizhny Novgorod, explicou à AFP a representante dos aldeões, Maria Dobrovolskaya.

“Putin está representado como um santo na pequena igreja local e seu retrato decora as paredes das casas onde vivem os adeptos”, explicou Dobrovolskaya, explicando que o presidente é idolatrado por suas qualidades: honestidade, amor à pátria e coragem”.

A diocese de Nizhny Nóvgorod condenou energicamente a iniciativa: “a seita usa o nome do presidente, que apresenta como a reencarnação de São Paulo, para recrutar novos adeptos e ganhar mais dinheiro”, denunciou o porta-voz da diocese, Igor Ptchelintsev.

O desaparecimento da URSS provocou uma perda dos referenciais ideológicos e uma crise econômica que favoreceu o surgimento de seitas em todo o país.

Fonte: AFP

Igreja adota novo procedimento para clérigos que vivem relação homossexual

A Igreja Luterana da Noruega alterou as normas gerais dos sínodos de 1995 e 1997 que permitiam a pessoas do mesmo sexo vivendo uma relação desempenharem postos na igreja, mas não no ministério ordenado.

A decisão do Sínodo, reunido na cidade sulina de Oyer, em novembro, dá ao corpo eclesiástico a responsabilidade de aceitar ou não o homossexual, desde que não haja violação às leis da Noruega ou à regulamentação sinodal.

O Sínodo enfatizou a necessidade de continuar o diálogo sobre este tema dentro da Igreja da Noruega e também ecumenicamente, mantendo a declaração tanto da Comissão Doutrinal como da Conferência de Bispos, segundo informações da agência de notícias da denominação.

A decisão leva em consideração a recomendação formulada pelo Conselho da Federação Luterana Mundial (FLM) em sua reunião de março de 2007, realizada em Lund, Suécia, e que convida a uma respeitosa comunicação entre as igrejas sobre o tema.

A FLM convida as igrejas membros a ler as Escrituras à luz de sua mensagem central da salvação em Jesus Cristo e da justificativa somente pela fé, bem como a encarar este tema e as possíveis desavenças sobre estas questões nessa perspectiva.

Fonte: ALC

Vaticano critica “A Bússola de Ouro” por ser destituído de Deus

O Vaticano condenou na quarta-feira o filme “A Bússola de Ouro”, tachado por alguns de anticristão, dizendo que ele promove a idéia de um mundo frio, sem Deus e caracterizado pela desesperança.

Num editorial longo, o jornal do Vaticano l’Osservatore Romano também fez duras críticas a Philip Pullman, autor do best-seller sobre o qual é baseado o filme de fantasia voltado ao público familiar.

Foi a crítica mais dura feita pelo Vaticano a um autor e um filme desde a condenação que fez de “O Código Da Vinci”, em 2005 e 2006.

“No mundo de Pullman a esperança simplesmente não existe, porque não existe salvação senão na capacidade pessoal e individualista de controlar a situação e dominar os acontecimentos”, disse o editorial.

O filme, que fez sua estréia neste mês e é estrelado por Nicole Kidman e Daniel Craig, é uma adaptação do livro aclamado “A Bússola Dourada”, de Philip Pullman. O longa estréia no Brasil na terça-feira de Natal.

O jornal do Vaticano disse que os espectadores honestos vão constatar que o filme é “destituído de qualquer emoção em especial, além de uma grande frieza”.

No mundo de fantasia criado pela trilogia “Fronteiras do Universo”, de Pullman, a Igreja e a instância que a rege, conhecida como Magisterium, estão ligadas a experimentos cruéis com crianças, visando descobrir a natureza do pecado, além de tentativas de acobertar fatos que prejudicariam a legitimidade e o poder da Igreja.

Na versão feita para o cinema, todas as referências à Igreja foram eliminadas. O diretor Chris Weitz não quis correr o risco de ofender o público religioso.

Mesmo assim, alguns grupos católicos nos EUA pediram um boicote do filme, temendo que mesmo uma versão suavizada do livro possa atrair as pessoas para a leitura da trilogia.

O jornal do Vaticano disse que o filme e os escritos de Pullman mostram que “quando o homem procura eliminar Deus de seu horizonte, tudo é reduzido e feito triste, frio e desumano”.

A Liga Católica dos EUA exortou os cristãos a não assistirem ao filme, dizendo que seu objetivo é “prejudicar o cristianismo e promover o ateísmo” entre as crianças.

