A última edição do estudo “Retratos da Leitura no Brasil”, realizado pelo Instituto Pró-Livro em 2007, aponta que a Bíblia é o gênero mais lido no Brasil, à frente de livros didáticos (2º) e romances (3º). Somente a Sociedade Bíblica do Brasil, uma das maiores editoras do segmento, vende mais de 5 milhões de cópias ao ano.

A pesquisa , que foi divulgada na semana passada na Câmara dos Deputados por Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura, também revelou que o País tem 77 milhões de pessoas que não lêem livros.

De acordo com Amorim, esse problema não ocorre apenas entre as pessoas com baixa escolaridade, já que 8% dos entrevistados com nível superior de ensino também não são leitores. Galeno foi um dos participantes do 1º Seminário de Incentivo à Leitura no Brasil, promovido pela Frente Parlamentar Mista da Leitura.

Segundo ele, 95 milhões de brasileiros leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa, feita no final de 2007 pelo Instituto Pró-Livro. O levantamento, no qual foram ouvidas 5 mil pessoas em 311 cidades de todo o País, mostra que as mulheres lêem mais do que os homens, e que a Bíblia é tida como a obra mais importante para os adultos.

As crianças, por sua vez, preferem publicações como o “Sítio do Pica-pau Amarelo”, de Monteiro Lobato; a fábula “Chapeuzinho Vermelho” e a série “Harry Potter”, da escritora britânica J.K. Rowling. De acordo com Galeno Amorim, a adolescência e a infância são apontadas como as fases em que as pessoas mais lêem: a pesquisa mostrou que sete crianças, em cada grupo de dez, são leitoras.

Bíblia

De acordo com a pesquisa, 66% dos livros estão nas mãos de 20% da população; 8% dos brasileiros não têm nenhum livro em casa; e 4% têm apenas um. A maioria dos leitores (55%) costuma ler apenas trechos ou capítulos; 11% pulam páginas e 38% lêem o texto inteiro.

Dos 43 milhões que vêem apenas trechos das obras, 10% são leitores da Bíblia, que é lida por grande parte dos adultos, mesmo por aqueles que se declaram agnósticos ou ateus. Ela é mais lida por protestantes (9,8%) e evangélicos em geral (12,26%) do que pelos católicos (2,82%) e kardecistas (2,54%). “Dos 48 milhões de leitores que não estavam estudando, 6,9 milhões liam a Bíblia”, informou Galeno.

Obrigação

De acordo com a pesquisa, 21,4 milhões dos leitores têm contato com os livros apenas por obrigação, mas 71,7 milhões dizem sentir prazer nessa atividade.

Ainda segundo o levantamento, as mães são as pessoas que mais influenciam a leitura. E os escritores mais admirados no Brasil são Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis.

Também participaram do debate, entre outros, o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Alfredo Manevi, o vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro, Bernardo Gurbanov, e o deputado Magela (PT-DF). O seminário desta quarta-feira foi realizado pela frente parlamentar com o objetivo de debater a criação do Fundo Pró-leitura, que financiaria as ações do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).

Folhad e São Paulo e Portal Câmara

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