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Mercado de produtos evangélicos está em expansão

De acordo com dados do IBGE, em 2004, 89,2% dos brasileiros se declaravam cristãos, sendo 73,8% católicos e 15,4% evangélicos. Para atender a esse público, o mercado de produtos religiosos vem crescendo ao longo dos anos. A diversidade também é cada vez maior.

A formiga que anda sobre duas pernas é conhecida nacionalmente por difundir a mensagem cristã de forma leve e criativa. O Smilingüido representa a fragilidade humana e divulga valores como honestidade, amizade, perdão e cuidado com o meio ambiente. Criado em 1982 pela desenhista Márcia D’Haese, o personagem se tornou um aliado na divulgação da mensagem, mas também dos produtos religiosos. Hoje já são mais de 150 itens da linha Smilingüido distribuídos pela editora Luz e Vida, entre cartões, marca-páginas, roupas, brinquedos, adesivos, livros etc.

A Bíblia continua o mais tradicional produto religioso para o público cristão. O Pastor Marcos Gladstone, Secretário Regional da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), revela que o país já é o que mais produz o livro sagrado em todo o mundo. Além de alimentar o mercado interno, as gráficas da SBB imprimem a Bíblia em 19 idiomas e exportam para 90 países. E a tendência é de crescimento. Em 2007, foram distribuídas 5.161.811 Bíblias pela SBB, um crescimento de 56% se comparado às 3.308.037 comercializadas em 2002.

‘‘As igrejas estão crescendo. À medida que elas crescem, cresce também o mercado desses produtos religiosos’’, explica o representante da SBB. Para atrair um público cada vez mais diversificado, inovação foi a palavra-chave. Hoje é possível encontrar a Bíblia em áudio, CD-ROM, em diferentes línguas e até adaptadas ao tipo de público, como crianças, mulheres, pastores ou adolescentes. ‘‘A Bíblia se tornou um produto barato e acessível a qualquer pessoa. A partir de R$ 3,25 é possível comprar uma’’, conta o Pastor Marcos Gladstone. Apesar de não haver dados numéricos sobre o mercado religioso no Rio Grande do Norte, a percepção de quem trabalha no ramo é consensual: esse segmento tem crescido. ‘‘É um mercado extremamente crescente. É uma situação nacional que tem reflexo local. Isso já vem há alguns anos e a mídia tem sido o grande impulsionador’’, revela o superintendente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte, Adelmo Freire.

Para ele, os programas religiosos no rádio e na televisão têm oportunidade de divulgar produtos como livros, CDs e DVDs. ‘‘Quando você tem essa divulgação, naturalmente você fomenta o comércio desse segmento. As lojas vão se fortalecendo’’, disse Adelmo Freire.

Fonte: Diário de Natal

Vitória de barack Obama aumenta racismo nos EUA

Desde a eleição do primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama, uma série de incidentes racistas vem ocorrendo no interior do país. Fotos de Obama queimadas em cruzes e forcas, pichações dizendo “matem Obama” e xingamentos racistas em escolas públicas estão se multiplicando.

Segundo o Southern Poverty Law Center, entidade que monitora o racismo e os grupos extremistas, ocorreram cerca de 200 incidentes significativos desde a eleição, há duas semanas, o que representa um número muito acima da média.

“Os racistas estão fora de si porque o maior pesadelo deles virou realidade. Temos um presidente negro. Além disso, os brancos serão minoria no país em 2042” , disse Heidi Beirich, diretora de pesquisas do Southern Poverty Law Center.

“Esse multiculturalismo é a morte do sonho dos supremacistas de ter uma grande nação branca.”

Heide lembra que, há 50 anos, os EUA eram um país segregacionista, onde brancos não dividiam o banheiro com negros, não tomavam água no mesmo bebedor e nem freqüentavam às mesmas escolas.

Um dia depois da eleição, Denene Millner, da cidade de Snellville, na Geórgia, foi vítima de dois incidentes raciais. De manhã, um menino no ônibus escolar disse a sua filha de 9 anos: “Espero que Obama seja assassinado.” À noite, alguém arrancou as placas de Obama do gramado de sua cunhada e deixou na porta duas caixas de pizza com fezes humanas.

No mesmo dia, quatro alunos da Universidade Estadual da Carolina do Norte admitiram ter escrito comentários anti-Obama em mural. Uma das frases era: “Vamos dar um tiro na cabeça desse negro”.

Em uma cidade perto de Los Angeles, foram pichadas suásticas, xingamentos e frases como “volte para África” nas calçadas. Na Universidade do Alabama, os incidentes envolveram uma professora, Marsha Houston. Logo depois da vitória de Obama, ela pôs um pôster do presidente eleito e de sua família na porta de seu escritório. O pôster foi arrancado. Ela pendurou outro, e alguém escreveu palavrões e ameaças de morte contra Obama.

Parte dos incidentes é de autoria dos supremacistas brancos, grupos racistas radicais como a tradicional Ku Klux Klan. Um dos sites mais populares entre os supremacistas, o Stormfront.org, ficou fora do ar no dia seguinte à eleição por causa do excesso de acessos. O site ganhou 2 mil novos integrantes em apenas um dia.

Radicais

Mas, muitos dos agressores não são radicais, são racistas entre os quais a eleição de um negro desencadeou ações agressivas. “O estresse econômico e a eleição de um negro deixaram os preconceitos mais aparentes”, disse Brian Levin, diretor do Centro de Estudos sobre Ódio e Extremismo da Universidade Estadual da Califórnia, em San Bernardino.

Segundo ele, os lugares mais afetados por esse tipo de incidente são as regiões onde ocorreram aumento recente da diversidade étnica, como em cidades do Meio-Oeste e vilarejos rurais no Nordeste.

