Policiais e, até mesmo, soldados iranianos têm uma nova tarefa: aconselhar e deter durante algum tempo as mulheres iranianas que se vestem ao estilo ocidental ou que não usam o véu islâmico obrigatório no país.

A medida se trata de uma “luta contra o mau véu”, como a agência estatal iraniana de notícias, “Irna”, caracterizou e o objetivo é obrigar as iranianas a seguir ao pé da letra as ordens do regime xiita do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad.

O denominado “plano para a luta contra o mau véu” era aplicado no passado, mas só durante os meses de verão, nos quais o insuportável calor obrigava as mulheres a tirar de forma parcial o véu ou o “xador”, vestimenta que cobre todo o corpo da mulher desde a cabeça até os pés.

A partir deste ano “será uma luta permanente”, afirmou a fonte.

Na aplicação do plano, participam também agentes do corpo dos Guardiões da Revolução Islâmica e das milícias paramilitares dos “basiyies” que, como primeira medida, “aconselharão” as mulheres” que não usam o véu tal como exigem as normas impostas no Irã.

Se as regras forem desrespeitadas, o segundo passo seria levar as “rebeldes” à delegacia, onde permanecerão até que um homem da família – o pai ou o marido – obrigue as mulheres a utilizar o véu de forma correta.

As autoridades não disseram, no entanto, como seriam castigadas as mulheres que, apesar de as pressões, insistam em se vestir ao estilo ocidental.

Em casos semelhantes ocorridos anos atrás, as “rebeldes” eram castigadas com dezenas de chicotadas.

Em uma tentativa de justificar as medidas, as autoridades iranianas alegam que 85% dos casos de agressão contra as mulheres nas ruas do país se devem àquelas que “não usam o véu como é devido”.

A partir de hoje está proibido o uso de calças curtas ou saias estreitas e curtas, assim como os lenços pequenos que deixam de fora parte do cabelo da mulher.

Ahmadinejad rejeitou, durante a campanha eleitoral para o pleito que o levou ao poder em 2005, as afirmações de seus rivais que ia limitar as poucas liberdades conseguidas pelas mulheres durante o mandato de seu antecessor, o reformista Mohammad Khatami.

As autoridades iranianas negaram as acusações contra o regime de Teerã por violar os direitos da mulher, e afirmam que mais de 70% dos estudantes no país são mulheres, que as mulheres não estão obrigadas a ficar em casa e que trabalham da mesma forma que os homens.

Fonte: EFE

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