O jornal do Vaticano disse que “A Bússola de Ouro” é o filme “mais antinatalino possível” e considerou “um consolo” o fato de a bilheteria de seu primeiro fim de semana em cartaz ter sido decepcionante: 26 milhões de dólares.

A New Line Cinema, uma unidade da Time Warner Inc., esperava que o filme arrecadasse entre 30 e 40 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana. “A Bússola de Ouro” está tendo resultados melhores fora da América do Norte.

Fonte: Reuters

Especialistas não vêem messianismo em ato do bispo Luiz Cappio

Professor de sociologia da USP diz que bispo poderia vir a ter seguidores, mas não tem características de líder carismático. Para antropóloga, protesto trouxe questões que não apareceram em outros momentos em que a igreja se envolveu com a política.

Ao fazer seu protesto contra a transposição das águas do rio São Francisco, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, 61, promoveu um ato mais político do que religioso, disseram professores à Folha. Apesar disso, o bispo não tem as características de um líder messiânico.

Para o professor titular de sociologia da USP Lisias Nogueira Negrão, autor de “O Messianismo no Brasil Contemporâneo”, o bispo até poderia vir a ter seguidores, apesar de não ter características de líder messiânico. O professor explica que esses líderes costumam atuar à margem da igreja, o que não é o caso de d. Luiz.

“Não que não tenha havido líderes messiânicos dentro da igreja, como o caso famoso do padre Cícero, que foi neutralizado pela igreja. Mas normalmente o líder messiânico se contrapõe à instituição. Embora a CNBB tenha se posicionado nessa caso- ela foi meio ambígua-, não há um rompimento com a instituição”, diz.

“Uma atitude como essa, que poderia ter como conseqüência a própria morte, poderia provocar um surto messiânico. Ele poderia ser pensado como sendo um homem de virtudes excepcionais e como tal ser objeto de um certo culto a ele como um santo em vida”, avalia.

Mario Maestri, professor do de pós-graduação em história da Universidade de Passo Fundo (RS), diz que “no mundo latino o catolicismo teve sempre enorme dimensão política”.

“A greve de fome enseja discussão porque emprega a dimensão sacra do sacerdote contra iniciativa dos grandes interesses econômicos, de gravíssimas seqüelas sociais e ambientais, em época de grande despolitização”, diz. “É um ato político que se dá dentro do espaço de concepção de mundo, com toda uma comunidade de esquerda da igreja.”

Já a antropóloga Regina Novaes, que estuda a relação entre política e religião, afirma que o protesto trouxe pontos inéditos, que não estavam presentes em outros momentos em que a igreja se envolveu em questões políticas no Brasil.

“O que é novo agora? Trata-se de um protesto sobre um assunto que não alinha de um lado a elite e de outro o povo; nem de um lado os conservadores e de outro os progressistas. Nem sequer podemos dizer que de um lado está a igreja progressista e, de outro, a conservadora”, afirma.

Segundo a professora, as definições de “bem” e “mal” neste caso estavam embaralhadas, “em linguagem técnica, ecológica e de justiça social”.

“Por um lado, trata-se de um Estado laico e de um governo eleito democraticamente e, neste sentido, não haveria como ceder a um bispo católico por mais carismático e generoso que ele seja”, afirma Regina. “Por outro lado, trata-se de um país bastante marcado pela cultura católica, que santifica por meio do sofrimento. D. Cappio se tornaria um mártir em defesa do “Velho Chico’? É possível. Mas não certo.”

Para teólogo, ato de bispo tem amparo na Bíblia

A greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, tem amparo bíblico, segundo o teólogo Geraldo Hackmann, professor da PUC-RS e único brasileiro na Comissão Teológica Internacional do Vaticano. “É uma forma pacífica de se pedir uma mudança”, diz ele.

Ao longo da semana, os religiosos que apóiam dom Luiz Cappio, como o bispo auxiliar de São Paulo dom Pedro Stringhini, repetem que ele não fez greve de fome, mas jejum, que está regulamentado pelo Vaticano. O Código de Direito Canônico afirma que todos os católicos devem se privar de alimento por um ou mais dias durante o ano para refletir sobre seus pecados.

Não é o caso de d. Luiz, que viveu à base de soro na tentativa de barrar a transposição do rio. Tanto que d. Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba, tem afirmado que o ato do bispo de Barra não é religioso, é político.