No Southern Poverty Law Center, os especialistas estão preocupados com uma possível radicalização dos supremacistas brancos. “Como a via política está muito comprometida por causa da eleição de um presidente negro, eles podem se desesperar e partir para ações mais extremas”, afirmou Heide.

O centro se prepara para um período com maior número de incidentes de terrorismo doméstico com inspiração racista, como foi o caso de Timothy McVeigh, que matou 168 pessoas ao explodir um prédio público em Oklahoma, em 1995.

De acordo com analistas, os incidentes ganharam impulso com a entrada de Sarah Palin na campanha. O discurso ultraconservador da vice da chapa republicana exaltou os ânimos de muitos partidários durante seus comícios. Era comum ouvir gritos do tipo “cortem a cabeça dele” e “terrorista”, todos em referência a Obama.

Fonte: Estadão

”No futuro vai se concluir que critério racial é errado”, diz ex-ministro da Educação

O deputado Paulo Renato (PSDB-SP) espera que, no futuro, o País conclua que o critério racial para estabelecer cotas nas universidades federais é errado e se decida a manter na lei apenas o critério de renda para ampliar o ingresso de alunos de grupos sociais desfavorecidos.

Na semana passada, o deputado tucano, ministro da Educação no governo Fernando Henrique, fechou um acordo com o PT para juntar dois projetos e aprovar um modelo de cota social acoplado à fixação de cotas raciais para as universidades federais.

Paulo Renato recebeu duras críticas do sociólogo Demétrio Magnoli, em artigo publicado ontem no Estado, por causa do acordo fechado com o PT. Ele acusou Paulo Renato de participar de “um conluio” para aprovar o projeto. “É uma questão objetiva política. Esse projeto seria aprovado de qualquer maneira”, alegou ontem o deputado paulista.

Ele reitera que não mudou de posição e diz que, com o acordo, conseguiu incluir no projeto do governo o critério de renda. Esse item constava de um projeto seu que iria a voto, mas tinha chances remotas de aprovação, já que o governo tem ampla maioria na Câmara. Eis a entrevista:

O que aconteceu na Câmara?

Quero antes falar do artigo. Ele é descontextualizado, injusto e agressivo. Minha história nunca foi de racismo ou de privilegiar qualquer corte racial em políticas que eu tenha implementado. Quando assumi o Ministério da Educação, nós tínhamos 13% das crianças fora da escola. Entre os mais pobres, 25% estavam fora da escola e 20% eram negros. A política de ações afirmativas que eu implantei não tinha a ver com cotas. Criei um programa de apoio a cursos pré-vestibulares voltados para os mais pobres. Esse tipo de ação afirmativa é mais importante que as cotas. Incluímos negros como nunca na escola.

Por que o sr. mudou de posição agora?

Eu não mudei de posição. Havia uma proposta, já aprovada no Senado, que estava pronta para ser votada no plenário da Câmara. E uma proposta exatamente igual, aprovada na Câmara há mais de dois anos, de cuja elaboração eu não participei, que também estava pronta para votar. As duas propunham uma cota de 50% para alunos da escola pública e, dentro dos 50%, cota racial, na proporção de cada raça no Estado em que se situar a universidade federal. Minha emenda era diferente. Ela propunha cota de 50% para alunos de escolas públicas e, dentro dos 50%, metade seria reservada para alunos de famílias com renda até 3 salários mínimos. Poderíamos ter ido a voto. Na semana passada, recebi uma proposta do PT, que sugeria um entendimento, porque eles também simpatizavam com a idéia da cota por renda. Fizemos um acordo: a lei fixaria 50% das vagas para alunos da escola pública, entrando a metade por critério de renda e, dentro da renda, virá o critério racial.

O sr. acredita que a sociedade é dividida por raças?

Não.

O sr. acha que existem raças entre os homens ou existe apenas a espécie humana, como define a moderna biologia?

Essa questão é muito mais para a antropologia do que para a política. Que todos são seres humanos, é óbvio. Mas também é óbvio que a própria Igreja Católica, há pouco mais de 100 anos, considerava os negros como animais. Isso nós não podemos desconhecer. Essa questão tem de ser tratada do ponto de vista objetivo. E objetivamente, no Brasil, é totalmente descabido nós esquecermos a questão racial, porque somos um país de grande miscigenação. É difícil achar um brasileiro que não tenha um componente de sangue branco ou negro.

Se todos têm sangue negro e sangue branco, como separar quem é negro de quem é branco?

Pois é, vai contra. Eu quero lembrar que a minha proposta foi de separar por renda. Apenas nós concordamos com um projeto que contemplasse os dois critérios, com o objetivo de vê-lo aprovado. Numa democracia, você tem de respeitar que existam outras opiniões. Para os intelectuais, às vezes é difícil enxergar esse ponto.

As cotas raciais não estimulam um sentimento racista nas duas direções?

É verdade. Por isso a minha proposta era eminentemente social, por renda. Contemplando o critério de renda, nós estaríamos automaticamente contemplando o critério racial também, porque há uma superposição entre a questão social e a questão racial. O articulista me atribui a função de ser o “defensor” da raça branca, porque os brancos estariam protegidos na proporção da população.

Como é que se vai aferir o critério racial para preenchimento das cotas? Será por autodeclaração?

Não é o meu argumento, é o argumento que me deu o ministro da Educação. A divisão será por proporção dentro de cada Estado.

É de esperar que muita gente vá se autodeclarar negro, porque fica mais fácil entrar na cota, não?

Não fui eu que coloquei isso no projeto. Aliás, esse projeto foi aprovado há três meses no Senado por unanimidade. Estão me atribuindo questões raciais que eu não defendo. Não fui eu que coloquei isso no projeto. Aqui é uma questão objetiva política. Esse projeto seria aprovado de qualquer maneira. Eu consegui incluir nele o critério de renda, o que abre a porta para, no futuro, se discutir e chegar à conclusão – eu espero que se chegue – de que o critério racial é errado e nós devemos manter apenas o critério de renda. Oxalá no futuro essa lei se torne inócua, porque o ideal é que nos tenhamos uma escola pública que prepare igualmente o aluno para o vestibular e que as cotas se tornem desnecessárias.

