O papa Bento XVI não tinha conhecimento da posição negacionista do bispo inglês Richard Williamson quanto ao Holocausto, informou hoje o Vaticano, após um bispo da Suécia ter declarado que ele havia sido avisado.

“É absolutamente sem fundamento afirmar ou só insinuar que o Papa foi antecipadamente informado sobre as posições de Williamson”, disse o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, rebatendo o que o bispo de Estocolmo, Dom Anders Arborelius, disse hoje, por meio de um comunicado publicado no site de sua diocese.

De acordo com Arboreliu, ele mesmo teria advertido a Santa Sé de que o inglês havia negado a existência do Holocausto em um programa de televisão sueco, que foi ao ar no dia 21 de janeiro de 2009, três dias antes do Pontífice revogar a excomunhão de quatro bispos da Fraternidade São Pio X, incluindo Williamson.

À época, a decisão de Bento XVI foi repudiada por comunidades judaicas e outros setores religiosos.

Para confirmar que o Pontífice não tinha conhecimento do assunto, Lombardi relembrou notas que foram enviadas pelo Papa a dioceses do mundo inteiro para explicar a situação.

“A carta aos bispos de 10 de março colocou um ponto em todas as questões e não há motivo para reabri-las. O Papa explicou o motivo da remissão da excomunhão como gesto para favorecer a unidade da Igreja e, ao mesmo tempo, mostrar o não fundamento das acusações a ele dirigidas sem respeito”, disse o porta-voz, argumentando que “reabrir o caso Williamson não vai servir senão para criação confusão sem motivo”.

No texto, Bento XVI comentou os “erros de comunicação” e as “avalanches e protestos” que ocorreram durante o desenrolar dos fatos. A maior parte da carta foi dedicada a enfatizar a “necessidade” da retirada da excomunhão dos bispos, ressaltando que a decisão foi tomada visando a “união dos fiéis”.

“Se o empenho para a fé, para a esperança e para o amor no mundo constituem neste momento a prioridade da Igreja, então as reconciliações pequenas e médias também fazer parte [das prioridades, ndr.]. Se um gesto causou tanto barulho, transformando-se no contrário de uma reconciliação, devemos tomar nota dele”, escreveu o Papa.

Williamson e outros três bispos da Fraternidade São Pio X foram ordenados em 1988 pelo arcebispo Marcel Lefèbvre (1905-1991) — fundador da congregação –, sem autorização do então papa João Paulo II. A Fraternidade também não reconhecia as reformas do Concílio Vaticano II e nem o Magistério dos Papas, por isso, os religiosos foram excomungados.

Fonte: Ansa

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