Igreja da Libéria, Serra Leoa e África do Sul desempenham papel fundamental na reconciliação entre grupos que, durante décadas, protagonizaram um violento conflito. Duas equipes ecumênicas internacionais enviadas pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) estão visitando esses três países, onde permanecerão por duas semanas.

Representantes das igrejas de diferentes países africanos, da América do Norte, da Ásia, do Caribe e do Oriente Médio foram enviados como “Cartas Vivas” para manifestar a solidariedade da comunidade do CMI, que reúne 349 igrejas de todo mundo.

Até o ano de 2010 serão realizadas várias visitas de Cartas Vivas em todo mundo no marco da Década para a Superação da Violência. O objetivo desta iniciativa é preparar a Convocação Ecumênica Internacional pela Paz, agendada para 2011.

Libéria e Serra Leoa foram devastados por guerra civil na década de 90 do século passado. Na Libéria, a paz e a estabilidade foram restabelecidas depois que o presidente e ex-senhor da guerra, Charles Taylor, foi obrigado a renunciar em 2003, e Ellen Johnson-Sirleaf foi eleita chefe do Estado no final de 2005. Na vizinha Serra Leoa, a guerra civil terminou oficialmente em 2002.

O CMI acompanhou de perto a situação de Serra Leoa e da Libéria durante o período da guerra, inteirando-se do sofrimento que afligia a população destes dois países. Depois do término do período de violência, o CMI apoiou igrejas e organizações ecumênicas na tarefa de prestar socorro à população e ajudá-la em sua reabilitação.

Em visita aos dois países da África Ocidental, de 2 a 8 de novembro, a delegação de Cartas Vivas pretende conhecer de perto a maneira como essas duas nações resgatam memórias do período de guerra. A delegação ecumênica está interessada, sobretudo, nas iniciativas pela paz empreendidas pelos conselhos nacionais de igrejas de ambos os países em coordenação com outras comunidades religiosas, especialmente a maioria muçulmana de Serra Leoa.

O programa da delegação ecumênica prevê reuniões com o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, e com representantes governamentais. Também serão realizados encontros com pessoas comprometidas na tarefa de pacificação, a exemplo de um centro de Kenema, localizado ao leste do país, onde crianças que viveram na rua depois da guerra recebem apoio do Conselho de Igrejas de Serra Leoa.

A delegação ecumênica que visitará o continente africano é liderada pelo bispo presidente da Igreja Metodista de Gana, Robert Aboagye-Mensah. A pastora norte-americana da Convenção Nacional Batista, Angélique Walker-Smith, a diretora de Planejamento e Integração do CMI, Dra. Aruna Gnanadason, a representante da Igreja Presbiteriana do Paquistão, Anam Gill, e o representante das Igrejas Africanas Independestes no Quênia, James Macharia, também integram a comitiva.

A visita de Cartas Vivas a África do Sul, de 5 a 12 de novembro, tem particular importância por causa do papel desempenhado pelas igrejas do país e seu Conselho Nacional para vencer a violência da ideologia e do sistema do “apartheid”. Desde a realização das primeiras eleições livres e democráticas, em 1994, as igrejas empreendem esforços em favor da paz, da justiça e da reconciliação.

A África do Sul serviu de inspiração ao programa do CMI que deu origem à Década para Superação da Violência. Os nomes de lugares nas províncias de Gauteng (Soweto, Alexandra Township) e de Kwazulu Natal (Durban e Pretoria), que serão visitados pela equipe de Cartas Vivas, trazem à memória sua luta histórica por uma sociedade justa e pacífica.

Os visitantes ecumênicos estarão reunidos com dirigentes de igrejas e comunidades empenhadas na promoção da justiça e da paz, como é o caso da organização “Love in Action”, de Mabopane, Pretória – um centro que atende pessoas marginalizadas e que oferece formação a meninos de rua e presos.

A delegação ecumênica que visita a África do Sul é liderada pelo diretor da Comissão de Fé e Constituição do CMI, Dr. John Gibaut. A pastora da Igreja Episcopal Metodista Africana, Suzanne Matale, a pastora da Igreja Unidas do Canadá, Carol Hancock, o pastor da Igreja Unida da Jamaica e Ilhas Cayman, Norbert Stephens, o representante da Igreja Ortodoxa Grega, Andraous Jahsan, e o secretário geral da Federação Universal de Movimentos Estudantis Cristãos, pastor Michael Wallace, completam o grupo.

A organização das visitas está a cargo do Conselho de Igrejas da Libéria, do Conselho de Igrejas de Serra Leoa e do Conselho de Igrejas da África do Sul.

Fonte: ALC

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