Quem é:Paulo Renato Souza

É deputado federal paulista, eleito pelo PSDB em 2006

Foi ministro da Educação no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995/2002)

Foi secretário de Educação de São Paulo (1984/86)

Foi reitor (1986/1990) da Universidade de Campinas (Unicamp)

Fonte: Estadão

Pesquisa Datafolha mostra que o racismo perdeu força no país

Um novo levantamento repete perguntas sobre o tema feitas há 13 anos e constata que uma fatia menor de pessoas declara seu preconceito contra negros. A adesão a lugares-comuns abertamente racistas também caiu, embora parcelas significativas dos entrevistados ainda acreditem neles.

A pesquisa anterior deu origem, em 1995, ao caderno “Racismo Cordial”. O ano é considerado por especialistas um momento de inflexão na forma como a sociedade brasileira lida com a questão.

Desde então, a discriminação racial ganhou presença maior na agenda de debates e políticas públicas.

Embora o preconceito “aberto” seja assumido por apenas 3% dos entrevistados, os brasileiros continuam a se ver como uma sociedade racista -para 91%, os brancos têm preconceito de cor em relação aos negros. Alguns analistas enxergam nessa contradição um indício de que parte da queda no preconceito declarado seja resultado apenas de um racismo mais “velado”.

Por outro lado, mais brasileiros se “assumem” pretos e pardos, e a parcela da população que se identifica como branca caiu de 50% para 37% nesses 13 anos. Também caiu o percentual de pessoas que dizem já terem sido discriminadas por causa da própria cor -de 22% em 1995 para 16% agora.

Naquele ano, o Datafolha entrevistou 5.081 pessoas em 121 cidades do país. A atual pesquisa ouviu 2.982 pessoas em 213 municípios. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.

País se vê menos branco e mais pardo

A imagem do Brasil como um país de maioria branca não se sustenta mais nas estatísticas.

Há 13 anos, quando o Datafolha fez a sua primeira grande pesquisa sobre o tema, metade dos entrevistados se definiram como brancos. Hoje, são 37%, percentual próximo ao dos autodeclarados pardos (36%). Os que se classificam como pretos representam 14% da população com 16 anos ou mais, de acordo com o levantamento.

Este movimento é coerente com o detectado pelas pesquisas do IBGE: em 2007, pela primeira vez na história, a soma de pretos e pardos superou a de brancos no total da população.

Duas razões principais explicam o crescimento dos autodeclarados pretos e pardos.

A primeira é demográfica. O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, organizado pelos pesquisadores Marcelo Paixão e Luiz Carvano, mostra que, em 1995, o número médio de filhos de mulheres pretas e pardas era 3,0. Entre brancas, a taxa era de 2,2.

Dez anos depois, a diferença caiu, mas as mulheres pretas e pardas seguem tendo, em média, mais filhos (2,3 ante 1,9).

No entanto, como a definição de cor ou raça pelo IBGE é autodeclaratória (é o entrevistado quem escolhe entre cinco opções fornecidas), outra razão apontada por especialistas para esse aumento é que pessoas que antes se identificavam como brancas deixaram de se classificar assim.

No relatório de Paixão e Carvano, comparou-se a geração que, em 1995, tinha de 10 a 29 anos, e, em 2005, tinha de 20 a 39 anos. Mesmo nesse grupo -em tese, a mesma população dez anos depois- foi verificado aumento de pretos e pardos.

Para o sociólogo José Luiz Petrucelli, do IBGE, contribuiu para esse aumento o que ele chama de processo de revalorização identitária. “O que antes não entrava nos padrões de beleza ou prestígio e era desvalorizado hoje mudou para se constituir em referência, até para poder usufruir de vantagens relativas”, diz, referindo-se, por exemplo, a ações afirmativas que passaram a dar benefícios a pretos e pardos no acesso ao ensino superior.

Além de investigar como a população se classifica pelo critério do IBGE (branco, preto, pardo, amarelo ou indígena), o Datafolha perguntou como os brasileiros definiriam sua cor de forma espontânea, ou seja, sem restringir a resposta a essas cinco opções.

O resultado foi que, apesar do crescimento na proporção dos brasileiros que se autodeclaram pretos ou pardos, outros termos, como moreno e negro, são mais utilizados de forma espontânea. A soma das respostas moreno, moreno claro e moreno escuro, por exemplo, chega a 33%, quase o dobro dos 17% que se definiram como pardos espontaneamente.

O termo negro, não utilizado pelo IBGE, representou 7% das respostas espontâneas, percentual superior aos 4% que se declararam pretos dessa maneira.

É essa a resposta que é dada pela operadora de telemarketing Érika Nascimento de Paula, 29, que aparece na capa deste caderno. Questionada sobre a sua cor pela reportagem, disse: “Sou negra”. Quando apresentada às opções do IBGE, disse ser “preta”.

“Há negros que têm preconceito com a própria cor e dão outras respostas”, diz, justificando as afirmações taxativas.

Até mesmo quando o Datafolha fez a pergunta sobre cor limitando as respostas às cinco definições utilizadas pelo IBGE, houve quem não aceitasse ter que escolher apenas entre elas. Mesmo a opção não constando desta pergunta do questionário, 4% insistiram e se declararam morenos.

Mudanças

A dificuldade de classificar a população segundo as definições do IBGE vem sendo discutida internamente no instituto, que, neste ano, está elaborando mais um estudo para subsidiar propostas. Um dos desafios é substituir o termo pardo, que, tradicionalmente, representaria tanto descendentes de pretos com brancos quanto de brancos com índios.

