O Vaticano anunciou que realizará uma turnê internacional para promover uma campanha contra o aborto em defesa da vida. A iniciativa começará pela América Latina, passando pela América do Norte, África, Oriente Médio e terminará na Europa.

O cardeal colombiano Alfonso Lopez Trujillo, presidente do Pontifício Conselho para a Família, foi designado para representar o papa Bento 16 na viagem.

Trujillo ficará à frente dos encontros que a Santa Sé terá com chefes de Estado e de governo, líderes políticos e representantes de instituições culturais de diversos países.

O cardeal espera convencer os governantes sobre a importância de decretar uma moratória contra o aborto, a exemplo da que foi aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no início deste ano contra a pena de morte.

De acordo com o cardeal colombiano, “o aborto é uma pena capital imposta a um inocente indefeso”.

“Se a Igreja, assim como a ONU, é contrária à condenação à morte, esta é a principal razão para lembrar que é pecado matar um bebê que nunca nasceu”, disse o cardeal em entrevista ao jornal italiano “La Repubblica”.

Doutrina

Lopez Trujillo pretende discutir a doutrina católica sobre a defesa da vida, da concepção até a morte natural, junto a governos de todas as orientações políticas, incluindo marxistas e socialistas. De acordo com ele, o aborto é um problema mundial e o Vaticano pretende superá-lo.

O primeiro encontro será realizado depois da Páscoa em Santo Domingo, na República Dominicana, quando serão convidados políticos de vários países interessados em discutir o assunto.

“Não estamos falando de uma lei italiana, mas de um drama que atinge a consciência de todos: a morte de um ser inocente no ventre materno”, disse.

O Vaticano ainda não decidiu quais e quantas nações a turnê vai percorrer e reconhece que poderá enfrentar resistências em países que já aprovaram leis favoráveis ao aborto e têm políticas de distribuição de camisinhas e pílulas do dia seguinte.

Temas polêmicos

Ele promete responder a temas polêmicos como o aborto em casos de violência sexual, de bebês que nascem sem cérebro, ou quando a gravidez coloca em perigo a vida da mulher.

“A violência sexual é um drama que não se resolve matando um bebê inocente”, disse o cardeal ao “La Reppublica”.

“Quando a mulher está em perigo, a sociedade deve fazer todo o possível para salvá-la e salvar o seu bebê. A medicina moderna e os progressos das pesquisas científicas já fizeram passos gigantes. Por que não levar isso em consideração?”, indagou Trujillo.

Na bagagem, o cardeal vai levar o livro Família e Procriação Humana, uma contribuição de 16 cientistas, que prega, entre outras coisas, que procriar não é mera reprodução, que a família é um bem social e os filhos são, desde a concepção, pessoas e não aglomerados biológicos.

Fonte: BBC Brasil

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