Para Hackmann, o jejum de d. Luiz se enquadra no exemplo do profeta Jeremias, no Antigo Testamento, que era crítico do rei Sedecias e de sua política externa que teria levado à destruição de Jerusalém. “O ato de d. Luiz lembra o que se chama de gesto profético”, afirma o teólogo. Um gesto profético ocorre, por exemplo, quando uma pessoa toma medidas políticas inspirada por princípios religiosos, mesmo que sob risco de vida. Acredita-se que o profeta é inspirado por Deus.

O problema é uma questão de consciência, na opinião dos religiosos. Segundo eles, se dom Luiz estiver convicto de que a greve é inspirada por Deus, tudo bem.

Supremo libera transposição; bispo desmaia e é internado

Ontem o STF (Supremo Tribunal Federal) liberou as obras de transposição de parte das águas do rio São Francisco. Também ontem, o bispo de Barra (BA), d. Luiz Cappio, que faz greve de fome contra a transposição, passou mal e foi internado, segundo informações do médico que o atendeu, frei Klaus Finkam. Pela manhã, o plenário do STF negou recurso que, se aceito, paralisaria as obras. Em outro processo, o ministro do STF Carlos Menezes Direito cassou decisão do juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Antonio Souza Prudente que havia suspendido as obras.

Tanto a rejeição do recurso quanto a derrubada da decisão do TRF-1 representam uma importante vitória judicial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que elegeu a transposição, orçada em mais de R$ 5 bilhões, como uma das prioridades de seu governo.

Por 6 votos a 3, os ministros negaram um pedido de paralisação das obras, apresentado em julho pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, para quem o governo não cumpriu as exigências mínimas para executar o projeto. Os ministros favoráveis à suspensão das obras foram Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello. Para eles, seria uma medida de cautela contra eventuais riscos de danos a ambiente, erário público e populações atingidas.

A maioria dos ministros disse que o governo vem cumprindo os requisitos para realização do projeto e que o Judiciário não pode interferir na definição de políticas públicas. “Cabe ao Executivo a exclusiva responsabilidade de avaliação, definição, execução e portanto opção de políticas públicas diante das necessidades sociais da população”, disse Direito, o relator.

Ele rebateu um dos pontos mais polêmicos do projeto: a necessidade de autorização do Congresso por atingir comunidades indígenas. Direito afirmou que só haveria essa exigência se a finalidade fosse retirar recursos hídricos das terras indígenas, não fornecer a elas. Britto, um dos votos vencidos, disse que o rio São Francisco padece de “pobreza franciscana” e criticou a transposição simultaneamente à revitalização. “Se o rio está doente, deveria ser revitalizado primeiro. Não se pode exigir que a pessoa doente seja doadora de sangue”, afirmou ele.

As obras de transposição são contestadas pelo Ministério Público Federal, seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, entidades ambientalistas e associações de trabalhadores rurais, principalmente da Bahia, de Sergipe e Minas Gerais.

“Vamos levar adiante esse projeto, que é importantíssimo ao Nordeste e ao Brasil. Vamos repetir que a decisão do STF não significa vitória de ninguém sobre ninguém, nós continuamos abertos para ouvir propostas venham ela de onde vier, inclusive do bispo, que possam aprimorar, melhorar, agregar qualidade ao projeto”, disse o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).

Fracasso

Também ontem Lula encerrou as negociações com o bispo. A decisão foi informada no final da tarde de ontem ao comando da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), por meio de um telefonema do chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, ao secretário-geral da entidade, dom Dimas Lara Barbosa. De acordo com o governo, os trabalhos serão retomados pelo Exército em 7 de janeiro, quando os militares retornam do recesso do Natal e do Réveillon.

“Aqui [em Brasília] morreu a negociação com o governo. Não tem mais nada para ser conversado”, disse Roberto Malvezzi, agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), e que está desde anteontem em Brasília como representante de dom Luiz.

Fonte: Folha de São Paulo

Ortodoxos consideram “blasfêmia” anúncio da Coca-Cola

Um grupo de ortodoxos indignados protestou ante as autoridades religiosas da cidade russa de Nijni Novogorod contra um anúncio da Coca-Cola que consideram uma “blasfêmia”.

“A companhia encheu toda Nijni Novogorod com máquinas de bebidas que têm logotipos que representam a cruz ortodoxa e cúpulas, símbolos queridos para todos os fiéis. Todos estes logotipos levam uma garrafa de Coca-Cola com cruzes colocadas ao contrário”, se queixaram os denunciantes.

“Nos sentimos profundamente ultrajados por este ato de blasfêmia. É um insulto aos tesouros ortodoxos e nacionais do povo russo por uma companhia americana”, afirma a queixa, que tem 440 assinaturas.

Fonte: AFP

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