Petrucelli, do IBGE, defende mudanças, mas diz que o tema precisa ser tratado com cuidado. Ele afirma que qualquer alteração, se acontecer, será discutida com a sociedade e feita de forma a permitir comparações com pesquisas anteriores.

“Minha posição pessoal é que precisamos aprimorar esse critério, pois é muito rígido e não dá conta da diversidade de identidades dos brasileiros.”

Não é a primeira vez que o IBGE tenta mudar. Antes do Censo de 2000, foi feito um teste com opções de respostas espontâneas. O sociólogo Simon Schwartzman, presidente do instituto na época, afirma que as definições foram tantas que inviabilizaram a mudança.

“A conclusão foi que era melhor ficar com o que tínhamos. Quando você abre a questão, as pessoas dizem ser moreninhas ou cor de jambo, entre tantas outras respostas. A maioria da população não quer ser etiquetada racialmente”, diz.

Diminuem as manifestações de preconceito

Seja por mero pudor ou realmente por uma questão de consciência, os brasileiros, hoje, se mostram menos preconceituosos do que há 13 anos.

Ao repetir neste ano perguntas feitas em 1995, o Datafolha identificou que caiu significativamente o grau de concordância da população com frases como “negro bom é negro de alma branca” ou “se Deus fez raças diferentes, é para que elas não se misturem”.

O que não mudou de lá para cá foi a constatação, aparentemente contraditória, de que o brasileiro reconhece o preconceito no outro, mas não em si mesmo. Ou, como já definiu a historiadora da USP Lilia Moritz Schwarcz, “todo brasileiro se sente como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados”.

Para 91% dos entrevistados, os brancos têm preconceito de cor em relação aos negros. No entanto, quando a pergunta é pessoal, só 3% (excluindo aqui os autodeclarados pretos) admitiram ter preconceito.

Foi igualmente alto (63%) o percentual de entrevistados que afirmaram que negros têm preconceito em relação a brancos, mas somente 7% (excluindo os brancos) dizem ter, eles mesmos, algum preconceito.

Também caiu (de 22% para 16%) a proporção de brasileiros que se sentiram discriminados por sua cor. Esse percentual, no entanto, chega a 41% entre autodeclarados pretos.

Para Schwarcz, o que mudou de 1995 para 2008 foi a popularização do discurso politicamente correto. Ela, no entanto, demonstra algum ceticismo com relação ao menor percentual de concordância com afirmações preconceituosas.

“As coisas mudaram, mas nem tanto. As pessoas reagem mais às frases preconceituosas, como se já estivessem vacinadas. É positivo ver que há maior consciência, mas é preocupante constatar que a ambivalência se mantém. Parece que os brasileiros jogam cada vez mais o preconceito para o outro. “Eles são, mas eu não.'”

Também historiador, Manolo Florentino, da UFRJ, tem opinião semelhante. “O que cresceu foi sobretudo o pudor. Para tanto deve ter colaborado, em alguma medida, a disseminação da praga politicamente correta. Se for este o caso, estaremos mais uma vez frente à constatação de que nosso racismo é envergonhado, que, afora casos patológicos, o brasileiro só expressa seu preconceito racial através de carta anônima.”

Constrangimento

O sociólogo Marcos Chor Maio, da Fiocruz, faz leitura mais otimista. O fato de os brasileiros só admitirem preconceito nos outros -o que pode ser visto como hipocrisia-, para ele, é um valor: “As pessoas têm vergonha de parecerem racistas, cria-se um constrangimento enorme. Isso é ótimo”.

Fulvia Rosemberg, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e coordenadora do programa de bolsas da Fundação Ford, vê na ampliação do debate sobre a questão racial, provocado principalmente pela discussão das cotas em universidades, uma das causas para a queda do preconceito.

“Isso não acirrou a oposição branco/negro e parece ter desenvolvido maior consciência e atenção às relações raciais.”

A socióloga Fernanda Carvalho, do Ibase e uma das coordenadoras do movimento Diálogos Contra o Racismo, concorda: “Não deixamos de ser um país com forte racismo, mas evoluímos. Não se discutia tanto a questão do negro. Hoje, as pessoas estão compreendendo melhor o tema e têm mais consciência de que o preconceito é um valor negativo”.

Yvonne Maggie, antropóloga da UFRJ, tem opinião diferente sobre o racismo no país.

“Os pretos se sentem mais discriminados, mas são eles também os que mais acreditam no esforço pessoal. Somos uma sociedade que tem optado por não marcar o sentimento da vida a partir da raça”, diz ela, citando o dado de que 71% dos pretos concordam que, se um pobre trabalhar duro, melhorará de vida. Entre brancos, o percentual é de 67%.

Maggie diz também que o aumento da escolaridade nos últimos anos deve ter contribuído para a queda no preconceito. “Pode até ser que o debate sobre raça tenha influenciado, mas não é possível concluir isso com base na pesquisa. O que temos de concreto nesses últimos anos foi que houve uma melhoria radical do sistema educacional no Brasil”, diz a antropóloga.

Segundo o Datafolha, quanto maior a escolaridade, menor a manifestação de preconceito. Entre a população com nível superior, apenas 5% concordam que negros só sabem fazer bem música e esporte. Entre os que não passaram do fundamental, a proporção é de 31%.
A idade do entrevistado também influencia. Entre os que têm 41 anos ou mais, 27% concordam com a frase sobre negros na música e esporte. Entre os mais jovens (16 a 25), a proporção cai pela metade: 13%.

Salário e escolaridade dos negros melhoram

Há 13 anos, na comunidade quilombola de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira (SP), ninguém tinha diploma universitário. Essa barreira foi rompida em 2006 por Elson Silva, 25. Depois dele, mais dois concluíram a graduação e outros nove seguem o mesmo caminho.

