Um avião turco com centenas de passageiros foi desviado por um seqüestrador turco, afirmando ter um cúmplice e que queria entregar uma mensagem ao Papa Bento XVI, e aterrissou nesta terça-feira em um aeroporto do sul da Itália, onde se rendeu.

O seqüestrador se entregou à Polícia por volta das 20h00 locais (15h00 de Brasília), duas horas após a aterrissagem do Boeing 737-400 da Turkish Airlines no aeroporto de Brindisi, escoltado por dois caças italianos.

O homem “enganou” os passageiros e a tripulação quando se trancou na cabine de pilotagem afirmando que tinha um cúmplice que se encontrava na parte traseira da aeronave, um 737-400 da companhia aérea Turkish Airlines, afirma a agência italiana Ansa.

“Apenas uma pessoa seqüestrou o avião, um homem de 30 anos”, escreveu a Ansa, que cita como fonte agentes da alfândega do aeroporto de Brindisi, onde o avião foi obrigado a aterrissar.

Segundo a rede de notícias Sky TG 24, a Polícia está verificando se entre os passageiros não se escondeu um ou vários seqüestradores. “Estamos verificando, não podemos confirmar a notícia”, assegurou o Ministério do Interior, consultado pela AFP.

As autoridades turcas afirmaram que identificaram o seqüestrador, que se chama Hakan Ekinci, de 30 anos.

Uma carta, escrita por Ekinci e dirigida ao Papa Bento XVI, pode ser consultada na internet.

Nela, o seqüestrador assegura que é cristão e que não quer prestar serviço militar na Turquia, “um Exército muçulmano”.

Convertido em 1998 ao cristianismo, Ekinci afirma ter sido preso duas vezes, tendo sido “violentado e torturado”. Ele teria fugido para a Albânia, onde viveu em um campo de refugiados.

“Freqüento a Igreja desde 1998 e encontrei o caminho certo com Jesus Cristo e o Evangelho”, escreveu o seqüestrador na carta.

O avião que seguia a rota Tirana-Istambul, com 107 passageiros a bordo e seis membros da tripulação, foi desviado por volta das 18h45 locais (13h45 de Brasília) quando passava pela Grécia e os seqüestradores pediram para ir à Roma.

O avião foi seguido por quatro F-16 gregos que o escoltaram até a fronteira albanesa e, depois, foi interceptado por dois caças F-16 italianos que o forçaram a pousar no aeroporto de Brindisi.

As negociações foram realizadas com Eikinci a partir da torre de controle do aeroporto de Brindisi e o ministro italiano do Interior Giuliano Amato estabeleceu em Roma uma célula de crise para acompanhar o caso.

Um deputado albanês, Sabri Abazi, que se encontrava a bordo do avião e que foi entrevistado via telefone celular pela agência italiana Ansa, afirmou que o seqüestrador não chegou a exibir armas.

Segundo o deputado albanês, “os passageiros foram tomados pelo pânico”.

Um jornalista albanês a bordo da aeronave, Emir Hoxha, disse que pelo menos 88 passageiros eram albaneses.

O ministro albanês de Transporte, Lulezim Basha, informou que “nenhum passageiro foi ferido ou agredido”. Outros disseram o mesmo ao serem contatados por telefone.

Em uma conversa telefônica com a TV albanesa, outro passageiro descreveu sua surpresa e a de seus companheiros de viagem após o seqüestro. “Não sabemos onde estamos”, disse. “Ninguém nos disse nada”, acrescentou.

O Vaticano acompanhou o fato e esperava “ter mais notícias”, segundo seu porta-voz Federico Lombardi.

Bento XVI, que deve visitar a Turquia de 28 a 30 de novembro, esteve no centro de uma forte polêmica devido a um discurso pronunciado na Alemanha no qual associou o Islã à violência.

Fonte: AFP

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