Com uma bolsa da Fundação Ford, Silva faz mestrado em educação. “O maior acesso ao ensino melhorou a qualidade de vida na nossa comunidade”, diz ele, que vê um preconceito menor, ao mesmo tempo que mais “enrustido”, no país.

O maior acesso à educação de pretos e pardos é destaque na comparação das pesquisas Datafolha de 1995 e 2008. O avanço também é detectado pelo IBGE, mas a diferença ainda é grande, como mostra o Relatório Anual das Desigualdades Raciais, organizado por Marcelo Paixão e Luiz Carvano.

A diferença na média de estudo de pretos e pardos para brancos caiu de 2,1 anos em 1995 para 1,8 em 2007. Mesmo assim, a média de 6,3 anos de estudo de pretos e pardos em 2007 é menor que os 6,4 anos de brancos em 1995.

O IBGE também detecta maior presença de pretos e pardos no ensino superior. Em 1995, eram 18% dos estudantes. Em 2007, 31%. O acesso aos cursos, porém, é diferenciado.

O questionário do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, do MEC, mostra que, numa graduação concorrida como medicina, só 12% dos concluintes são negros, pardos ou mulatos (definições usadas pelo MEC no exame). Já nos cursos que formam professores, a proporção sobe para 51%.

IDH

Além da educação, a esperança de vida ao nascer, graças em boa parte à queda na mortalidade infantil, também registrou avanço. Em 1995, 5,6 anos separavam brancos de pretos e pardos. Dez anos depois, a diferença caiu para 3,2.

Essas melhorias se refletiram também no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, usado pela ONU para comparar países). Mas, ainda assim, o IDH de pretos e pardos (0,753 numa escala de zero a um) os coloca no mesmo nível do Irã. Os brancos, com 0,838, ficam perto de Cuba.

Avanços, ainda que insuficientes, também se verificam nos salários. De acordo com uma conta do economista Naércio Menezes Filho, da USP, em 1987, uma mulher negra recebia, em média, 38% do salário de um homem branco. Vinte anos depois, o percentual passou a ser de 56%.

Na comparação entre homens negros e homens brancos, no entanto, os avanços são menos significativos. Em 1987, o rendimento médio dos homens negros representava 58% do recebido por homens brancos. Em 2007, o percentual passou para 62%.

“Mulheres negras estavam mais confinadas a ocupações precárias e sofrem duplo preconceito: por ser mulher e por ser negra. Isso diminuiu um pouco graças à melhoria da escolaridade”, diz Menezes.

Essas mudanças, no entanto, ainda não foram suficientes para mudar a cor da riqueza no Brasil.

Num país em que quase metade da população se declara preta ou parda, em 1995, como mostram Paixão e Carvano, essa parcela representava apenas 17% dos brasileiros que estavam entre os 10% mais ricos. Em 2007, o percentual subiu para 22%.

Já entre os 10% mais pobres, a proporção de pretos e pardos é de 68%.

Cota é vista como essencial e humilhante

Polêmicas desde que começaram a ser implementadas, em 2002, no Brasil, as cotas para negros nas universidades continuam dividindo opiniões.

Se, por um lado, 51% da população se diz a favor da reserva de vagas para negros, por outro, 86% concordaram com a afirmação de que as cotas deveriam beneficiar pessoas pobres e de baixa renda, independentemente da cor.

As respostas seguem contraditórias quando 53% dos brasileiros concordam que cotas são humilhantes para negros, mas, ao mesmo tempo, 62% dizem que elas são fundamentais para ampliar o acesso de toda a população à educação. Também 62% dizem que elas podem gerar atos de racismo.

Leituras diversas

Como era esperado, o resultado da pesquisa gerou leituras diversas de críticos e de pessoas favoráveis ao sistema.

A antropóloga Yvonne Maggie, contrária à reserva de vagas por cor ou raça, destaca a incoerência dos resultados do levantamento. Para ela, no entanto, é natural que, dependendo da forma como a pergunta é feita, a população concorde com a idéia de dar vantagens àqueles que se sentem mais discriminados.

“Quem vai negar vantagens aos que dizem ser mais discriminados? As pessoas, no entanto, acreditam no esforço pessoal e também são favoráveis ao mérito, até em percentual maior. Também acham que as cotas podem provocar racismo. Será que estão fazendo o cálculo de que é melhor racismo, contanto que as pessoas ganhem alguns privilégios?”, questiona a antropóloga.

Aceitação

Renato Ferreira, do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e defensor do sistema, diz não ter dúvidas de que há uma aceitação à política de cotas.

“Os meios de comunicação, via de regra, se manifestam contrariamente. Se sai algo positivo, quase não comentam. Se é negativo, isso reverbera. Dentro desse contexto, acho significativo que a maioria da população hoje concorde com as cotas raciais”, afirma.

Ferreira fez um levantamento que mostra que, no Brasil, já há 82 instituições públicas adotando algum critério de ação afirmativa no acesso ao vestibular, seja ele de cotas ou de bonificação extra para alunos por sua cor, renda ou tipo de escola cursada no ensino médio.

As ações afirmativas em exames de ingresso, no entanto, estão sendo contestadas numa ação que ainda não foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal. Até agora, essas universidades têm conseguido manter nas instâncias inferiores da Justiça seus sistemas.

O STF, porém, ainda não julgou uma ação movida pela Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) contra o ProUni, programa do governo federal que adota ações afirmativas na distribuição de bolsas para estudo em instituições privadas. Caso declare inconstitucional esse critério, a decisão afetará as instituições públicas.

“A Constituição determina que ninguém terá tratamento desigual perante a lei e que o acesso ao ensino superior se dá por mérito. Na reserva de vagas, há uma discriminação ao contrário, e entendemos que isso é ilegal”, diz Roberto Dornas, presidente da Confenen.

Qualidade

Enquanto não há decisão definitiva, as universidades que divulgaram resultados sobre o desempenho acadêmico dos cotistas têm defendido que isso não afetou a qualidade.

Ricardo Vieralves, reitor da Uerj, uma das pioneiras, diz que houve necessidade de criar aulas de reforço, mas que os alunos que se formam saem com a mesma qualidade. Ele afirma também que não foram registrados casos de racismo.

Adriana Pastor, 23, que entrou no curso de odontologia da Uerj graças às cotas, diz não ter percebido diferenças no desempenho entre cotistas e os demais. “Acho que fui uma das melhores alunas de minha turma e não percebi nenhum tipo de preconceito entre meus colegas. Para mim, a maior dificuldade do curso foi que o material era muito caro”, diz.

Oitenta e duas instituições públicas de ensino superior no país adotam algum critério de ação afirmativa na seleção de estudantes, seja ele de cotas ou de bonificação extra para alunos por sua cor, renda ou tipo de escola cursada no ensino médio.

Fonte: Folha de São Paulo

Homossexuais fazem pressão pela aprovação de projeto contra “homofobia”

A Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros – lançou, na manhã desta quinta-feira (27), no Senado, em seminário nacional, campanha para arrecadar um milhão de assinaturas em apoio ao projeto de lei da Câmara (PLC 122/06) que torna crime a homofobia, isto é, a aversão ao homossexualismo.

O projeto tramita no Senado e, na avaliação de Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays e Transgêneros (ABLGT), não há mais razão para adiar a aprovação da matéria.

– Não podemos mais ficar esperando uma situação ideal para aprovar esse projeto. Temos que bater em cada gabinete; não estamos discutindo o Alcorão, mas a Constituição brasileira. Muitos fundamentalistas dizem que queremos destruir a família. Não queremos destruir nada. Nós queremos criar o nosso tipo de família. Pagamos impostos, temos deveres, queremos nossos direitos. Não queremos nenhum privilégio, aposentadoria especial, nada. Queremos respeito – disse Toni Reis, em discurso durante a reunião promovida pela frente parlamentar.

O presidente da ABLGT citou pesquisa feita este ano, pelo DataSenado, segundo a qual 70% dos entrevistados concordam com a aprovação desse projeto que torna crime a discriminação de sexo, orientação sexual e identidade de gênero, e prevê formas de punição à discriminação. De acordo com Toni Reis, os sexualmente diferentes precisam de solidariedade para que a tramitação desse projeto ganhe celeridade, “para ganhar ou para perder”, disse. Lamentou que, no momento em que se comemoram os 20 anos da Constituição federal, a comunidade LGBT não tem nada a comemorar e proclamou: “Não podemos mais ficar à mercê de fundamentalistas”.

Durante a reunião da frente parlamentar, o projeto recebeu o apoio dos senadores Serys Slhessarenko (PT-MT), que presidiu os trabalhos, Fátima Cleide (PT-RO), presidente da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT) José Nery (PSOL-PA) e de vários outros presentes.

Ao sublinhar a importância do seminário nacional da frente parlamentar, que em sua quinta edição debate a homofobia, Serys Slhessarenko disse que o dia era extremamente importante, mas que chegará o momento em que os sexualmente diferentes não precisarão mais realizar esse tipo de encontro.

– O sentimento propiciado por essa reunião é bom, mas por outro lado é ruim, porque o preconceito existe. Discutir a situação dos homossexuais é bom, mas se não fosse a opressão não estaríamos aqui debatendo nada. Rebentar as amarras do preconceito não é fácil para ninguém. Há homofobia neste país. Diariamente, vemos homossexuais enfrentando dificuldades para terem sua sexualidade respeitada.

Lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros fazem manifestação em frente ao Congresso

No anunciado propósito de fazer história, a Frente Parlamentar pela Cidadania e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays e Transgêneros (ABLGT) agruparam, ao meio-dia desta quinta-feira (27), vários representantes do segmento na rampa do Congresso Nacional. O objetivo da manifestação foi registrar o lançamento, no Parlamento, de campanha pela aprovação do PLC 122/06, que criminaliza a homofobia.

Aprovado na Câmara e aguardando deliberação no Senado, o projeto torna crimes, puníveis com até cinco anos de prisão, a discriminação e o preconceito contra homossexuais. De acordo com a Frente Parlamentar, a cada dois dias é assassinado no Brasil um integrante do segmento populacional que reúne lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

Fonte: Agência Senado

MPF propõe mais uma ação contra pastor e outros integrantes da máfia das sanguessugas

O Ministério Público Federal no Tocantins (MPF/TO) propôs à Justiça Federal uma ação de improbidade administrativa contra Darci José Vedoin, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, Amarildo Martins da Silva, conhecido como Pastor Amarildo, José Bezerra Lino Tocantins, ex-prefeito de Paranã, e Ronildo Pereira Medeiros, além das empresas Planan Indústria, Comércio e Representações Ltda e Frontal Ind e Com de Móveis Hospitalares Ltda, pela participação na organização criminosa que desviava verbas federais destinadas à compra de ambulâncias, denominada máfia das sanguessugas.

A ação protocolada nesta quarta-feira, 26 de novembro, se refere exclusivamente à fraude na licitação para aquisição de unidade móvel de saúde pelo município de Paranã (TO).

Segundo a ação, Darci e Luiz Vedoin se associaram ao então deputado federal Pastor Amarildo, que contatou vários prefeitos do Tocantins para participar do esquema de desvio. Um deles é José Bezerra Lino Tocantins, que, na condição de prefeito de São Valério Natividade, foi o responsável pela execução do convênio celebrado em 2004 entre o Ministério da Saúde e a prefeitura. O valor do convênio foi de R$ 84.231,20, sendo R$ 81.777,60 repassados pelo Ministério da Saúde e R$ 2.453,60 correspondentes à contrapartida do município. A fiscalização da Controladoria Geral da União indicou o superfaturamento na compra da ambulância com recursos federais, que na época tinha valor de mercado igual a R$ 45.352,00 mas foi adquirida por R$ 63.580,00, causando prejuízo imediato superior a 18 mil reais.

Entre as irregularidades no procedimento licitatório com o objetivo de favorecer as empresas participantes do esquema, a fiscalização da Controladoria Geral da União verificou que não consta no processo o decreto de nomeação dos membros da Comissão Permanente de Licitação, o gestor municipal não procedeu à pesquisa prévia de mercado, com vistas a obter parâmetros para a realização da licitação, e a data das propostas apresentadas pelas empresas participantes é anterior à data do recebimento das cartas-convite, o que evidencia fraude. Outro ponto ressaltado na ação é que a a soma das propostas vencedoras é igual ao valor total do convênio, o que reforça a tese de conluio e licitação de cartas marcadas.

Em depoimento durante a investigação da fraude, Luiz Antonio Vedoin afirmou que conheceu o então deputado Pastor Amarildo em 2001, com quem fez um acordo através do qual ele receberia 10% sobre o valor das emendas destinadas à aquisição de unidades móveis de saúde, que deveriam ser pagos na ocasião da apresentação da emenda. A título de antecipação para o ano de 2002, Luiz Antonio pagou a importância de 50 mil reais ao deputado.

O MPF/TO requer a condenação dos citados ao ressarcimento integral à União de R$ 81.777,60 devidamente acrescido de juros e correção monetária, ao pagamento de multa civil correspondente a 300% do valor dos recursos liberados no convênio, a suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, a proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de dez anos, a proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de dez anos, a perda da função pública e a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.

Máfia das sanguessugas

O esquema foi revelado em 2004 por fiscalização da Controladoria Geral da União (CGU) em municípios de todo o país. Em maio de 2006, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sanguessuga para desarticular a quadrilha, formada por dezenas de parlamentares, prefeitos e empresários.

Com pequenas variações, o esquema montado para desvio de dinheiro público consistia em comércio de emendas individuais ao Orçamento Geral da União, fraude à licitação e superfaturamento na compra de ambulâncias ou equipamentos hospitalares. As fraudes em processos licitatórios eram praticadas desde o ano 2000, e até 2006 foram fornecidas mais de mil unidades móveis de saúde, movimentando mais de cento e dez milhões de reais.

Os líderes do esquema são Darci José Vedoin e Luiz Antônio Trevisan Vedoin, proprietários das empresas que figuram nas fraudes. Os empresários negociavam a aprovação das emendas individuais com os parlamentares, fixando o valor da “comissão” que seria destinada aos congressistas. No Tocantins, grande parte dessas emendas é de autoria do ex-deputado federal Pastor Amarildo. Ele próprio se encarregou de fazer contato com os prefeitos dos municípios destinatários dos recursos federais, orientando-os a procurarem pelo núcleo empresarial da quadrilha.

Nos municípios, os prefeitos e membros das comissões de licitação fraudavam as licitações, viabilizando a seleção de empresa indicada pela quadrilha, bem como a compra de ambulâncias por preço muito superior ao valor de mercado. Uma espécie de kit de licitação era confeccionado para que nenhuma das etapas necessárias ao desvio dos recursos públicos fugisse ao controle da quadrilha, que elaborava previamente muitos dos documentos. Freqüentemente, os agentes públicos limitavam-se a assinar as minutas que lhes eram apresentadas.

Fonte: 24 Horas News

Líderes religiosos se reúnem na Suécia para discutir clima

Centenas de representantes das principais religiões do mundo reúnem-se nesta sexta-feira em Uppsala, na Suécia, para um encontro ecumênico sobre mudanças climáticas – tida como a primeira do tipo.

A reunião, de dois dias, inclui cristãos, muçulmanos, judeus, chineses daoístas e um representante dos povos indígenas dos Estados Unidos.

O encontro deve produzir um manifesto, a ser assinado por 30 líderes religiosos, que terá o objetivo de encorajar a Organização das Nações Unidas a buscar medidas mais rigorosas para lidar com as mudanças no clima do planeta.

Os líderes também querem incentivar o envolvimento pessoal de fiéis nos temas relacionados à causa.

O repórter da BBC no encontro, Christopher Landau, disse que será abordada na conferência a falta de entusiasmo em relação a medidas contra mudanças climáticas em alguns setores religiosos.

“Eis uma grande emergência humana”, disse o bispo anglicano de Londres, Richard Chartres.

“Várias de nossas paróquias ainda encaram isto como um assunto periférico, de segunda ordem. Tem que subir nas prioridades.”

Os delegados na Suécia acreditam que se apresentarem uma mensagem unificada para o mundo, as comunidades religiosas podem fazer uma contribuição real.

Fonte: BBC Brasil

Fiscalização em ônibus resulta em prisão de pastor evangélico

Foi realizada no posto da Polícia Rodoviária Federal de Eunápolis ontem uma blitz com o objetivo de fiscalizar passageiros de ônibus. Vários ônibus foram parados durante a tarde, todos os passageiros foram checados e as bagagens foram inspecionadas com o auxílio de um cão farejador.

A operação culminou na prisão de Jair Silva Novais, 50 anos, residente em Ilhéus que se apresentou como pastor evangélico. Constava contra ele um mandado de prisão decretado pela justiça paulista no qual ele é acusado de homicídio. Ocorrência encaminhada à polícia Civil de Eunápolis.

Em Teixeira de Freitas, às 14h40 no KM 882 da BR 101, agentes da PRF, prenderam em flagrante J.V.S.C., 53 anos, residente em Teixeira de Freitas. Ele conduzia uma motocicleta sem placa com ocorrência de roubo/furto, e trazia consigo uma espingarda cartucheira calibre 28. Ocorrência encaminhada à polícia civil de Teixeira de Freitas.

Ainda ontem em Eunápolis, por volta de 23h30 foram presos no KM 721 da BR 101, R. A.L. e J. S.S.. Eles invadiram um barraco na margem da rodovia e espancaram os quatro ocupantes: Antonio Pereira da Silva, Roberto de Jesus Silva, Jerry Adriane Santos Ribeiro e Antonio Pereira da Silva. Jerry conseguiu fugir e foi direto ao posto da PRF pedir socorro (estava muito ferido), o SAMU foi acionado e a PRF foi ao local onde encontrou os agressores no barraco torturando as outras vítimas.

Com eles havia uma um facão, uma faca e uma espingarda tipo “soca-soca”. Ocorrência encaminhada à polícia civil de Eunápolis. Legenda da foto fiscalização prende pastor arma: Arma encontrada com J.V.S.C., 53 anos, que conduzia uma motocicleta sem placa com ocorrência de roubo/furto, e trazia consigo uma espingarda cartucheira calibre 28.

Fonte: Sollo – Bahia

Países árabes tentam censurar site que promove laicismo

Um dos sites mais proibidos no mundo árabe é uma página espanhola que busca promover o laicismo, os princípios democráticos e o desenvolvimento da sociedade civil, segundo uma rede de ONGs árabes com sede no Cairo.

O domínio “3almani.org”, que em árabe significa laico, foi criado em março de 2007 “com a intenção de mostrar que o laicismo não é sinônimo de ateísmo, idéia muito divulgada no mundo islâmico, mas a base de uma democracia na qual todos os cidadãos são iguais perante a lei, independente da religião que professarem”.

A afirmação foi feita à Agência Efe por um dos criadores do site, que pediu para ser identificado como Naji Nasr.

A página, cuja logomarca é um farol que ilumina na escuridão um mar revolto e cujo nome completo é “A rede dos árabes laicos”, oferece artigos escritos por árabes de todo o mundo sobre religião, política, filosofia, arte ou literatura.

O diretor-executivo da Rede Árabe para a Informação sobre os Direitos Humanos (RAIDH), Jamal Aid, acredita que “o estranho de tudo isto” e ao contrário do que muitos pensam, é que “as paginas web laicas, liberais ou que apóiam a democratização têm muito mais problemas nos países árabes que as páginas religiosas ou radicais”.

Isso acontece, segundo os dois, porque estes países, à frente dos quais situam o laico Tunísia e o ultraconservador Arábia Saudita, não suportam a crítica política e rejeitam reformas democráticas ou o império da lei.

O diretor da RAIDH denuncia que as páginas religiosas, embora mantenham posturas muito radicais, não são proibidas, até que não fique claramente demonstrado que defendem o recurso à violência.

Isto se deve a que, por um lado, costumam manter-se à margem da política e, por outro, utilizam um discurso religioso apoiado em textos sagrados contra o que as autoridades preferem não intervir.

O www.3almani.org, que, segundo os criadores, recebe em torno de duas mil visitas diárias, principalmente da Arábia Saudita, Egito, Kuwait, Líbano, Jordânia e Barein, denunciou há algumas semanas à RAIDH que o site tinha sido censurado em dois países.

No entanto, acrescenta o diretor da RAIDH, “após falar com os voluntários de nossa organização, comprovamos que não era censurada só em dois países, mas está proibida em cinco – Arábia Saudita, Emirados, Tunísia, Barein e Síria -, com o que se transformou na página mais censurada no mundo árabe”.

Nasr, que mora na Espanha, confessa que não só têm que lidar com esta censura, mas também com os ataques de “hackers” islâmicos que, com o nome de “Mujahedins do islã na internet contra o laicismo”, bloquearam a página pouco após a criação e postaram nela acusações de falta de piedade, ameaças e apelos à conversão.

Após esta experiência, que provocou o desânimo e inclusive o abandono de um dos criadores, que tinham se conhecido em diferentes fóruns da internet, a página ressurgiu em maio de 2007 com um sistema de segurança mais sólido.

Desde então, seguem fiéis à idéia que fez com que o projeto surgisse e receberam colaborações de 400 escritores, autores ou ativistas políticos árabes, assim como de organizações, que, como eles, defendem o laicismo.

Em diferentes “quartos” do site, os membros que se cadastram fazem mesas-redondas e participam de chats entre si e com os convidados para discutir e promover um diálogo sem censuras, impensável em muitos de seus países de origem.

Embora até agora a página tenha resistido às abordagens dos mais fanáticos e radicais, o www.3almani.org começa a sucumbir perante a censura de alguns Estados árabes.

Fonte: Último Segundo

Stalin se torna ícone em igreja ortodoxa russa

A popularidade do ex-líder soviético Josef Stalin permanece em alta na Rússia, chegando até mesmo a uma igreja ortodoxa na periferia de São Petersburgo, onde um dos padres expôs uma imagem que retrata o ditador junto à santa padroeira de Moscou.

Segundo a lenda, a protetora de Moscou assegurou em 1941 que Stalin derrotaria os nazistas. A iniciativa, no entanto, não agradou aos fiéis, cujos protestos induziram o pároco a transportar a imagem sacra para um local mais reservado da igreja, informou o jornal Novi Izvestia.

A popularidade de Stalin, no entanto, segundo confirmam pesquisas recentes, continua viva no país. Inclusive, houve algumas propostas para canonizá-lo, com a motivação de que o ditador era na realidade pio e devoto.

O primeiro a sugerir a canonização foi um dos mais conhecidos teólogos da Igreja Ortodoxa russa, o já falecido arcebispo Dmitri Dudko.

Até o momento, o patriarcado de Moscou não comentou o caso. Enquanto isso, o sacerdote Mikhail Ardov, conhecido por suas posições progressistas, denunciou a debilidade da igreja “frente estes pedidos terríveis de canonização de Stalin”.

Fonte: Ansa

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